INTRODUÇÃO

Esta é a história de um povo.
Somos remanescentes de um povo que há muito tempo caminhou em um deserto em busca de uma terra prometida por Deus a seu antepassado Abraão.
Somos remanescentes de um povo que não confiou nem em carros, nem em cavalos, mas confiou em seu DEUS, guia maior em seus embates internos e externos.
Somos irmãos de fé daqueles homens que acreditaram nos milagres do Altíssimo, que viram o Mar Vermelho se abrir para que fugissem dos egípcios; que viram o sol parar. Somos os restantes dos que viram os pães e peixes multiplicando-se por meio dos milagres de Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus.
Foi de Cristo, nosso Senhor e de Deus, nosso Pai, que recebemos a Palavra: os ensinamentos, as lições e a verdade que pelas Escrituras conhecemos.
Essa é a história de um Povo Remanescente dos Primogênitos.
“Somos um povo que caminha e juntos caminhamos. Assim poderemos alcançar a cidade que não se acaba, sem sofrimentos e sem tristezas, cidade de eternidade. Somos um povo que caminha, que marcha através do mundo, buscando outra cidade. Somos errantes, peregrinos na busca de um destino, destino de unidade. Sempre seremos errantes peregrinos na busca de um destino, destino de unidade. Sempre seremos caminhantes, pois somente caminhando poderemos alcançar uma cidade que não se acaba, sem sofrimentos, sem tristezas, cidade de eternidade.”
E. V. Mateu

Caro internauta,
Em se pensando em história, como começa a história de um povo? Como em toda história. Seria melhor se começássemos com “era uma vez” ou “certa vez”? Bem não interessa a forma, mas a essência.

Havia um homem simples que nasceu em uma pequena cidade chamada Urupês, no interior de São Paulo. Seu nome era José Duarte Filho, e era um homem que peregrinava em busca da verdade. Ele sentia que a doutrina pregada ali naquela Igreja não lhe preenchia e cada vez mais necessidade da verdade ele sentia.

Como bom católico que era, mergulhou em sua busca e confessou 72 (setenta e duas vezes) vezes. Mas, isso não lhe era suficiente. Queria ler, entender, estudar a Bíblia e descobrir as riquezas da Palavra de Deus, coisa esta que lhe era quase improvável, pois havia um costume da religião à qual pertencia de que o acesso e o estudo da Bíblia se restringissem aos líderes, ou seja, aos que estudaram para tanto.

Em 1941, este simples homem recebeu uma grande bênção: ganhou uma Bíblia de um patrão e, finalmente, pôde realizar seu sonho. Mas, esse fato deu um novo rumo a sua vida: tendo o acesso que antes não tinha à Palavra de Deus, ele passou a ter dúvidas e a fazer questionamentos e receber respostas com as quais não se satisfazia.

Havia chegado o tempo de crescer, evoluir e alçar voo rumo a outros portos. José sentia que se ali permanecesse, estaria como que num “quintal da fé”. Era preciso chegar a algum lugar, num Porto alcançado com o ajuda dos bons ventos do Espírito Santo.

Em 1943, José e seus pais e irmãos mudaram-se para a cidade de São Paulo. Já desmotivado com o que encontrara sob a fé em que nascera, ele começou a frequentar uma denominação chamada “Assembleia de Deus”. Depois de algum tempo, ele aceitou o batismo daquela fé, batismo este realizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e também passou a realizar trabalhos evangelísticos para a Igreja, divulgando a Palavra.

Já nesta época, a represália de sua família foi extrema. Inconformada com a escolha religiosa de seu filho, como católica convicta que era, Ludovina, mãe de José, revoltou-se com tudo aquilo.

Então, José passou por mais de uma das provas de fogo de sua vida: deveria escolher entre esse caminho novo ao qual deveria seguir sozinho ou seu quinhão na herança de sua família que lhe seria deixada. Situação difícil era essa, pois o que escolher? Não era um simples embate entre bens materiais corruptíveis e bens espirituais incorruptíveis; era mais que isso: escolher a herança e deixar o caminho era escolher regredir à fé primitiva, esquecer os questionamentos que havia feito e permanecer, comodamente, ao lado de sua família, cultivando os laços que lhe prendiam a ela intensamente.

Já escolher o caminho e deixar a herança era o caminho da liberdade. Era um caminho árduo que trilharia sem sua família a um primeiro momento, mas que o libertaria dos grilhões da obscuridade e o faria chegar mais perto das verdades do Altíssimo.

Essa dúvida o atormentava deveras. Foi quando José decidiu não deixar os caminhos nos quais se embrenhara. Com tal decisão, José traçou seu caminho. “A partir daqui, pegue tuas coisas e se vá embora. Esqueças que um dia te gerei”, foram as palavras da mãe indignada, ferida com a escolha do filho que decidiu não permanecer no que recebera.

Essa decisão abalou seu espírito. Saindo de casa, sem rumo, ainda atormentado com tudo o que lhe sucedera, José vacilou. Para onde ir? O que fazer agora? Pensando nisso, pensou em se jogar de um viaduto e acabar com aquela vida, que lhe fazia sofrer tanto. Mas, seus planos malograram, pois algo lhe impedia de se jogar daquele lugar; algo mais forte que ele, algo maior que existia e guiava sua vida: eram as mãos de Deus lhe impedindo de realizar aquilo que sua mente desesperada arquitetava. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, ecoava em sua cabeça. Naquele momento, então, ele teve certeza de que escolhera o caminho certo. Foi ali que ele teve a confirmação de sua fé e da presença de Deus em sua vida.

Foi, então, que em 1946, retomou à cidade de Urupês/SP e continuou estudando a palavra de Deus, principalmente os Dez Mandamentos. Mas, uma coisa lhe intrigava: o Quarto Mandamento. Dizia ele que o Sétimo Dia deveria ser guardado, não se fazendo nele obra alguma. Isso era algo completamente diverso do que havia escutado ou aprendido até então. Mesmo em sua nova fé, nada havia nesse sentido.

Foi, então, que novos questionamentos começaram a se lançar em seu espírito, ansioso por uma resposta a essa dúvida.

Foi nesta mesma época que começou a trabalhar como barbeiro. Nesse lugar, tinha contato diariamente com uma infinidade de pessoas. Até que um dia, conheceu um senhor chamado Luís Grane, um membro de uma denominação chamada “Igreja Adventista da Promessa”.

Os homens tornaram-se, logo, próximos e José passou a lhe falar de suas dúvidas sobre o Quarto Mandamento. Luís Grane lhe apresentou, então, a doutrina de sua Igreja e lhe ensinou acerca do Sábado: “Lembra-te do dia de Sábado para o santificares. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma obra: nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, nem teu animal, nem teu estrangeiro que está dentro de tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor teu Deus os céus e a terra, o mar e tudo o que nele há e ao sétimo dia descansou, portanto, abençoou o Senhor o dia de Sábado e o santificou”(Êxodo 20).

Aquelas palavras lhe faziam sentido e tamanho foi o seu convencimento que José abraçou aquela nova fé, tomando-se membro da igreja Adventista da Promessa. Para tanto, deixou de ser barbeiro e tornou-se lavrador para poder guardar o Sétimo Dia do Senhor.

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De outro lado dessa história, havia também um escolhido de Deus, cujo nome era Antônio Garcia Heredia. Sua família, residente em São José do Rio Preto/SP, não nasceu na fé, mas veio a conhecê-la por meios dolorosos.

Essa ocasião aconteceu por conta de uma enfermidade que acometeu sua irmã, Maria Catarina, que, depois de desenganada pela medicina dos homens, procurou ajuda espiritual em muitos lugares até que chegou à Igreja Adventista da Promessa e ali se firmou, batizando-se e livrando-se daquela enfermidade que a perseguia.

Em 1948, Maria Catarina e José Duarte, que desde então, havia também abraçado a fé adventista, casaram-se. Depois disso, José Duarte tornou-se diretor daquela congregação e Antônio Garcia, vice-diretor.

Depois de muito tempo estabelecidos e firmados naquela congregação, eles receberam a seguinte exortação pelo Espírito Santo: “Servo, Servo meu, estudai a minha palavra e haverá uma luz maior em vosso meio”.

Esta profecia deixou tanto José, quanto Antônio, muito perturbados.
Chegaram, então, a uma conclusão: aquela profecia só poderia ser a falta de um caixa para obra filantrópica! Resolveram, então, debater o assunto com a autoridade eclesiástica superior.

Após dois meses, a mesma profecia aconteceu, deixando-os novamente preocupados. O que seria esta luz maior?

Naquele mesmo dia, muito preocupado, José Duarte saiu dali, e a caminho de sua casa, parou em um cerrado e ficou pensando, por horas e horas a fio, sem encontrar respostas. Era Sábado. Ele entrou em casa e colocou a Bíblia aberta sobre a mesa, enquanto foi tomar um copo de água.

Deus parecia se manifestar nessas horas, quando as respostas estavam obscurecidas e longínquas… Sempre havia sido assim em sua vida. Pois, quando voltou, sentou-se à mesa e surpreendeu-se com a Bíblia aberta em Mateus 28:19:
“Portanto, ide e ensinai todas as nações, batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

Estaria ali a resposta às suas perguntas? Ou o começo de uma série de outras perguntas? Imediatamente, Ele lembrou-se de Atos 2:38-39: “Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados e recebereis o Dom do Espírito Santo”.

Neste instante, percebeu-se, pela luz do Espírito Santo, que entre as passagens havia uma contradição nítida: uma falava de um batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e outra falava de um batismo em nome de Jesus! Como conciliar esses textos bíblicos, se é que isso seria possível?

Naquele mesmo dia, começou a estudar sobre isso, revelando a Antônio Garcia, seu companheiro, as boas novas. Juntos, começaram a notar novas passagens que confirmavam o batismo em nome de Jesus, mas não o batismo de Mateus 28, que, sem dúvida alguma, mostrava-se como joio no meio daquele trigo.

Fizeram, então, folhetos e os distribuíram naquela congregação, iniciando uma pregação revolucionária, tentando mostrar a todos que aquela era a luz maior que alumiaria aquele meio.

Os maiorais da Igreja, indignados com aquela pregação que lhes parecia sem nexo, ameaçaram-lhes de expulsão da congregação. Deus lhes provava a fé na Palavra e naquela revelação mais uma vez. Não seria aquela ameaça que os deteria de maneira alguma, pois “tudo concorria para o bem daqueles que anunciam as boas novas de Deus”.

Depois de algum tempo, tomando coragem, eles próprios pediram suas demissões dos respectivos cargos. Nascia, assim, a “UNIVERSAL ASSEMBLEIA REMANESCENTE DOS PRIMOGÊNITOS”, inscrita nos céus (Hebreus 12:23), com apenas sete membros : José Duarte, Maria Catarina e Antônio Garcia, acompanhados dos pais de Antônio Garcia e Maria Catarina e seu irmão Pedro Garcia e esposa.

Aquele pequeno povo, que nem templo possuía, começou a congregar em suas próprias casas. E não muito tempo depois tiveram que fazer nova prova de sua fé, já que pregavam o batismo em nome de Jesus com tanta certeza: Deveriam ser novamente batizados? E quem seria batizado primeiro?

Com o trabalho, iniciaram-se as dificuldades e aí uma polêmica que perdurou por quase um ano. Antônio pensava que eles não precisariam ser batizados, enquanto José pensava o oposto.

Logicamente, dessas dificuldades aproveitaram-se os membros da antiga congregação à qual pertenciam para persuadi-los do regresso ao trabalho que deixaram.

Certa feita, reuniram-se em casa dos irmãos, permanecendo em vigília e oração para que Deus lhes mostrasse o caminho a ser seguido e para que Maria Catarina recobrasse sua saúde que estava novamente abalada. À meia-noite, estando em oração, eis que começaram a ouvir um côro maravilhoso, uma música nunca dantes ouvida ou imaginada, como que tocado por anjos, sobre aquele lar…

Eles sabiam que isto não poderia ser obra de ser humano algum, já que estavam em um casebre em um sítio muito distante da cidade mais próxima. Naquela noite, tiveram a confirmação daquela nova fé e a certeza de que aquela luz maior era o batismo.

Certa noite, estando José deitado a meditar, vislumbrou uma maravilhosa visão: um anjo tão lindo e resplandecente, que ele sequer conseguia ver-lhe a face, e que o fez tremer. Este anjo dizia-lhe: “Servo, servo meu, segue o teu ministério que esta tua mensagem já começou em Jerusalém”.

José estava certo daquela missão para a qual nascera e também estava certo de que Deus havia levantado aquele povo, mas, estando ainda tímido e receoso, deixou que o tempo passasse. Novamente, a visão lhe apareceu com Cristo trazendo a Bíblia aberta em Apocalipse 14, e lhe dizendo: “Servo, servo meu vai que eu já te enviei”.

Depois de todas aquelas ordens, depois de tudo o que ele havia passado e visto pelo poder de Deus, decidiu que não poderia ficar parado: deveria agir e deveria começar pela polêmica da ordem de batismo. Foi, então, em meados de 1950, que oito pessoas foram batizadas: José Duarte, Maria Catarina, Antônio Garcia, os pais de Maria Catarina e Antônio Garcia, bem como seu irmão Pedro Garcia e sua esposa, além de um senhor chamado Crescêncio. E eles sabiam que o trabalho não pararia ali.

Conscientes de sua missão para com o mundo, pregavam aquela mensagem para aqueles a quem tinham oportunidade.

Iniciado o trabalho em Urupês, com a pregação para seu cunhado José Guanieri e sua família, logo este trabalho alcançou a cidade de São José do Rio Preto/SP, através de Crescêncio e sua esposa e, a de Irapuã/SP, convertendo os irmãos Joaquim e Antonia. E dali, para Palestina, Guargamó, Fenandópolis, Três Fronteiras, assim chegando em Minas Gerais…

José e Antônio sabiam que precisavam dedicar-se ao Evangelho; por isso, muitas vezes, para muitas viagens missionárias partiram. E assim, esse ministério foi sendo organizado e a IGREJA REMANESCENTE DUALISTA DOS PRIMOGÊNITOS, igreja erigida por Deus, foi sendo construída. . . .

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Enfim, essa é a história de um povo… Um ministério iniciado através de uma busca constante, revelado por Deus aos seus no sofrimento, alcançando lugares que nunca se esperava alcançar. . .

Essa é a história de um povo, cuja bondade faz brotar lágrimas dos olhos de muitos. Esse é um povo que reúne em seu meio servos de Deus, que, por amor a Ele, já chegaram a arrancar janelas de sua casa para colocar em templo que estava sendo edificado… Um povo, cuja fé e a dedicação aos estudos da Palavra faz com que seu assunto seja Deus e suas grandes obras; um povo que já viu em seus meios grandes milagres…

Certamente, Deus levantou o seus servos José e Antônio e muitos outros personagens reais para seu trabalho e os edifica até o presente momento para que obra cresça e o trabalho frutifique. E espera alcançar muitos outros, em nome de Jesus. . .

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