Festa de Pentecostes II
Introdução
As festas do Senhor têm uma cronologia com significados profundos. Muito mais do que simples festas, o Senhor Deus colocou em cada uma delas fatos relevantes que conectam a Primeira à Segunda Aliança, como poderá ser observado no transcorrer deste estudo.
A festa de Pentecostes é uma das festas muito importante, pois nela é comemorado “grandes acontecimentos”, sendo que o Primeiro deles mudou a vida do povo escolhido por Deus e de toda humanidade. Neste dia foi concedida a Lei de Deus ao povo escolhido, os Israelitas. Este Código divino, conhecido como Tora, veio guiar não só os israelitas, mas toda o homem que quer se salvar, pois é um Código de ética e valores que teve o seu fundamento no criador do Universo, Deus. A festa não foi concebida com este nome, quando instituída por Deus, mas teve vários nomes no decorrer dos tempos.
1. Como e quando Deus ordenou a Festa do Pentecostes
Deus ordenou a festa a Moisés, no Monte Sinai, quando fez o segundo concerto com o povo de Israel e lhes deu sua Lei, para que fosse guardada na terra da promessa. Quando este fato aconteceu, Deus exigiu de Israel atenção para ouvi-la (Êxodo 19:1-25, 24:1-15; Levítico 23:4,10-12).
Exigiu a santificação do povo por três dias não só para ouvi-la, mas para recebê-la das mãos de Moisés. Deus ordenou ao povo que não ultrapassasse os limites no monte onde estavam acampados, pois a presença de Deus poderia matar quem assim o fizesse, fosse humano ou animal (Êxodo 19:9-23). Depois de 40 (quarenta) anos de peregrinação no deserto, o dia tornou-se a festa das primícias, e teve sua primeira celebração no ano em que Israel entrou na terra prometida, época em que o maná cessou de cair (Levítico 23:9-16; Josué 5:10-12). Deus mandou Israel lembrar-se desse dia como eterno (Deuteronômio 4:8-15; Hebreus 12:18-23).
Deus havia ordenado aos Israelitas que ao entrarem na terra prometida, não comessem dos seus frutos sem que os primeiros frutos fossem levadas ao Sacerdote (Números 18:8-32; Neemias 10:35-39), assim foi feito quando na entrada da terra prometida.
2. Dos nomes da Festa no transcorrer do tempo
Pentecostes não é o único nome da segunda festa do antigo calendário bíblico, na Primeira Aliança, essa festa é referida com vários nomes no transcorrer da história:
2.1. Festa da Colheita ou Sega
Esta festa é celebrada cinquenta dias após a Páscoa e o início de sua contagem é marcado pela colheita do trigo e cevada, por isso a festa ganhou esse segundo nome. Provavelmente, Festa da Colheita é o nome original como podemos constatar no livro de Êxodo 23:16: “E a festa da sega dos primeiros frutos do teu trabalho, que houveres semeado no campo, e a festa da colheita, à saída do ano, quando tiveres colhido do campo o teu trabalho”.
2.2. Festa das Semanas
O livro de Deuteronômio, mais precisamente na referência 16:10, denomina o Pentecoste como Shavuot ou Chag há-Shavuot, cuja tradução é: “Festa das Semanas”[1]. Esse designativo está relacionado ao período de sete semanas que os judeus deviam esperar para, posteriormente, observarem a comemoração[2]. O início da festa se dá cinquenta dias depois da Páscoa; o encerramento acontecia com a colheita do trigo (Deuteronômio 16:9-10,16; Números 28:26).
A Bíblia nos diz que no dia seguinte à Páscoa, era cortado o primeiro molho do trigo, era levado ao sacerdote, que o movia na presença do Senhor Deus. Tratava-se da Primícias da colheita; após esse dia, começava a contagem de sete semanas, ou seja, cinquenta dias para celebração de Pentecostes (Levítico 23:9-14; Josué 5: 10-12; Deuteronômio 16:9-10: “Sete semanas contarás; desde que a foice começar na seara iniciarás a contar as sete semanas. Depois celebrarás a festa das semanas ao Senhor teu Deus; o que deres será oferta voluntária da tua mão, segundo o Senhor teu Deus te houver abençoado”).
2.3. Dia das Primícias dos Frutos
Este nome é muito pertinente uma vez que era o dia da entrega das primícias: uma oferta voluntária a Deus dos primeiros frutos da terra colhidos naquela sega (Números 28:26): “Semelhantemente, tereis santa convocação no dia das primícias, quando oferecerdes oferta nova de alimentos ao Senhor, segundo as vossas semanas; nenhum trabalho servil fareis”.
Provavelmente, a oferta das primícias acontecia em cada uma das três tradicionais festas do antigo calendário bíblico, mas era nesta festa a entrega das mesmas por ordem de Deus. O primeiro molho do corte da colheita (no dia seguinte à Páscoa) era simbolicamente a primícia, mas a celebração do Dia de Pentecostes se dava no término da colheita, levando a Deus todas as primícias daquilo que Ele os havia abençoado (Deuteronômio 16:10-14; Levítico 23:15-16).
Era um dia de festa e comemoração, pois neste dia reconhecia-se que Deus é o dono de tudo e que a lembrança dele em primeiro lugar era um sinal de reverência.
2.4. Festa de Pentecostes
O termo “Pentecostes” se originou a partir do grego pentēkostḗ, que significa “quinquagésimo”[3]. As razões deste novo nome são várias: Nos últimos trezentos anos do período do Antigo Testamento, os gregos assumiram o controle do mundo, impondo sua língua, que se tornou muito popular entre os judeus. Os nomes hebraicos – hag haqasir e hag xabu´ot, perderam a sua atualidade e foram substituídos pela denominação Pentecostes, que como vimos, tem significado de cinquenta e a festa acontecia 50 (cinquenta) dias após a Páscoa. Como o Império Grego assumiu o controle do mundo em 331 anos antes de Jesus, é provável que o nome Pentecostes tenha ganhado popularidade a partir desse período[4].
3. Quais são os eventos comemorados no dia de Pentecostes
Muitos acontecimentos ocorreram neste dia tanto na Primeira, quanto na Segunda Aliança. Os fatos ocorridos que serão aqui expostos fizeram desta festa um grande acontecimento, tanto que ela está entre as festas de cunho perpétuo. Vamos mencionar pela ordem o que se comemora neste dia.
3.1. Revelação da Palavra: O dia que Deus deu a sua Lei ao povo
O Pentecostes celebra a revelação da Palavra de Deus ao povo de Israel 50 (cinquenta) dias depois da libertação do povo Judeu do domínio de Faraó. Deus ordenou a Moisés, no Monte Sinai, quando fez o segundo concerto com o povo de Israel e lhes deu Sua Lei, para que esta data fosse guardada na terra da promessa (Êxodo 19:1-25). Deus exigiu de Israel atenção para ouvi-la (Êxodo 19:1-24, 24:1-15; Levítico 23:11-14).
Neste dia, o povo de Israel pode sentir o poder de Deus ao pé do Monte enquanto Ele transmitia a Sua Lei a Moisés. Além dos dez mandamentos, Deus deu-lhes leis, estatutos e juízos, ou seja, deu-lhes a “Torá”, o Código de valores que os guiaria, e que deviam obedecer sempre, para que fossem felizes na terra que iriam entrar. A Torá é a instrução divina por excelência, ou seja, é o Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia). Provavelmente, a festa de Pentecostes, descrita em Atos dos Apóstolos 2, celebrava a doação da Torá. A manifestação do Espírito Santo está diretamente relacionada ao estudo da Torá[5].
3.2. Festa das Primícias (Levítico 23:9-21)
As primícias significam o reconhecimento de Deus sobre todas as coisas como dono do mundo. Nesta data também se comemora a festa das Primícias, ou seja, Deus ordenou que no primeiro dia da contagem para a festa do Pentecostes, dia seguinte à Páscoa, que o primeiro molho da colheita de cereal devia ser levado ao sacerdote, que ritualmente movia o molho perante o Senhor para que Israel fosse aceito (Levítico 23:10-15).
Ordenou Deus que a partir do dia seguinte ao sábado (da Páscoa), o dia em que o povo oferecia o primeiro molho das primícias, deviam contar sete semanas completas e, no dia seguinte ao sétimo sábado, deviam apresentar as primícias do cereal novo ao Senhor. Depois de trazer as primícias, poderiam comer dos frutos da terra daquele ano. Deus determinou que este fosse um estatuto perpétuo para gerações, onde quer que morassem (Levítico 23:22, Êxodo 34:22-26).
Pode-se perguntar o porquê de todo este ritual e o porquê dos primeiros frutos? A resposta é simples: Deus é o dono do mundo e concedeu a terra ao homem para que morasse, cultivasse ou para qualquer outro fim, mas estabeleceu que o homem se lembrasse dele em primeiro lugar.
As primícias não têm um valor estabelecido, mas a orientação bíblica é que se dê o primeiro daquilo que foi a benção de Deus no mês ou no ano, dependendo da forma e periodicidade que se recebe (ex. o salário, a colheita, etc..). Veja que não se trata do bem material em si, mas do ato de lembrar que Deus nos dá tudo e ele deve ser o primeiro em tudo.
Os israelitas eram agricultores, pastores, logo traziam o melhor dos primeiros frutos colhidos, ou do rebanho se fosse animal. Deus estabeleceu na Torá em diversos lugares a necessidade de tê-lo como prioridade e também Jesus reafirmou isto na sua passagem na terra. Provérbios 3:9-10 diz: “Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares”.
Ao mencionar a necessidade de darmos honra ao Senhor com nossas finanças, a Palavra do Senhor fala sobre os nossos bens e sobre as primícias da nossa renda. Não se trata apenas de honrá-Lo com os nossos bens, nem tampouco de honrá-Lo apenas com a nossa renda, e sim com as primícias desta renda
Deus não instituiu as ofertas por precisar delas, mas para provar o nosso coração numa das áreas em que demonstramos um grande apego. Com a Lei das Primícias não é diferente. Deus não precisa dos primeiros frutos. Nós é que precisamos dele em primeiro lugar em nossas vidas, e este é um excelente exercício para mantermos o nosso coração consciente disto. Entregar ao Senhor as primícias da nossa renda é dar-Lhe honra, é priorizá-lo, é demonstrar o lugar especial que Ele ocupa em nossa vida. Deus quer ser o Primeiro em nossa existência.
Trazendo para o tempo presente, hoje a maior parte das pessoas são assalariadas, assim, aquele que quer andar em consonância com a Palavra de Deus, deve ofertar a Deus, antes de qualquer uso pessoal, a sua primícia, como reconhecimento do Criador, que, além de dono do mundo, é aquele que dá a vida, o trabalho, a saúde e tudo aquilo que temos. As primícias são apenas um “simbolismo” do reconhecimento de Deus em primeiro lugar na vida do homem, como já explanamos acima ela não tem um valor determinado.
3.3. A Benção das Primícias
Quando o povo de Israel trazia as Primícias, Deus abençoava as lavouras garantindo uma ótima colheita. Porém, quando eles deixavam de honrar a Deus com suas primícias as lavouras eram atacadas pela praga dos gafanhotos.
Joel 1:4: “O que a locusta cortadora deixou, a voadora o comeu; e o que a voadora deixou, a devoradora o comeu; e o que a devoradora deixou, a destruidora o comeu”
O povo entregava as primícias nas mãos do sacerdote, que os abençoava e Deus garantia a fatura da próxima colheita.
Ezequiel 44:30: “Igualmente as primícias de todos os primeiros frutos de tudo, e toda oblação de tudo, de todas as vossas oblações, serão para os sacerdotes; também as primeiras das vossas massas dareis ao sacerdote, para fazer repousar uma bênção sobre a vossa casa.”
Malaquias 3:11: “E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos”.
Deus faz uma promessa com aqueles eu lhe obedecem na parte material: conceder muitas bênçãos. Mas note que isto não é uma barganha com Deus, pois Ele não precisa do homem, mas sim o homem depende dele em tudo. Deus reconhece aquele que lhe honra em primeiro lugar, e concede bênçãos que se resumem em tudo que o homem precisa quer material ou espiritualmente (Malaquias 3:8-12).
Joel 2:24: “E as eiras se encherão de trigo, e os lagares trasbordarão de mosto e de azeite. Assim vos restituirei os anos que foram consumidos pela locusta voadora, a devoradora, a destruidora e a cortadora, o meu grande exército que enviei contra vós“.
3.4. O dia em que a Lei era ensinada ao povo
O dia de Pentecostes era um dia especial em que era reafirmada a lei dada por Deus a Moisés. Neste dia, a Lei era lida à Israel com o propósito de que não se esquecesse dela e da Aliança com Deus. Fazia-se neste dia a leitura da Lei reafirmando os votos feitos a Deus de que iriam guardá-la para sempre. A nossa comemoração é importante, mas a sua observância é mais ainda e, por isso, a nossa vigilância quanto à Lei de Deus deve ser diária, pois a desobediência da lei em um só ponto nos faz culpado de todos (Tiago 2:10). A Lei de Deus é luz na escuridão, é força no momento da luta, e escudo em todas as situações (Salmos 16:8;18:2,21-24, 25:12-14).
3.5. Derramamento do Espírito Santo
No dia de Pentecostes, houve o cumprimento da promessa feita por Jesus do derramamento do Espírito Santo, que foi a coroação do ministério dos Apóstolos. Jesus disse em Atos 1:4-8: “Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu Pai, da qual lhes falei. Pois João batizou com água, mas dentro de poucos dias vocês serão batizados com o Espírito Santo (…) Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”.
Jesus, durante o seu ministério, declarou: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo quanto vos tenho dito” (João 14:26).
A descida do Espirito Santo no dia de Pentecostes foi um marco na vida da igreja da Segunda Aliança. Com o derramamento do Espírito, os apóstolos começaram a falar línguas estranhas. Esse mover do poder de Deus deu-se através de sinais visíveis: vento impetuoso, línguas repartidas “como que de fogo” e o falar de línguas estranhas, que agitou a Igreja pelo poder do Espírito Santo, para anúncio do Seu reino (Lucas 24:46-49; João 14:26, 16:13-14; Atos 1:7-8, 2:1-4,14-26).
Este foi um dia muito especial na vida da comunidade gentílica, porque aqueles estrangeiros que ali estavam e que ouviam falar na sua própria língua, ficaram atônitos, os ouviam falar das maravilhas de Deus, cada um na sua própria língua materna, e muitos se converteram. Três mil almas passaram pelas águas do batismo, podendo-se dizer que a aceitação do evangelho de Cristo em massa pelos gentios teve início neste dia.
O dia do Pentecostes já apontava, na Primeira Aliança, a Igreja dos Primogênitos, registrada no céu por Cristo, como cabeça, tendo, pelo poder do Espírito Santo, a sua continuidade na Segunda Aliança, através dos Apóstolos (Êxodo 3:1-22, 4:1-16, 23:20-23; Isaías 44:3-5; 63:7-10; Daniel 7:13-14; Joel 2:28-32; João 5:45; I Coríntios 10:4-5).
3.6. Dia em que Cristo subiu ao céu assentou-se a direita de Deus
Este também foi o dia em Cristo entrou no seu Reino, sentou em seu trono para reinar eternamente, assentando-se junto ao Pai, Ele teve o domínio de seu reino no céu, tendo sido coroado por sua vitória, apresentando a Igreja como sua esposa, dando à luz filhos para Deus. A Igreja foi recebida por Cristo para Deus, como primícia, para a glória do seu nome. Este dia foi o sinal da apoteose da Igreja, foi o marco imutável da exaltação e glorificação de Cristo (Salmos 21:3-5;Daniel 7:13-14; Lucas 1:31-33, Marcos 16:19; João 7:38-39; Atos 2:30-36; Filipenses 2:9-11; Tiago 1:17-18 Hebreus 2:9; Apocalipse 3:7,21; 5:9-14, 11: 14-15, 12:10)
A Igreja da Nova Aliança é representada como a Rainha, a Virgem e Esposa do Cordeiro. Esta igreja foi edificada por Deus na coluna da verdade (Salmos 45:9-17; Cantares 1:8, 2:9,14-16; Apocalipse 19:7,21:9-12; Mateus 16:18-19; Efésios 5:25-27; I Timóteo 3:14-16).
4. Fundamento Bíblico para comemoração da festa de Pentecostes
A pergunta que muitos fazem é: se o Pentecostes foi instituído juntamente com as Leis ao povo judeu, por que deve ser comemorado hoje pelos gentios? Onde está o fundamento para a sua celebração hoje?
O seu fundamento como mandamento está contido nos livros da Tora (cinco primeiros livros da Bíblia) (Êxodo 23:14-17, 34:18-23; Levítico 23:15-21; Deuteronômio 16:9-12). Foi ordenado por Deus a Moisés, no Monte Sinai, quando fez o segundo concerto com o povo de Israel e lhes deu Sua Lei, para que fosse guardado na terra da promessa (Êxodo 19:1-25, 24:1-15).
Deus determinou três grandes dias em que todos deviam comparecer na presença Dele, sendo que um desses era a festa do Pentecostes.
Êxodo 34:22-26: “Três vezes por ano vocês me celebrarão festa. (…) Celebrem a festa da colheita dos primeiros frutos do seu trabalho de semeadura”.
Levítico 23:4, 9,21: “Celebrem a festa do encerramento da colheita, quando, no final do ano, vocês armazenarem as colheitas (…) Três vezes por ano todos os homens devem comparecer diante do Senhor soberano”.
Esta festa é estatuto perpétuo para todas as gerações, como já explanado, pois a Lei não foi dada somente para os judeus. Portanto, não se trata de uma comemoração judaica, mas sim de todos aqueles que aceitam as Escrituras como a Palavra de Deus, se fazendo judeus pela fé (Romanos 2:28-29).
As normas contidas na Torá devem se fazer presente na vida de todo aquele que quer servir a Jesus e que deseja a sua salvação. Ele não veio salvar os judeus somente, mas a todo que o aceitar, seja ele judeu ou gentio. Portanto, aquele que não professa e guarda da Lei de Deus explicitada na Torá não é digno de dizer que Cristo o libertou.
Cristo é a graça, e se faz presente na vida daquele que guarda os seus Mandamentos. Há um vínculo indissociável entre a graça e a Lei. A graça não pode existir sem a Lei e vice-versa; ambas estão interligadas e se completam, são elos inseparáveis. Se na graça que é Cristo, temos a oportunidade de ter nossos pecados perdoados através do nosso arrependimento, isto não nos isenta de guardar a lei (as instruções da Torá), pois a Lei defini o que é o pecado e não estamos livres dele, pois somos pecadores por natureza (I João 1:8). A Lei nos serve de “bússola” nos guiando seguramente a nossa meta final, a salvação das nossas almas juntamente com a fé em Cristo Jesus. Ele não veio abolir a Lei (Torá), mas veio cumpri-la aperfeiçoando a sua aplicabilidade (Mateus 5:17-19).
O Pentecostes foi guardado pelos Apóstolos depois que Jesus subiu aos céus. Paulo cita em suas viagens a guarda desse dia (Atos 2:1-4, 20:16). É um dia especial, de santa convocação, onde todos devem comparecer na presença de Deus (Levítico 23:4,10-14; Números 28:25-26; Deuteronômio 16:9-10,17; Atos 2:1-13, 20:16; I Coríntios 16:8).
5. A simbologia da festa de Pentecostes e a sua representação para a Nova Aliança
Muitos fatos da Primeira Aliança que ocorreram no dia de Pentecostes, tinham uma simbologia presente para a Segunda Aliança.
5.1. No dia que se iniciava a contagem do Pentecostes, o sacerdote recebia o molho das primícias levadas pelo povo, este o agitava diante de Deus no altar do santuário, como oferta para que Israel fosse aceito por Deus como primícia tirada da terra do Egito para obedecer a sua Lei (Êxodo 19:1-24; Levítico 23:9-13; Atos 2:1-4).
A oferta das primícias apresentada pelo sacerdote no passado, agitada no dia de Pentecostes, na Primeira Aliança, era simbologia da igreja sendo agitada, na Nova Aliança, pelo poder do Espírito Santo (Levítico 23:9-14; Jeremias 2:3; Tiago 1:18).
5.2 Com as primícias, eram oferecidos dois pães de trigo com fermento que simbolizavam Israel crescendo como primícias para Deus (Levítico23:9-21; Deuteronômio 4:8-15; Hebreus 12:18-29). Também neste dia o sacerdote ensinava a Lei de Deus ao povo. Os doze pães de farinha de trigo com fermento, que eram colocados em ordem na mesa do altar, simbolizavam as doze tribos de Israel diante de Deus (Levítico 24:5-9).
Havia sete castiçais de ouro que iluminavam o altar. Estes eram símbolos dos sete espíritos de Deus iluminando a Igreja de Deus em cada uma de suas fases (Números 8:2-4:19-20; Isaías 63:10-14; João 14:16-17; Apocalipse 4:4-5).
Os doze tronos ali existentes são as doze tribos da Igreja de Israel da Primeira Aliança, bem como os doze apóstolos da Segunda aliança que no juízo final julgarão a grande multidão (Daniel 7:9-22; Lucas 22:28-30; Apocalipse 7:9-17).
5.3 Na saída dos Israelitas do Egito na Primeira Aliança, a Igreja recebeu simbolicamente o batismo nas águas pela passagem no mar vermelho, assim como o fogo e a nuvem que guiaram os Israelitas representou o batismo com o Espírito Santo (I Coríntios 10:1-4). O Anjo que guiava os Israelitas pelo deserto era Cristo, para que obedecessem a Lei de Deus (Êxodo 3:15, 14:19; Números 20:16; I Coríntios 10:4-9).
O dia do Pentecostes já apontava, na velha aliança, a Igreja dos Primogênitos, registrada no céu por Cristo como cabeça, tendo, pelo derramamento do poder do Espírito Santo, a sua continuidade na Segunda Aliança através dos apóstolos (Êxodo 3:1-22, 4:1-16, 23:20-23; Isaías 44:3-5; 63:7-10; Daniel 7:13-14; Joel 2:28-32; Zacarias 10:1; João 5:45; I Coríntios 10:4-5).
6. Da cerimônia Da festa de Pentecostes[6]
Na Primeira Aliança, vemos nitidamente como a cerimônia do Pentecostes acontecia. Enquanto a Páscoa era uma festa doméstica, a Festa da Semanas ou Pentecostes era uma celebração agrícola, originalmente, realizada no campo, no lugar onde se cultivava o trigo e a cevada, entre outros produtos agrícolas. Posteriormente, essa celebração foi levada para o lugar de culto, particularmente, o Templo de Jerusalém. Os muitos relatos bíblicos não revelam, com clareza, a ordem do culto, mas pelas passagens é possível inferirmos como era realizado.
A cerimônia começava quando a colheita se iniciava na seara. O primeiro molho era levado ao sacerdote que o movia na presença de Deus (Deuteronômio 16:9). É bom lembrar que era respeitada a recomendação de que os pobres e estrangeiros tinham o direito de respigar os campos (Levítico 23:22; Deuteronômio 16:11). A cerimônia prosseguia com a peregrinação para o local de culto em Jerusalém (Êxodo 23:17).
O terceiro momento da festa era a reunião de todo o povo trabalhador com suas famílias, amigos e os estrangeiros (Deuteronômio 16:11). Havia neste dia “Santa Convocação”, significando que ninguém podia trabalhar, pois este dia era considerado um sábado solene de alegria e ação de graças pelas bênçãos, proteção e cuidado de Deus (Levítico 23:21).
No local da cerimônia, o feixe de trigo ou cevada era apresentado como oferta a Deus, o dono do mundo, o Doador da terra e a Fonte de todo bem (Levítico 23:11).
Os povos alimentavam-se de parte das ofertas trazidas pelos agricultores. As sete semanas de festa incluíam outros objetivos, além da ação de graças pelos dons da terra: reforçar a memória da libertação da escravidão no Egito e o cuidado com a obediência aos estatutos divinos (Deuteronômio 16:12). Era proibido ingerir ou comercializar qualquer produto da colheita antes que trouxessem as primícias ao sacerdote, que as apresentava a Deus, o que ocorria no dia seguinte ao da Páscoa (Levítico 23:14).
7. Características da celebração da Festa de Pentecostes
A Festa das Colheitas era alegre e solene; a celebração era dedicada a Deus (Deuteronômio 16:10). Era uma festa aberta para todos os agricultores e seus familiares, os pobres, os levitas e os estrangeiros (Deuteronômio 16:11). Enfim, todo o povo se apresentava diante de Deus, reconhecia e reafirmava o compromisso de fraternidade e a responsabilidade em promover os laços comunitários, além do povo hebreu[7].
A Festa de Pentecostes na Primeira Aliança não era uma festa comum, mas a cerimônia buscava reafirmar e aprofundar o sentido da fé em Jeová, o Deus Criador e Libertador, dono do mundo e venerá-lo pelas bênçãos recebidas Dele. Neste dia, ninguém podia comparecer na festa de mãos vazias, cada um devia expressar sua gratidão através das dádivas trazidas, segundo as bênçãos recebidas do Eterno (Deuteronômio 16:16).
8. Aprender a repartir os dons de Deus
Primitivamente, o povo bíblico convivia com as leis divinas de modo feliz, sem lhes causar sofrimento. Por exemplo, a festa das Colheitas ensinou a comunidade de trabalhadores do campo que se deveria entregar o excedente de sua produção agrícola para Jeová, a fim de que essa oferta fosse seja compartilhada com os menos favorecidos (Levítico 25:6-7, 21-22).
A pedagogia dessa lei possui uma profunda sabedoria, pois tem como alvo educar o povo dentro dos princípios da solidariedade e igualdade social. A repartição das riquezas não é uma criação humana, mas foi uma determinação divina dada ao povo escolhido, que se estende a toda humanidade…
Infelizmente no mundo atual, as pessoas estão longe de praticar um dos sentidos desta festa: muitos são amantes de si mesmo e vemos uma desigualdade sem precedentes. Tudo evoluiu, a ciência o conhecimento entre tantas coisas, mas a fraternidade se torna restrita e não universal, o que não é o propósito de Deus para os seres humanos. Repartir com o semelhante e reconhecer que nada é nosso e que tudo provém Dele é dom de Deus. Não podemos nos amesquinhar em face do nosso semelhante necessitado (Deuteronômio 15:11; Lucas 6:38, 3:10-11; Mateus 5:42.; I João3:17).
9. Conclusão
A festa de Pentecostes, como já afirmado, é uma das festas muito importante, pois muitos acontecimentos se deram nesse dia. Deus escolheu este dia para dar a Sua Lei (Torá), e ensinou os povos da Primeira Aliança que deviam guardá-la com fidelidade. Mostrou que a festa devia ser para todos os estrangeiros, independente de quem fosse deviam ser acolhidos.
Era um dia estabelecido para a entrega das primícias: Deus mostrou ao seu povo que deviam colocá-lo em primeiro lugar, e que as bênçãos da Primícias seriam grandes mediante a honra a Ele concedida.
Outro fato de grande relevância aconteceu na Segunda Aliança no dia de Pentecostes: a descida do Espirito Santo sobre os Apóstolo. Eles estavam reunidos aguardando esta promessa que Jesus havia feito antes da sua subida ao céu. Esse fato é um marco imutável do início da expansão do Evangelho de Cristo aos gentios. Foi a maior conversão a que as Escrituras remetem, pois houve a aceitação do Evangelho por muitos pelos acontecimentos que ali se deram.
A aceitação de Jesus pelos gentios, colocando-os no plano da salvação, leva a Palavra falada por Deus quando deu os Seus mandamentos ao povo de Israel, pois colocou os estrangeiros (gentios) no pacto da salvação. Aqui é impossível não se lembrar de que o Pentecostes era a Festa da Colheita, algo que tem um significado muito profundo, porque o derramamento do Espírito Santo naquele dia apontou para a “grande colheita de Deus”.
Os presentes, assombrados, se questionavam sobre o significado daquele acontecimento. O Apóstolo Pedro, tomando a palavra, esclareceu aos que ali estavam, que aquele era o cumprimento da promessa feita por Jesus antes da sua subida ao céu, quando ordenou que seus discípulos não saíssem de Jerusalém, até que do alto fossem revestidos de poder (Lucas 24:49). Naquele dia, três mil pessoas foram “colhidas por Deus” e transportadas das trevas para a luz, para o Reino do Filho do seu amor.
O Pentecostes é algo singular na História da Igreja: foi um acontecimento eficaz e definitivo, de modo que nunca houvera nada igual até aquele momento, pois marcou a fase inicial da expansão do Evangelho para os povos.
[1] http://www.icp.com.br/df87materia2.asp
[2] ibidem
[3] https://www.significados.com.br/pentecostes/ Acesso 2018
[4] https://pt.slideshare.net/lucianocampos5680899/estudo-sobre-atos. Acesso 2018
[5] A festa de Pentecostes no Antigo Testamento http://portal.metodista.br/fateo/materiais-de-apoio/estudos-biblicos/a-festa-de-pentecostes-no-antigo-testamento acesso 2018.
[6] Acesso em julho 2018: http://portal.metodista.br/fateo/materiais-de-apoio/estudos-biblicos/a-festa-de-pentecostes-no-antigo-testamento
[7] Estudos Bíblicos: Tércio Machado Siqueira.
PENTECOSTES II (folheto)_watermark-5