O drama de Absalão
Malaquias 4:6: “Ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos aos pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição”.
Este texto nos fala de uma condição absolutamente imprescindível para que maldições na família sejam canceladas. Diz-nos a ´palavra de Deus que é fundamental, quanto ao cancelamento dessas maldições, que o coração do pai se converta ao seu filho; que o coração do filho se converta a seu pai; que o coração do marido se converta a mulher; que o coração da mulher se converta ao marido; que o coração da mãe se converta à filha; que o coração da filha se converta à mãe.
Neste sentido, Davi e seu filho Absalão constituem o melhor e o mais trágico exemplo de um pai e de um filho que não conseguiram, a seu tempo e na hora apropriada, discernir algo extremamente maligno que começava a crescer entre eles: raízes de morte, de amargura, de ódio, de destruição, as quais haveriam de abalar radicalmente suas vidas e infelicitá-los para sempre.
Nosso texto-base será II Samuel 13 a 18.
1. As boas intenções de Davi:
Davi era um pai muito bem intencionado. Isto pode ser aferido a partir dos nomes que ele colocou nos seus filhos, isto porque, na antigüidade, os nomes eram mais dotados de significado do que hoje em dia. Naquele tempo, o nome revelava muito as intenções e as expectativas que os pais tinham em relação.
Davi esperava muitas coisas boas de seus filhos, e ele as traduz por meio dos nomes que lhes dá, senão, vejamos:
__ ADONIAS __ aquele que pertence a Adonai, ao Senhor. Note que ele tem um filho e diz por meio do nome que lhe dá: Este é de Deus!
__ SALOMÃO __ que significa pacífico.
__ ABSALÃO ou ABSHALOM __ que significa o pai da paz.
Imagine, por exemplo, o que Davi tinha em mente quando, vendo o pequeno neném, chamou-o de Abshalom. Quanta esperança de que muitas realizações aconteçam na vida daquela criança e por meio dela! Quem sabe Davi imaginou que Absalão poderia vir a ser seu sucessor, o pacificador do país, o agregador de Israel, o homem forte no qual a graça e a unção de Deus repousariam?…
Ninguém põe um nome assim num filho imaginando que, um dia, esse mesmo filho irá traí-lo, gerando um golpe de estado, a fim de destronar o próprio pai do poder; ninguém põe um nome assim num filho sabendo que este filho trará vergonha nacional e a desgraça ao seu pai.
Davi gerou filhos e sonhou o melhor para eles e os colocou diante de Deus com o melhor das suas expectativas. Conquanto Davi fosse um pai que sonhasse com o bem dos filhos, ele, no entanto, não era capaz de transformar suas boas intenções em investimento de vida na existência dos filhos. Sonhou o melhor sonho, desejou o melhor desejo, porém não foi capaz de investir vida na vida dos filhos.
Por quê? Vários motivos podem ser elencados:
1.1. Talvez porque estivesse ocupado demais como chefe de Estado:
– Como rei de Israel, várias eram as demandas que chegavam até ele. Ele era o “juiz-mor”, sendo que toda a questão que havia entre o povo, chegava em última instância a ele;
– Ele era o chefe do exército e, nesse tempo, Israel estava em permanente guerra;
– Deus tinha muitos planos para o povo de Israel e Davi era o seu principal intermediário para concretização desses planos, p.ex. um futuro projeto de construção do templo;
1.2. Talvez porque tivesse filhos demais: Ninguém consegue ser pai para cinqüenta filhos, nem para trinta e nem para os mais de vinte que Davi teve com suas mulheres e concubinas (II Samuel 3:2-5; 5: 13-16).
Ora, Davi tinha muitas esposas e concubinas; tinha, portanto, de se preocupar com o bem-estar de todas elas.
Além disso, ele tinha filhos dessas uniões. Como dar atenção a todos? Como separar tempo para todos? Como ouvir queixa de todos? Como brincar com todos?
Ora, de tudo isso, depreendemos que ele estava ausente demais nas suas relações com seus filhos. Não havia muito tempo para convívio, intimidade entre eles. Talvez porque seus filhos só o encontrassem em ocasiões ou eventos importantes. Talvez porque não houvesse vida, somente aquela reverência, aquele respeito tremendo, que não ia além disso.
Não adianta você ter os sonhos que tem, nem apenas fazer as orações que faz, nem apenas guardar e juntar dinheiro para o bem de seus filhos.
Absalão tinha tudo: dinheiro, castelo, casas, prestígio. Absalão era bonito, e a Bíblia nos diz (II Samuel 14:25) que ele era o homem mais bonito daquela geração: fascinante, charmoso, porte bonito, cabelo bonito. Mas, Absalão não tinha um pai presente.
2. Os erros de Davi como pai:
De tudo o que expusemos, percebemos que a principal área de fraqueza de Davi são claramente percebidas na sua relação com seus filhos. Conquanto fosse um homem de oração e cheio de boas intenções, ele era fraco na condução de sua casa. Davi se caracterizava por ser um pai omisso, e será a omissão a porta de entrada da desgraça na vida deste grande homem
e de seu filho Absalão.
A Bíblia relata diversos episódios conflituosos envolvendo os filhos de Davi. Foi a atitude de Davi o estopim das desgraças e maldições que sucederam sobre a sua casa. Vejamos:
2.1. Amnom, um dos filhos de Davi e seu primogênito apaixona-se por uma de suas irmãs (II Samuel 13:1-14) por parte de pai, a qual é irmã de Absalão, filho de Davi com Maaca (II Samuel 3:3), uma estrangeira procedente de Gesur. O nome dessa moça era Tamar. Ele a cobiçou e a desejou tão ardentemente que concebeu um plano: a fim de possuí-la, fingiu-se de doente __ a conselho de um amigo (II Samuel 13:5) __ e pediu a Davi, seu pai, que ela __ Tamar __ lhe fosse servir comida, uma vez que estava num leito de enfermidade (II Samuel 13:6).
O pai assim o permitiu (II Samuel 13:7) e Amnon, além de estuprar sua irmão, ainda rejeitou-a perante toda a corte.
O país ficou sabendo do escândalo. O rei ficou sabendo do escândalo, mas não fez nada.
2.2. Por seu turno, Absalão, irmão de Tamar, esperou que o pai fizesse alguma coisa, uma vez que, conforme Levítico 18:9 e 29, tal ato teria, como penalidade necessária, a morte de quem o praticou. Mas Davi nada fez.
Então, Absalão a chamou para morar consigo (II Samuel 13:20). A irmã morou com ele por dois anos, durante os quais ele esperou, dia após dia, que o pai chamasse a filha para um beijo, um abraço, um aconchego e que o pai chamasse Amnom para uma confrontação.
Porém, nada disso foi feito e Absalão ficou “curtindo” dentro de si um ódio insuportável.
Para além de tudo isso, havia ainda uma agravante: Amnom era o primogênito do rei e, por conseguinte, o futuro herdeiro do trono, fato este que se tornava um fator complicador de toda aquela situação.
2.3. Desfecho: Depois de dois anos, Absalão não agüentou mais esperar e começou a planejar a morte do irmão (II Samuel 13:23-27). Por ocasião da festa da tosquia, Absalão procura o pai e lhe diz: “Eu queria que tu permitisses que meu irmão Amnom fosse ao campo caçar comigo”.
O que fez Davi? Mesmo sabendo que havia algo muito errado em tudo isso, não impediu isso. Pelo contrário, até sugeriu que Absalão levasse todos os seus irmãos, como se isso pudesse impedir qualquer desgraça.
Chegando lá, Absalão deu ordens a seus servos para que matassem a Amnom, quando este estivesse bêbado, a fim de não oferecer resistência alguma.
2.4. Resultado final: Um crime de incesto – uma irmã desonrada pelo próprio irmão – um pai omisso – um irmão vingativo, cheio de ódio – um crime de homicídio contra o próprio irmão – desarranjo familiar.
O desarranjo familiar ocorreu de forma profusa no meio da raiz de Davi, pois após esse episódio, o rei Davi se enfureceu a ponto de amedrontar Absalão, que fugiu, indo morar na casa de Talmai, seu avô (II Samuel 13: 37; 3:3), pai de sua mãe, em um reino vizinho, e lá fica durante três anos (II Samuel 13:38), durante os quais nada é feito.
Então, verificamos que há um desarranjo e ele se prolonga no tempo, pois Davi não chama o filho, não encara o filho, não confronta o filho, não trata do problema.
Em resumo, passam-se quatro anos até que, instado por Absalão, Davi chama o filho a sua presença. E como Davi age? Absalão entra e Davi simplesmente lhe diz que se aproxime, lhe beija o rosto e não diz nada (II Samuel 13:33).
Em outras palavras, depois de toda essa tragédia familiar, Davi não repreende Absalão pelo que fez, não lhe diz nada mais e tenta apaziguar tudo com um beijinho!
2.5. O desdobramento dessa série de atitudes omissas de Davi é narrado em II Samuel 15: dessa ocasião em diante, após falar com o rei, Absalão sai do palácio, vai para as ruas e inicia uma subversão (II Samuel 15:1-6). Começa a dizer a quatro ventos: “Não há justiça na terra! Não há rei reinando! Não há critérios pelos quais esse povo venha a ser julgado! O que está prevalecendo é apenas a emocionalidade do rei. Se eu fosse rei, haveria justiça na terra”.
Uma insurreição inicia-se. Absalão prepara uma revolta armada. Ele é declarado rei sobre Hebrom (II Samuel 15:10-13) e tenta tomar Jerusalém. Davi recua, fugindo com seus súditos, porém deixando alguns de seus homens de confiança, a fim de se infiltrarem na corte de Absalão e lhe darem algum conselho desastroso, de modo que, numa possível batalha, seus exércitos pudessem ser destruídos. Vemos, então, a instabilidade política criada pela tensão entre pai e filho.
Apesar de tudo, Davi amava Absalão, tanto que exortou seus homens ao seguinte: ”Fazei qualquer coisa, mas não tocai no moço Absalão. Poupai o jovem Absalão”.
Depois de diversas manobras, os insurrectos puseram-se em retirada, inclusive, Absalão. No entanto, quando da fuga de Absalão por entre os bosques, seus cabelos longos ficam presos por arbustos, ele se desprende do seu cavalo, ficando pendurado pela cabeça. Joabe, homem fiel de Davi, contaminado pelo ódio, descobrindo-lhe o paradeiro, aproxima-se de Absalão e o executa (II Samuel 18:19 e 14).
Depois de tudo isso, contida a insurreição, Davi procura notícias de seu filho Absalão. Alguém lhe responde: “Ele foi ferido… e… está morto!”
A Bíblia nos diz (II Samuel 18:33) que Davi rasga as suas roupas, cai por terra e lamenta, e grunhe, e geme: “Abshalom, meu filho Abshalom!… Abshalom!… Abshalom!… Meu filho, Abshalom!…”
O tempo de dizer meu filho havia acabado: Absalão estava morto e a tragédia consumada. Pode-se perceber, nesse episódio, o desespero de Davi. Ele jamais desejaria que as coisas tivessem tomado aquele rumo; seus sonhos desmoronaram, sem mais nenhuma esperança de reconstrução.
3. O QUE PODEMOS APRENDER COM O DRAMA DE ABSALÃO e DE DAVI?
Há diversos ensinamentos a nossas relaçãoes familiares.
3.1. Em primeiro lugar, aprendemos que Davi transferia, sempre, responsabilidades intransferíveis.
O problema criado entre Tamar e Amnon não foi resolvido; foi postergado. Davi delegou ao tempo esse problema, mas o tempo não foi capaz de solucionar.
O problema entre Amnon e Absalão foi delegado ao sogro de Davi, pois a Bíblia fala que Absalão foi se refugiar na casa do avô e lá ficou por dois anos (II Samuel 13:39).
Por fim, Davi transfere a responsabilidade para um assessor. É Joabe quem tem que tramar a volta do filho para casa, porque o pai não fazia nada.
Assim, a pergunta que não quer calar: para quem é que você está transferindo a responsabilidade de administrar a alma de seus filhos?
Essa responsabilidade é intransferível. O filho é seu. A filha é sua. A alma deles vai ser cobrada de você. Escola, igreja, orientadores, atividades intelectuais e recreativas são recursos para a educação e a administração do tempo e do desenvolvimento da criança; mas a responsabilidade é sua.
3.2. A segunda lição que aprendemos com Davi é que ele era capaz de vencer gigantes, mas não sabia confrontar os filhos. Jamais Davi conseguira ter um diálogo franco com seus filhos; jamais, Davi conseguiu exortá-los como pai.
Ao vermos o escândalo do incesto, Davi não chamou Amnon à sua presença e confrontou-o. Tampouco chamou Absalão a sua presença para tentar resolver suas diferenças de vez.
Há pais e mães que não querem ver, que têm medo de encarar o filho e o problema, que têm medo de confrontar os filhos com a verdade, que têm medo de não saber como conduzir o problema, de como ajudar a solucionar. Todavia, não será o tempo que solucionará problemas, nem muito menos a omissão.
Há um diagnóstico interessante para toda essa omissão iniciada no episódio do incesto: talvez Davi se sentisse culpado ainda pela morte de Urias. Ele pede perdão ao Senhor, e o Senhor o perdoa. Mas, talvez, Davi nunca se tenha perdoado.
Justamente essa falta de autoperdão levou-o a perder a fé em si mesmo, a não mais acreditar em sua autoridade, especialmente como pai. Ele devia pensar:
“Como você vai falar contra o adultério e a cobiça com Amnom, se você fez as mesmas coisas?
Como você vai falar de homicídio com Absalão, se você matou Urias, marido de Bate-Seba?”
Embora convertidos, somos minados em nossas forças, em nossa crença e fé. Talvez alguém sopre aos seus ouvidos que você não tem autoridade para olhar nos olhos do seu filho, nos olhos da sua filha, nos olhos da sua mulher, nos olhos dos da sua casa, por causa de algum pecado cometido no passado.
No entanto, irmãos, isto não é aceitável! Se você se arrependeu, confessou seus pecados e sobre eles ocorreu o apagamento desse pelo Sumo-sacerdote, não será você quem deverá se culpar e se autoacusar.
Admita seus erros, seja humilde perante sua família, exerça seu papel de pai/mãe e peça a ajuda de Deus. Faça a sua parte para que no futuro, você não venha a ficar clamando como Davi o fez: Abshalom, Abshalom, meu filho, Abshalom!
3.3. PERDÃO PELOS ERROS PRESENTES:
Outro ponto com o qual devemos aprender é com as atitudes rancorosas. É corriqueiro que deixemos as mazelas do dia-a-dia corroerem nossas relações familiares. É comum irarmos e continuarmos irados a ponto da ira se transformar em ódio, por vezes, mortal!
Foi o que aconteceu com Absalão. Primeiramente, surgiu no coração de Absalão ódio do pai, devido à situação de Tamar. Isso foi tão forte que a Bíblia relata que, após o homocídio e o exílio, Absalão teve uma filha e lhe colocou o nome de Tamar! (II Samuel 14:27). Sabe o que Absalão quis dizer ao pai com isso?
“Davi tem uma filha e lhe põe o nome de Tamar, que significa palmeirinha , plantinha frágil que precisa ser tratada com cuidado. Mas ele não cuida dela.
A minha nasceu. O seu nome é Tamar. E eu quero ver se alguém vai tocar nela.”
Isso é uma declaração de ódio e de amargura que inundam o coração desse filho! A maldição do ódio só se quebra quando pais e filhos vivem um relacionamento franco, transparente, no qual a verdade e a sinceridade de atitudes se somam a uma prática de amor genuíno, constante e compromissado com as necessidades dos membros da família.
3.4. PECADOS PASSADOS NÃO PERDOADOS:
Além do ódio advindo pela não aceitação das coisas presentes, nas famílias, é comum surgir o ódio pelos pecados e erros passados de outrem. As coisas são muito mal resolvidas e, freqüentemente, surge um acusador da sua própria família para lhe dizer que você não tem autoridade para falar assim ou assado, agir desse ou daqueme modo.
Foi exatamente o que surgiu no coração de Absalão: ódio dos pecados passados do pai. Vejamos essa análise:
Quando Absalão fomenta a insurreição, ele toma para si os conselhos de um homem chamado Aitofel. Sabe quem é este homem? É o avô de Bate-Seba (II Samuel 11:3; 23:34). E quem é Bate-Seba? É o “caso” de Davi.
Esse homem __ Aitofel __ jamais conseguira perdoar a Davi. O seu ódio por Davi ter entrado na vida da neta dele era tão grande, que ele dá o seguinte conselho a Absalão:
“Olha, o que um dia seu pai fez às escondidas com a minha neta, eu o aconselho a fazer com as mulheres-concubinas dele: possuí-las, no telhado da casa real, para que todo o Israel veja”.
Segundo as leis da época, apenas o sucessor do rei, em caso de morte deste ou de sua deposição, poderia tomar as mulheres do seu antecessor. Pelo que fez, Absalão merecia a morte, de acordo com a lei mosaica (Levítico 20:11) e não a sucessão no trono real. Essa idéia frutifica e assim surge o plano concreto de fazer uma revolução no reino de Israel.
E diante disso, Absalão pensava, instigado por Aitofel: “meu pai não poderá reprovar a minha conduta de me deitar com suas concubinas aos olhos de todo o Israel, porque um dia, ele também fez isso!”
Novamente, aqui é preciso quebrar a corrente do ódio pelas coisas passadas, pelos pecados não perdoados. Um dia Jesus derramou o seu sangue por nós para que o utilizássemos em redenção/perdão de cada um de nossos pecados, cada vez que cometidos. A isso podemos recorrer toda vez que pecarmos, através do exercício do perdão diário no interior da família, em suas relações desde as mais corriqueiras e superficiais até as mais íntimas e profundas, para que, no dia da expiação, esses pecados e rancores sejam, de vez, apagados.
3.5. CIÚME:
Absalão sente ódio dos amigos do pai. Ele passa a ter ódio de Joabe. Para ele, o pai dava muito mais atenção a Joabe do que ao filho. Para ele, Davi tinha mais tempo para Joabe do que para o filho. Absalão odeia todos aqueles que, de algum modo, possuem a alma do pai.
Prova eloqüente disso é que, quando Absalão torna-se rei, para comandar os exércitos de Israel, no lugar de Joabe, ele chama a Amasa. Sabe quem era Amasa? O pai desse homem tinha um caso com uma parenta íntima de Joabe (II Samuel 17:25).
Quantos irmãos se odeiam porque acham que o pai gosta mais de um do que de outro?! Quantos filhos trabalham para derrubar empresas do pai por ciúme?! A Maldição do ciúme só pode ser quebrada com a segurança do amor, o qual gera estabilidade, confiança e equilíbrio emocional e familiar.
4. CONCLUSÃO:
Só o que nos salva da tragédia familiar é a nossa conversão dos pais aos Filhos e dos filhos aos pais.
4.1. Pais convertidos aos filhos:
– Não transferem responsabilidades;
– Não brincam com o ódio existente entre os filhos e não acham que isto é algo sem importância; ao contrário, levam tal situação a sério, buscando resolvê-la;
– Consideram, cuidadosamente, os sentimentos perniciosos, nocivos a uma relação familiar sadia e tratam-nos de forma amadurecida;
– Pais convertidos a seus filhos não reagem aos filhos apenas emocionalmente. Filhos odeiam pais emocionais, que são apenas capazes de espancamento, da gritaria e da brutalidade, mas que não agem baseados em princípios de justiça, de verdade, de coerência e de integridade.
– Pais convertidos a seus filhos não fogem dos seus pecados da juventude, antes os resolvendo na presença dos filhos.
Assim, não adianta só ter boas intenções para com os filhos; não adianta dar-lhes nomes santos; não adianta trabalhar por eles; não adianta apenas dizer: “Oh, Deus! Toma conta deles!”.
4.2. Por outro lado,Filhos convertidos aos pais:
– Têm de ter a consciência de que não estão fadados, predestinados a serem produto dos pecados dos pais, nem a cometerem os mesmos erros deles. Não podem pensar que, por serem filhos de escorpião, têm que, necessária e infalivelmente, dar ferroada a vida inteira;
– Não atribuem ao tempo a cura dos ferimentos da alma. Não ficam pensando que o tempo vai fazer com que o ódio ao pai, a Amnom, a dor pela Tamar e demais angústias vão sarar.Tratam da solução hoje. Deixam o Espírito Santo desenraizar tais amarguras hoje.
– Tomam cuidado para não caírem na teia das amarguras familiares.
É preciso nos convertermos uns aos outros, pela ação de Deus, para que a terra não seja ferida com maldição, como a ocorrida no seio da família de Davi.
Estudo extraído do livro de Caio Fábio, “O drama de Absalão”, adaptado e ampliado por Juliana Silveira.
Caio Fábio é escritor e conferencista internacional, pastor e psicanalista, tendo servido na igreja evangélica até 1998. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Caio_Fábio