10 – As festas comemorativas da Páscoa, Pão Asmo e repetição da Páscoa
10.1. Cremos na festa da Páscoa como estatuto perpétuo determinado por Deus. É o segundo concerto que Deus fez com seu povo (Êxodo 6:1-8, 12:3-51), como anúncio da morte dos primogênitos e como sinal da Nova Aliança (Êxodo 12:1-3,14,24,25, 13:6-16; Levítico 23:4-8; Números 9:1-5; Deuteronômio 16:1-8).
Jesus também a celebrou na Nova Aliança, em anúncio a sua morte (Mateus 26:17,26-28; Lucas 22:7-20). Os apóstolos continuaram a celebrá-la em comemoração a morte de Cristo.
A comemoração da Páscoa, na Nova Aliança, é ato anual (Êxodo 13:10; Números 9:3; Atos 20:6; I Coríntios 5:7-8) e solene (Números 9:13; Deuteronômio 16:2-6; João 6:53-56; I Coríntios 11:20-29) e deve ser realizada com santa convocação de toda congregação, na data e horário especificado pela palavra de Deus, com a presença e participação de todos os batizados da Igreja (Êxodo 13:10; Números 9:3; Atos 20:6; I Coríntios 5:7-8) no cerimonial de pães asmos e vinho, que representam o corpo e o sangue de Cristo na Nova Aliança. Em ato contínuo, tem-se também o cerimonial do lava-pés, que simboliza a humildade de uns para com os outros, como Cristo demonstrou para com os discípulos, ensinando-nos que todo aquele que assim não o fizer, não tem parte com Ele (João 13:4-17).
10.1.1. A data da sua celebração é no dia 14 do primeiro mês do ano, mês de Abibe (Abril), do calendário lunar dado por Deus (Êxodo 12:1-14,27; Levítico 23:5; Números 9:3).
A contagem deste dia inicia-se no primeiro dia da lua nova, visível no firmamento, do mês de abril e termina aos 14 dias, com o primeiro dia da lua cheia (*). No primeiro e no segundo dia, dependendo horário da saída da lua nova, marcado pelo calendário gregoriano, a lua não aparece no firmamento, sendo invisível a olho nu (é o que se chama de fase branca), razão pela qual não é feita a contagem desse período. Somente após o aparecimento visível da lua se inicia a contagem dos 14 (quatorze) dias.
Os dias devem ser contados com 24 (vinte e quatro) horas, e não dias nominais, ou seja, a partir do início da contagem, deve haver 14 dias de 24 (vinte e quatro) horas, que terminará sempre no primeiro dia da lua cheia, ou seja, a Páscoa será sempre no primeiro dia da Lua cheia do calendário lunar (**).
O calendário cristão é regido pelo sol e pela lua, sendo um sinal eterno do povo de Deus (Êxodo 12:1-31,40-42, 13:8,10-16; Levítico 23:4-8; Números 9:1-5; Deuteronômio 16:1-8; Salmos 81:3-5-8, 104:19, 136:7-9; Eclesiástico 43:6-9).
Deus criou o sol e a lua para fazer separação entre o dia e a noite; e para que fossem os sinais para estações, dias, anos e as festas (Gênesis 1:14-18). A lua foi criada para as leis fixas (Jeremias 31:35), para marcar as festividades do povo israelita (Salmos 81:3-8) (***). Que Leis fixas são essas? São as festas ordenadas por Deus a Moisés no Monte Sinai; dentre elas a Páscoa, já previamente determinada, quando da saída dos israelitas da terra do Egito.
A mudança da data da Páscoa foi pela efetuada pela Igreja Romana, no Concílio de Niceia, que modificou a celebração do dia, de 14 de Nisã, para o domingo subseqüente, tendo como marco 14 de Nisã, dia da Lua cheia (****)
A Páscoa é e sempre será no primeiro dia da lua cheia. Negar essa afirmação é negar que Deus criou a Lua para que fosse o sinal para estações, dias, meses, anos e festas.
10.2. Cremos também na Festa dos Pães Asmos, que se inicia juntamente com a Páscoa, na qual deve haver a abstinência de pão levedado por sete dias, a partir do dia 14 de Abibe até o dia 21 (Êxodo 12:15-20; Atos 20:6; I Coríntios 5:7-8).
Os apóstolos celebraram esta festa com Jesus Cristo na Nova Aliança (Mateus 26:17; Marcos 14:12; Lucas 22:1,7-8) e mesmo após a morte dele (Atos 20:6; I Coríntios 5:7-8). É um estatuto perpétuo para todas as gerações (Êxodo 12:14-20, 34:18, Levítico 23:6-8).
Deve ser celebrada com santa convocação, tanto no primeiro (coincidente com o da Páscoa), quanto no sétimo dia da festa (Êxodo 12:16, 13:6; Levítico 23:7-8; Deuteronômio 16:3-4,7-8; Marcos 14:12; I Coríntios 5:6-8).
10.3. Cremos na repetição da Páscoa, ministrada no dia 14 do segundo mês do calendário lunar, com a mesma contagem e ritual do primeiro mês, dada apenas aos ausentes, que, por força maior, não puderam estar presentes no primeiro mês, por estarem impuros, ou imundos por causa de cadáver (Números 9:9-11; II Crônicas 30:2-22; I Coríntios 11:27-29), ou em viagem ocorrida por motivo sério e justificável.
A Páscoa é um estatuto perpétuo para todas as gerações, e aquele que dela não participar, não estando imundo ou em viagem, não tem parte no concerto de Cristo.No Antigo Testamento, aquele que não participava era eliminado do povo de Israel (Números 9:13).
No novo concerto, esta instituição continua válida, pois com a Páscoa, estamos comemorando a morte de Cristo, e para termos parte com Ele, devemos ser participantes deste importante concerto (Mateus 26:26; Lucas 22:19-20; João 6:53-56; I Coríntios 10:14,16-17)
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Notas explicativas:
(*) MATZLIAH, Sigur, comentários do rabino Menahem Mendel Diesendruck, redigidos e compilados por Jairo Fridlin. São Paulo: perspectiva, 1978, publicada no Rio de Janeiro em 1962, P.187; A Lei de Moisés TORÁ. Edição revisada e ampliada da obra “A Lei de Moisés e a Haftarot”. Comentários da nota 16: “Convocação sagrada: Antes que o calendário hebreu fosse elaborado pelo último chefe (Nassi) da região da Palestina, chamado Hilel Hasheni (aproximadamente 1700 anos atrás), os chefes do culto em Jerusalém fixavam as neomênias com o aparecimento da Lua Nova. Homens de confiança (olheiros) observavam a Lua em determinados lugares de Jerusalém e, de acordo com o informe destes, o grande Senado Judaico (San´hedrin) fixava os princípios dos meses e as festas. É por isso que em Jerusalém, onde a notícia da Lua Nova era publicada imediatamente (…… ) Se a Festa de Pêssach era de sete dias em Jerusalém, nas comunidades distantes a festa durava oito.
Este costume é praticado até o dia de hoje e, por isso, temos um dia festivo a mais do que os habitantes de Israel. Na linguagem talmúdica, este dia acrescentado chama-se Iom Tov Shel Galuit e mantém-se ainda hoje na Diáspora para fortalecer os laços que unem à religião.
Na atualidade, em razão da alta tecnologia, satélites e telescópios ultra-sensíveis as fases lunares são informadas antes elas se fazerem visíveis no firmamento. O que, como acima explicitado, era impossível há alguns séculos atrás, portanto, hoje, quando informados da mudança das fases lunares, não há uma correspondência ao verdadeiro dia de início da contagem uma vez que os olheiros não a teriam visto no firmamento, razão pela qual se faz necessário desprezar um determinado número de horas correspondente ao período da invisibilidade da Lua”.
Na Nova Aliança, a Páscoa continua sendo comemorada em razão da morte e ressurreição de Cristo.
(**) O “Antigo testamento interpretado versículo por versículo” Faz o seguinte comentário sobre Êxodo 12:6: “No crepúsculo da Tarde era o horário do sacrifício. Logo se tratava de uma festa noturna, celebrada durante o tempo da Lua Cheia (Vers.8 ver também Isaías 30:29). De acordo com a ortodoxia judaica, o abate do animal ocorria ao aproximar-se a noite”. (CHAMPLIN, Russel Normam. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo Dicionário-A L, Volume 1, 2º ed. São Paulo: Hagnos, 2001, pg.48).
(***) Atenção: O início da Lua Nova dava-se pela aparição da Lua e não pela marcação por calendários. Ver este comentário: “Meses, no hebraico, é uma sinonímia para “Luas”. Os povos antigos mediam o tempo pelas fases da lua. Assim o termo árabe para a lua significa “medidora”. Entre os judeus de gerações posteriores três membros do Sinédrio tinham a responsabilidade de vigiar e anunciar a primeira aparição da Lua Nova, e então a notícia do começo do mês se espalhava pelo país, através de sinais de fumaça, e mais tarde, mediante mensageiros”.(CHAMPLIN, Russel Normam. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo Dicionário-A L, Volume 1, 2º ed. São Paulo: Hagnos, 2001, pg.952).
Salmos 81.3-5 : “Tocai a trombeta na Festa da Lua Nova, na Lua Cheia, dia da nossa festa. 4- É preceito para Israel, é prescrição para o Deus de Jacó. 5-Ele o ordenou, como lei, a José ao sair contra a terra do Egito”. (Bíblia sagrada. tradução João Ferreira de Almeida, Revista e atualizada 2° ed. São Paulo: Editora Vida, Sociedade Bíblica do Brasil, pg. 910).
(****) Verificar a História do dia da comemoração da Páscoa in ROMAG, O F.M. Dagoberto Frei. Compêndio da História da Igreja Lente Geral da História Eclesiástica, I Vol. A Antiguidade Cristã. Vozes; Petrópolis,1939, pg. 98-99.