A parábola do Rico e do Lázaro
Abertura – Lucas 16:19-31.
Penso que todos nós conhecemos essa parábola, mas será que conhecemos verdadeiramente o sentido dela?
Um rico vestido magnificamente e um mendigo à sua porta, que deseja comer de seus manjares, morrem, mas dois fins completamente diferentes. Um é levado ao seio de Abraão, o outro para o Ades, para o inferno, haveria por acaso purgatório?
Aprendemos que quem morre dorme, esperando a vinda de Cristo, mas esses homens foram sentenciados imediatamente após suas mortes, tendo fins diferentes do que aprendemos: um vai imediatamente para o seio de Abraão, ou seja, para o paraíso, e o outro para o inferno.
Estaria essa parábola contra as Escrituras? Quando morremos então nossa alma, segue diretamente para o lugar que nos está destinado, segundo nossas obras? E o Dia do Juízo, e a ressurreição? São acréscimos bíblicos?
Nada disso! Essa é uma parábola muito profunda…. Deus realmente tirou dos grandes para dar aos pequeninos…
Voltemos à passagem e passemos a analisá-la versículo por versículo, agora, entretanto, com os olhos espiritualmente abertos por Deus.
Versículo 19: Certo homem era rico (I Cor. 8:9; Ap. 2:9) e costumava cobrir-se (Qual o oposto de alguém coberto? Alguém nu. Metaforicamente, a nudez representa o que? II Cor. 5:3 – para que nos revestindo da casa vinda do céu, não sejamos achados nus / Apocalipse frase dirigida por Cristo à Igreja de Laodicéia: “…Não sabes que és um miserável, pobre, cego e nu?”) de púrpura (cor roxa, simbolizando realeza, riqueza, poder – Ester 8:15) e linho (Ap. 19:8, atos de justiça) regalando-se (fartando-se) dia a dia com magnificência (comia do que havia de melhor).
Já sabendo o que significam os adjetivos usados para descrever o rico, sabemos que a riqueza para Deus não é a material, mas a riqueza do conhecimento da Palavra. Agora vamos então entender quem é esse homem rico: são os judeus, herdeiros do Reino de Deus no passado(I Crônicas 17:21-22; Amós 3:1-2), na fé de Abraão (João 8:33). O judeu, que recebeu os oráculos divinos, era rico de toda sabedoria e justiça de Deus, sabia o que era ou não correto, conhecia o juízo e a justiça, tinha a Lei de Deus nas mãos. Por isso, o versículo diz que ele estava coberto de púrpura e linho.
Qual o oposto de riqueza? Pobreza!
Fartura? Carência!
Abastança? Mendicância!
Versículos 20 e 21: “Mas certo mendigo, de nome Lázaro, costumava ser colocado junto ao seu portão, estando cheio de úlceras (enfermidade espiritual) e desejoso de saciar-se (desejava receber a mensagem verdadeira) das coisas que caiam da mesa do rico (a mesa vem representando os manjares da Palavra de Deus.“Quem comer desse pão nunca mais terá fome“ Isaías 55:1-2).
Sim, também os cães vinham e lambiam as suas feridas (mendigos se associam a cães, pois quem se aproxima de quem está longe de Deus são os que ao dão ouvido a Lei de Deus. “Não lanceis pérolas aos cães”, são aqueles que também não têm Deus e são esses que lambem, ou seja, estimulam as chagas dos enfermos, mas não podem ajudar a curá-las).
Quem seria esse mendigo vem representando? O mendigo que desejava comer das migalhas do rico são os gentios (Mateus 15:26-27; Lucas 16:21), mortos pelas chagas do pecado e sem Deus (Efésios 2:1-3,11-14), aquele que está enfermo, que não conhece Deus e que não sabe como adorá-lo, vive no pecado, por isso está cheio de chagas.
Versículo 22- “Ora, no decorrer do tempo morreu o mendigo e foi carregado pelos anjos ao seio de Abraão”.(Acaso, existe morte física para Deus? Não! Que morte então foi essa do mendigo que o levou ao sei de Abraão, livrando-o do inferno? Uma vez que os gentios aceitaram Cristo pelo Evangelho, sendo batizados em Seu nome – I Pedro 4:5-6, eles morreram para o pecado e passaram da morte para a vida pela primeira ressurreição, tornando-se filhos de Deus, levados pelos anjos para o reino de Cristo – João 1:11-12, 5:25; Colossenses 1:12-13, junto com Abraão, e não estão mais sob o fogo da ira de Deus – Lucas 16:19-29; Romanos 8:1-8. Salienta-se aqui que o reino de Cristo não é no céu, mas aqui, aquele que aceita Jesus, começa a reinar aqui com Ele( Lucas 17:21) . Esse mendigo, esse gentio foi levado ao seio de Abrão porque creu em Cristo, tornando-se rico. Morrera para os pecados, nascera uma nova criatura em Cristo Jesus. Isso nos mostra a misericórdia dispensada por Deus ao gentio que aceita Cristo e guarda os seus mandamentos, tornando-o rico, por ser participante do seu Reino).
“… Morreu também o rico e foi enterrado no Ades, no inferno (se morte física não existe pra Deus, que morte foi essa que conduziu esse rico ao inferno? A espiritual. Os judeus, por rejeitarem Cristo, foram rejeitados e mortos para Deus – Provérbios 21:16; Ezequiel 33:10-11; Mateus 8:21-22, tornaram-se como os gentios no pecado – Romanos 3:9-18. Quando Cristo veio, os judeus estavam no reino de Deus, mas não aceitaram Cristo reinando – Lucas 19:14; João 1:10-12. Eles eram os filhos do Reino, ricos de todas as bênçãos, mas, por rejeitarem Cristo foram expulsos do Seu reino para o Ades, para as trevas onde jazem os gentios, sepultados no pecado de Adão, e sob o fogo da ira de Deus – Salmos 9:18,19, 116:3,4, cap 129 ao 130:1,2; Mateus 8:11,12; Lucas 13:28, 21:22-24; Efésios 2:1-3).
A morte espiritual desse que conhecia a mensagem, mas não aceitou Cristo e a mensagem de igualdade pregada por Ele, deixando passar fome o pobre (o gentio), que estava sempre nos portões de sua casa, ou seja, ao seu redor, mostra-nos que ele ocultou a mensagem de salvação. Judeu ortodoxo não crê em Cristo e não acredita em pregar a mensagem ao gentio.
O rico no inferno está em grande tormento e pede a Abraão que permita a Lázaro molhar a sua língua com água, pois estava em angústia, num fogo intenso; porém, é orientado que há um grande abismo entre eles, que não é possível transpô-lo: o lago de fogo e enxofre (Ap. 21:8), preparado para o Diabo e seus anjos. Não era mais possível ser restaurado à condição original.
O rico pede então que Abraão envie Lázaro à casa de seus pais, a fim de orientar a seus irmãos para que eles não viessem a cair no mesmo mal que ele, mas observem a resposta dada a ele por Abraão: “Lá tem Moisés e os profetas, que os ouça”. Acaso, Moisés e os profetas estavam vivos nessa época que Jesus cita essa parábola? Claro que não! Jesus, através dessas palavras, está dizendo que aqui na terra, em nosso meio, tem a Bíblia, onde Moisés e os profetas falam conosco, é para que nós os ouçamos.
Versículo 30 – A resposta do rico: “Assim não, pai Abraão, mas se alguém dentre os mortos aparecer, arrepender-se-ão” (Ele pede aqui uma prova, através de um sinal, pois seus irmãos -os judeus – não estão fazendo as coisas segundo o que receberam de Moisés e os profetas, que orientavam tanto sobre a Lei, como em relação ao Cristo que viria, mas que muitos judeus não creram.
Versículo 31 – A resposta de Abraão, que vem representando Cristo: “Se não escutam Moisés e os profetas, tampouco serão persuadidos se alguém se levantar dentre os mortos”. (Aqui se deixa claro que as Palavras de Moisés e dos profetas são muito mais viva do que qualquer sinal, que se eles não davam ouvidos a Moisés e aos profetas, muito menos creriam num sinal).
MENSAGEM DA PARÁBOLA
Irmãos, creio que hoje a parábola ficou clara a todos nós: temos que ser ricos, vestidos de realeza, de púrpura e linho e isso só é possível através de conhecermos e vivermos a Palavra de Deus, e através desse conhecimentos, tornarmo-nos como o mendigo, morrendo para o pecado, nascendo da água e do Espírito para Deus. E daí por diante, crescer a cada dia, sendo transformados do homem natural para o espiritual e dando frutos, ou seja, transmitindo o que recebemos àqueles que estão à nossa volta, enfermos e famintos.
Ap.14:12: “Aqui é o que significa perseverança para os santos; os que observam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus”.
Ap.15:2-3:
“e vi os que saem vitoriosos da face da fera e da sua imagem e do número do seu nome estar em pé junto ao mar vítreo, tendo harpas de Deus. E estão cantando o cântico de Moisés, o escravo de Deus, e o cântico do Cordeiro”.
Eclesiastes 12:13: “A conclusão de todo assunto é: teme a Deus e guarda os seus mandamentos, pois esse é o dever de todo homem”.