13 – Dízimos, as primícias, ofertas e obra filantrópica
13.1. Cremos na consagração das primícias, dízimos e ofertas, como mandamento da Lei de Deus.
É um sinal, na mente e na mão para salvação, de honra a Deus e, consequentemente, de seu Filho Jesus Cristo, como criador e dono de todas as coisas que foram criadas (Êxodo 13:11-16; Levítico 27:25-34; Salmos 24:1-2; Provérbios 3:9-10).
É através do pagamento das primícias, dízimos e ofertas que se mantém a estrutura da Igreja e a obra de Deus: os sacerdotes e evangelistas que velam por nossas almas, os gastos estruturais da Igreja, a divulgação do Evangelho através de literaturas, viagens missionárias, conforme será explicado a seguir:
13.2. De forma geral, o mundo e todas as coisas que nele há pertencem a Deus e a seu Filho Jesus Cristo (Salmos 24:1-2, 89:11; Provérbios 8:26-30; Colossenses 1:15-17; Hebreus 1:2-3). Após a sua criação, Deus o entregou ao homem para que o administrasse (Levítico 27:28-34; Números 18:8,32; Malaquias 1:6-8, 3:7-10; Provérbios 3:9-10). Concedeu-lhe, assim, 90% de tudo que ganhasse e requereu apenas 10%, bem como as primícias de tudo o que recolhesse.
Por essa razão é que se fala em “devolução” do dízimo, uma vez que ao entregá-lo, o homem não está fazendo mais do que destiná-lo ao verdadeiro e legítimo “ possuidor do mundo”. Portanto, este é o único ponto que leva o homem a reconhecer a Deus e a seu filho Jesus Cristo como donos do mundo.
Em Israel, onze tribos receberam como herança a terra. A tribo de Levi, entretanto, recebeu como herança os dízimos e as primícias, para que pudessem se dedicar ao serviço da casa de Deus, administrando e ministrando a Lei de Deus ao povo (Números 5:9-10, 18:8-32; II Crônicas 31:4-10; Neemias 10:32-39; Ezequiel 44:28-31).
Quando o povo não entregava o dízimo, os sacerdotes tinham sua manutenção comprometida, impossibilitando-os de viver exclusivamente na ministração da palavra de Deus, intercessão pelo povo e administração de Sua casa, pois tinham que trabalhar.Consequentemente, Deus se afastava de seu povo (II Crônicas 15:1-3, 31:2-7; Malaquias 3:7-9).
Na Nova Aliança, Jesus também confirmou o dízimo como direito dos que pregam o Evangelho ao dizer: “Dai a Cézar o que é de Cézar e a Deus, o que é de Deus” (Mateus 22:21, 10:9-10, 23:23; Lucas 11:42; I Coríntios 9:7-14) e também: “A ninguém devais coisa alguma” (Romanos 13:6-8).
13.3. Apesar de ter um fundamento comum, cremos que dízimos, primícias e ofertas se diferem um do outro. Vejamos:
Primícia significa o reconhecimento de Deus sobre todas as coisas, tendo Ele primazia em nossas vidas, e também o reconhecimento de Cristo como primogênito de Deus. É uma Remuneração pecuniária do seu trabalho, ou o produto da terra. Sem valor previamente determinado pelas Escrituras, cada um dá segundo seu coração, de qualquer que seja sua atividade de subsistência, sendo da lavra ou qualquer outra que seja.
Instituída desde a fundação do mundo, foi entregue por Abel, mas negada por Caim. Aqueles que não a entregam, carregam a culpa e o mal lhes advém (Gênesis 4:3-5; Deuteronômio 26:1,13-19; II Reis 4:42; II Crônicas 31:4-10; Provérbios 3:9; Ezequiel 44:30).
Ofertas são doações voluntárias, que podem ter motivações diversas, tais como: bênçãos recebidas (Levítico 7:11-21,29); promessas específicas (Números 6:14, 15:3); ofertas de boa vontade (Levítico 22:18), etc.Comumente, essas ofertas eram destinadas à várias finalidades, desde a construção e reparação do templo, até suprimento dos necessitados (II Reis 12:4-15, 22:3-7).
Na Nova Aliança, encontramos o registro de coletas feitas em prol dos pobres (II Coríntios 8:1-15, 9:1-15).
Na Igreja Apostólica, os fiéis não apenas contribuíam com o dízimo; iam mais além; a ideia de uma comunidade apostólica era tão forte (a lei de Deus era de tal forma escrita em seus corações, que ninguém dizia ser exclusivamente seu o que possuía), que eles vendiam suas propriedades e depositavam, aos pés dos apóstolos, o valor da venda, como oferta voluntária, para suprir as necessidades materiais dos pobres e levar a Palavra de Deus a todos (Atos 4:34-37).
Dízimo é a devolução de 10% (dez por cento) de nossa renda a Deus, destinado à manutenção dos que trabalham no Evangelho, uma vez que é o que Eterno lhes deu por herança. Este meio foi utilizado por Deus para submeter o homem a um teste: se O ama verdadeiramente ou se tem maior amor ao dinheiro (Mateus 6:24).
O dízimo, em primeiro lugar, pertence a Deus; em segundo, como já dito, é herança daqueles que ensinam a sua lei, sendo estes, atualmente, os sacerdotes e evangelistas instituídos pela Igreja (Levítico 27:30-34; Números 18:21-24; II Crônicas 31:4-10; Neemias 10:38-39; Lucas 11:42; I Coríntios. 9:13-14; I Timóteo 5:18; Hebreus 13:17).
A cada três anos, havia o dízimo trienal, cuja arrecadação era distribuída entre o levita, o órfão, a viúva e o estrangeiro (Deuteronômio 14:28-29, 26:12-16; Tobias 1:6-7).
Jesus confirmou o dízimo como direito dos que pregam o Evangelho (Mateus 10:9-10, 23:23; Lucas 11:42; I Coríntios 9:7-14); as Escrituras nos ensinam que “digno é o obreiro do seu salário” e que aqueles que trabalham no Evangelho, devem dele viver (I Coríntios 9:13-14).
Portanto, Dízimo não é patrimônio da Igreja, e sim, herança dos que trabalham no Evangelho! Deve ser dividido em partes iguais, entre os que se ocupam do trabalho do Deus (Números 18:21-24; Deuteronômio 18:1-8; I Timóteo 5:17-18) e nunca utilizado para necessidades como “construção do templo”.
Templo era construído com ofertas voluntárias do povo (Êxodo 35:20-29; II Reis 12:4-15, 22:3-7; II Crônicas 29:1-9;). Pode, entretanto, ser utilizadas para os gastos estruturais da manutenção do templo, dos louvores, literaturas evangélica, viagens missionárias, e tudo que tenha por fim propagar do Evangelho.
Os dízimos e primícias não são destinados aos pobres, o que não quer dizer que suas necessidades devam ser desconsideradas. Apesar de na primeira aliança haver o dízimo trienal, conforme exposto (Deuteronômio 14:28-29), na nova Aliança, realizavam-se coletas para os irmãos pobres (Romanos 15:25-28). Portanto, os necessitados devem ser auxiliados com ofertas voluntárias da congregação.
13.4. Cremos que sobrevirão consequências nefastas aos que não devolverem dízimos e primícias. Dentre outras, a Bíblia dispõe que:
• Está afastado de Deus (Malaquias 3:7-8) e é por Ele abominado (Salmos 5:6-7);
• Não tem Deus como seu Deus (Deuteronômio 26:12-18; Hebreus 8:10);
• É considerado um administrador infiel, esbanjador dos bens de Deus (Lucas 16:1-13);
• É um mau lavrador na vinha de Deus (Mateus 21:33-41; Marcos 12:1-9);
• É um enterrador de talento (Mateus 25:24-27; Lucas 19:12-23);
• Está sob a mira do ódio de Deus, pois Ele não ama os roubadores, como melhor veremos a seguir (Isaías 61:8). Deus o fará descer ao poço da perdição (Salmos 55:23); será amaldiçoado no dia do juízo, não tendo direito à salvação (Zacarias 5:3-4; Malaquias 3:7-10; Mateus 13:40-43; I Coríntios 6:10; Efésios 5:5-8; Hebreus 6:7, 8; II Pedro 2:14-15) ; e
• Não permanecerá na casa de Deus (Salmos 101:6-7).
Além disso, em muitos pecados, incorrem sobre aqueles que retêm dízimos e primícias:
• Cobiça: aquele que costuma reverter os dízimos e primícias, em benefício próprio, age como Satanás, que cobiçou um lugar que não era seu, fazendo o uso de algo consagrado (Êxodo 20:17; Deuteronômio 7:25; Josué 7:20-26; Tiago 1:14-15);
• Roubo: A cobiça uma vez consumada, através da apropriação indébita de algo que não nos pertence, gera o “roubo” (I Timóteo 6:10). Isto se aplica ao dízimo, pois quem se apropria indevidamente dos dízimos e primícias, rouba a Deus e a seus sacerdotes (Êxodo 20:15; Deuteronômio 12:19; II Crônicas, 31:4-7; Malaquias 3:7-9);
• Mentira e Falso Testemunho: quando se retém o que é consagrado a Deus (Josué 6:18-19; 7:20-21; Atos 5:1-9; I João 2:4-5), a pessoa pratica o viver mentiroso; além de se autoenganar (Levítico 6:1-5; Zacarias 5:1-4; Malaquias 3:5-6), dá falso testemunho de cristão à comunidade de Deus e ao mundo. ”Não ameis de palavras e nem de língua, mas em espírito e em verdade”, diz a palavra de Deus ( Tito 1:16; I João 3:18).
• Avareza e Idolatria: avareza é o amor ao dinheiro, que conduz, segundo as Escrituras, à idolatria (Marcos 7:21-23; Lucas 12:15; I Coríntios 5:11; 6:10; Efésios 5:5; Colossenses. 3:5-6; Hebreus 13:5; II Pedro 2:14).
Ora, quem retém os dízimos e primícias, está, assim como Acã nos tempos de Josué, apropriando-se de algo consagrado a Deus ou votado ao interdito. Acã prejudicou a toda comunidade, foi amaldiçoado e morto, porque roubou o ouro que era consagrado a Deus (Josué 6:17-19, 7:1, 10-15, 19-26; 22:20).
Todo aquele que se apropria de algo consagrado, desobedecendo a Deus, traz sobre si maldição (Levítico 27:28-32; I Samuel 15:2, 3,7-11). A desobediência é um pecado de rebelião e, segundo as Escrituras, equivale ao pecado de idolatria (I Samuel 15:22-23).
• Assassinato: finalmente, talvez o mais grave de todos os pecados, pois afeta a toda comunidade. Quem retém os dízimos e primícias está matando o trabalho de Deus, por não dar o que pertence ao sacerdote, impedindo que eles tenham condições de buscar almas perdidas (Tiago 5:4-5), por terem que trabalhar para o seu sustento, bem como o de sua família.
Onde dízimos e primícias são negados, não pode haver ministro de Deus (Gênesis 14:18-20; II Crônicas 31:2-4; Neemias 13:10-11; Salmos 74:9; Ezequiel 44:6-11). Isto porque, digno é o operário do seu sustento (Mateus 10:10; I Coríntios 9:7-14).
Quando o povo deixava de entregar o dízimo, não havia sacerdote para ensinar a lei, e Deus os abandonava (Levítico 10:8-11; Números 18:23; II Crônicas 15:1-3; Malaquias 2:4-7, 3:7-8; Mateus 10:40; Marcos 9:37-42; Lucas 10:16; João; 5:23, 13:20; II Coríntios 13:3).
Foi o que ocorreu nos dias de Neemias e o caos se instaurou: o trabalho de Deus cessou, e os levitas foram para o campo a fim de prover o seu sustento. Neemias, homem levantado por Deus, reorganizou o trabalho, e escolheu tesoureiros para distribuírem o dízimo (Neemias 13:4-13).
Lembremo-nos que se a Bíblia valoriza o trabalhador ordinário, com maior razão, reconhece os “Sacerdotes de Deus”, homens escolhidos e ungidos para o Seu trabalho, homens aos quais devemos um profundo respeito, além de considerá-los como santos, pois zelam por nossas almas (Levítico 21:8; Números 16:1-5; Deuteronômio 17:12-13; I Coríntios 16:15-16; Gálatas 6:6-8; I Tessalonicenses 5:12; Tito 2:15; Hebreus 13:7, 17).
Deus considera o que é enviado por Ele como Anjo para ensinar a sua lei. Quem o rejeita, rejeita a Cristo (Malaquias 2:4-7; Lucas 10:16; Gálatas 4:14).
13.5. Cremos que diversas bênçãos advém sobre aqueles que são fiéis nos dízimos e ofertas:
• Reconhece Deus como dono e criador de todas as coisas e que Ele tem nos dados tudo que temos (Jó 1:21-22; Salmos 50:10-14, 89:10-12; Ageu 2:8).
• Não será considerado ladrão em relação à obra de Deus e à manutenção do próximo (sacerdotes) (Malaquias 3:8-10; I Coríntios 6:10-11).
• Demonstra temor, adoração e honra a Deus (Deuteronômio 14:22-23, 26:5-11; Provérbios 3:9-10; Isaías 43:22-24).
• Declara que pertence a Deus e que Ele é o seu Deus (Deuteronômio 26:16-19). Com isso, demonstra não estar desviado de Seus caminhos (Neemias 10:37-39; Malaquias 3:7).
• Apóia o trabalho de Deus sobre a face da terra, para que, com a manutenção dos sacerdotes e da obra, seja propagada a Sua Palavra (Números 18:8-32; II Crônicas 31:4-5; Neemias 10:35-39; Mateus 10:10; I Coríntios 9:13-14; Gálatas 6:6; Filipenses 4:10-16).
• Oferece um sacrifício de cheiro agradável a Deus (Filipenses 4:18-19; Hebreus 13:16-17).
• É cabeça e não cauda, pois é fiel nas contribuições instituídas por Deus; não toma emprestado, empresta! Seus bens serão abundantes, haverá fartura em sua casa, e o trabalho de suas mãos será abençoado (Provérbios 3:9-10; Ezequiel 44:30; Ageu 2:18-19; Lucas 6:38; II Coríntios 9:8-13). O próprio Deus mandou que o puséssemos à prova quanto a isso (Malaquias 3:10-12).
13.6. Cremos que aqueles que estão com dízimos em atraso, segundo a Bíblia, devem pagar o atrasado e mais a quinta parte (Levítico 5:14-16, 27:30-32; Neemias 5:10-13; Ezequiel 18:7, 33:13-16; Lucas 19:8-9).
13.7. Cremos que a regularidade e fidelidade no pagamento dos dízimos nos conduzirá, ao final, à perfeição da Comunidade Cristã, que passa a se denominar “Apostólica”, como podemos observar em Atos 4:32-37. Entretanto, enquanto não instituída, devemos ser fiéis no pouco para que Deus sobre o muito nos coloque.
13.8. Cremos na obra filantrópica, efetuadas com ofertas de membros da Igreja ou não, para doação aos necessitados de dentro ou fora dela, através de ministério constituído para tal, a fim de que haja uma justa distribuição (Provérbios 14:21-31, 19:17, 28:27; Isaías 58:6-11; II Coríntios 9:6-9; Gálatas 2:10, 6:7-10).