A promessa de Deus é para sempre
Epígrafe:
“Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gen. 12:3)
Muitos séculos depois desta promessa ter sido feita, vemos um homem que resolve sair de Jerusalém, em razão da fome que assolava o país e ir habitar em Moabe, cerca de 80 Km. de lá. Vejamos:
Rute 1:1,2: “Houve fome na terra um homem de Belém de Judá saiu a habitar na terra de Moabe com sua mulher e seus dois filhos. Esse homem se chamava Elimeleque, e sua mulher, Noemi, e seus filhos, Maalon e Quilion, efrateus, de Belém da Judéia…
Antes de prosseguir, importante saber de alguns dados:
* Os moabitas eram descendentes de Ló, frutos de um relacionamento incestuoso de Ló com as filhas, nascendo Amom e Moabe.
* Deus, lembrando-se que Ló era sobrinho de Abraão, disse a Moisés que não daria um centímetro da terra dos Moabitas, porque a dera aos descendentes de Ló.
* Porém, a ira de Deus se acendeu fortemente com eles no momento que os israelitas quiseram passar por suas terras, ao saírem do Egito, e eles não lhes deram passagem.
* Além disso, é sabido de todos que o rei moabita, Balac, chamou Balaão para amaldiçoar o povo, ele não o fez, mas deu conselho de como as mulheres moabitas podiam fazer para levá-los a pecar contra seu Deus, seduzindo-os a adorarem seus deuses e a comerem dos sacrifícios oferecidos a ídolos. Em razão desse conselho, Deus se irou e rejeitou ate a décima geração dos moabitas.
Mesmo diante de toda essa história, vemos então esse homem, que mesmo consciente dos acontecimentos passados, resolve partir com sua família. Ele não tentou agüentar a fome e o sofrimento com seus irmãos israelitas; antes procurou um escape para encurtar caminho, misturando-se aos povos da terra.
Além disso, deixou que seus filhos se unissem a mulheres moabitas e sabemos o que aconteceu depois: ele morreu, seus dois filhos morreram, deixando três mulheres viúvas. Seria um castigo??? Vamos analisar juntos!
A promessa de Deus (citada acima) permanece vigente para os judeus sempre que eles se conservam obedientes ao Senhor e entendem sua missão na terra. É claro que uma bênção mais definitiva chega a todos os povos da terra por meio de Jesus Cristo, descendente de Boaz e Rute.
Na versão hebraica do livro de Rute, a redenção é o conceito central do livro, vemos 23 vezes a palavra “redentor”, representado pelo personagem Boaz. E Rendentor significa “aquele que redime, liberta, aquele que tinha o direito de libertar propriedades ou pessoas”.
Essa historia é muito mais profunda do que esse simples relato. Aqui vemos uma família sair abastada (1:21). Nesse versículo e no anterior, Noemi aparece reconhecendo que o Senhor a afligiu… Ela saiu com bens, marido e filhos; e tornou-se pobre, viúva e desfilhada. Apesar disso, toma uma decisão importante: resolve voltar para sua terra: Belém (em hebraico, significa Terra do pão).
Essa decisão tomada por Noemi é a mesma que podemos tomar hoje: voltarmos para a bênção, para a proteção de Deus. Nesse caso, ao tomar essa decisão, Deus concedeu a Noemi mais uma bênção: uma companheira, Rute.
Nessa historia, vemos algo muito importante: uma estrangeira que ama a sogra e que passa a aceitar o seu Deus, o Deus de Israel, como o seu verdadeiro Deus (1:16), parece-me, por sua palavras, até mesmo antes de partir para Judá (1:6-22)! (Lembremo-nos que os moabitas eram um povo politeísta – Num. 25:1-3).
Noemi, com um ato de justiça, muda todo o curso de sua vida no momento que diz: “Voltarei para Belém da Judéia, vou sair do meio deste povo e voltar para o meu povo”, e, Rute, por sua vez, com um simples ato de justiça, passa a ser monoteísta, e vai para a terra da sogra dizendo: “Seu povo é o meu povo; Seu Deus é o meu Deus”…. Em outras palavras: o que você fizer, faço eu também.
Deus ama atos de justiça. É o que vemos ao longa das Sagradas Escrituras. Para citar um exemplo: Finéias, filho de Arão, com “um” ato de justiça fez cessar a praga que assolou o acampamento de Israel matando 22.000 (Num. 25:6-9)
Mas, o que Noemi e Rute vêm representando??
Nesse episodio, Noemi vem representando o povo judeu no futuro, e, Rute, todos os povos gentílicos que se voltam para o Deus de Israel, para guardarem suas leis e que, por isso, tiveram a permissão para participar da mesma promessa concedida a eles.
Observem que elas poderiam ficar unidas mesmo no lugar onde viviam. Mas não: para mudarem o curso de suas vidas, Noemi e Rute tiveram que voltar para Judá, para Belém, para A CASA DO PÃO, enquanto em Moabe tinham sofrido privações.
E assim fizeram. Voltaram no tempo da sega, o que por si só, serviu de previsão de abundância de bênçãos tanto materiais como espirituais, Isso constituiu uma autêntica restauração. E assim partiram numa viagem de apenas 80 km. Para nós, essa distância nada representa, mas para duas mulheres sozinhas, a pé, sob o sol escaldante do deserto, enfrentando sabe Deus lá que perigos, tratava-se de uma viagem de muito risco!
Já em Judá aparece-nos a figura de Boaz, possuidor de terras, um solteirão, já de meia-idade que tinha o direito de ser um de seus remidores, resgatadores. Vemos aqui uma figura paternal, observadora (2:1-23), que reconhece o esforço e as qualidades de Rute, uma mulher, jovem, indefesa e estrangeira. E age com atitude protetora em relação a ela.
A lei mosaica preceituava que se a viúva de um homem que não deixasse filhos desejasse vender sua propriedade e o o morto não tivesse irmãos, o parente mais próximo e herdeiro do defunto deveria comprá-la ou remi-la. Desse modo, a propriedade se perpetuaria na família.
Estava em uso também que o parente assumiria voluntariamente os deveres do levirato, ou tomaria para si a viúva em casamento, caso não desejasse arriscar sua própria herança. Quem assim fazia dava provas de grande magnanimidade e de ser leal a família. E o filho que eventualmente nascesse de tal união, por lei, pertenceria ao falecido.
Quem Boaz vem representando?
Cristo, o qual em sua graça realizou o propósito da redenção. Rute, como já mencionado, simboliza a noiva gentílica de Cristo, a Igreja.
Assim, vemos uma estrangeira que passa a amar e respeitar o Deus da sogra, O Deus de Israel, e que não só a aceita como integrante de seu povo, como também a escolhe para bisavó do homem segundo o coração de Deus: Davi, e, passa a fazer parte da linhagem de Cristo.
O que isso vem ilustrar?
Que assim como sucedeu à Rute, o mesmo acontece conosco quando aceitamos o Deus de Israel, confessamos o seu filho, Jesus, passando, então, a pertencer a sua família, a sua linhagem…
Lembrem-se do que disse Jesus em certa ocasião: “Minha mãe e meus irmãos são todos aqueles que fazem a vontade de meu pai”.
Deus exige devoção exclusiva (Num. 25-11). Não podemos estar divididos e se mostrar como “crente Raimundo” ou “crente-agente secreto”. Deus não aceita essa atitude.
Nossos laços com Cristo são laços espirituais, assim como o era o de Noemi e Rute, Obede, filho de Rute e Boaz, que foi criado nos braços de Noemi, como seu próprio filho (Rute 4:1-17).