Vasti X Ester
Epígrafe:
Prov. 16:18 – “O orgulho precede a ruína e a altivez à queda”.
I Pd. 5:5,6 – “Deus se opõe aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos sobre a potente mão de Deus para que no devido tempo Ele vos enalteça”.
Hoje nós refletiremos um pouco sobre o livro de Ester; os episódios ocorridos e o contexto histórico da época…
Contexto Histórico:
O povo de Deus foi punido por suas desobediências estando sob o cativeiro de povos estrangeiros por vários anos. Primeiro dos assírios, depois dos Babilônicos, quando por volta de 586 aC., Nabucodonozor destruiu e incendiou Jerusalém, queimou e saqueou o templo do Senhor e levou os judeus cativos para Babilônia (cumprindo-se profecias previstas por Jeremias – Jr. 25:11).
O império medo-persa se uniu por laços matrimoniais e conquistaram o reino do sul dos Babilônicos em 539 – 330. Os judeus ficaram, então, sobre o domínio Persa.
Apesar dos assírios e babilônicos terem deportados cativos para seus impérios, os medos-persas repatriaram os exilados em 538 aC. (cerca de 70 anos depois), quando Ciro deu ordens para começarem a reconstrução do templo de Jerusalém. Quarenta milhões de judeus foram autorizados a voltar a sua terra natal.
O rei Assuero, filho do rei Dário, também conhecido como Xerxes reinou de 486 a 465 aC. (21 anos). Dário escolheu Suzã como sua capital político-administrativa. Suzã era uma grande cidade, capital de um vasto império que ia da Índia, a leste, até a Turquia e Etiópia. As ruínas de Suzã encontram-se no Irã, perto da fronteira com o Iraque.
Suzã era a estância de inverno dos reis persas.E foi neste período que aconteceu o episódio descrito no livro de Ester…
O orgulho e o esplendor do império Medo-Persa foram expostos por 180 dias, pelo rei Assuero, reunindo apoio para a campanha que tinha pela frente contra os gregos. Como ponto alto de sua comemoração suntuosa foi um banquete de 7 dias, oferecido aos cidadãos de Suzã.
Nem mesmo à rainha era permitido entrar na sala do trono, a menos que fosse convocada.
Vasti (gentia) – No último dia do banquete, o rei já com o coração alegre, convoca, na presença de todos, a rainha Vasti, sua esposa, a fim de mostrar-lhes quão bela ela era.
Entendamos que uma convocação de um rei não era um mero convite, e sim uma ordem. Sabemos o desfecho desse episódio: Vasti se negou a atender o chamado do rei. Provavelmente talvez até pensando que por ser tão bela, ele a perdoaria.
Vasti tomou uma decisão insensata ao desafiar o marido. Tanto o rei quando seus conselheiros observaram que seu procedimento poderia trazer repercussões desastrosas para o reino.
Traços de sua personalidade que podemos detectar: orgulho, coração altivo, rebelião, confiança em si e não no Senhor, desrespeito e insubmissão ao seu cabeça e rei.
Desfecho: Foi deposta, banida, substituída e teve que viver em estado de viúvez o restante de seus dias.
Ester
Inicia-se a busca pela nova rainha….
A família de Ester foi levada cativa e escolheu ficar em Suzã.
Alguém pode se questionar do porquê após o rei repatriar os exilados alguns ficaram no país do qual eram cativos, como a família de Ester?
No caso de Ester, acredito ser porque havia um propósito divino, mas quanto aos demais, foi porque muitos foram nascidos e criados no próprio exílio, alimentados durante anos pelos pais acerca do grande sonho de um judeu exilado voltar para casa…
Mas o que fazer numa terra destruída e abandonada por 70 anos? Como sobreviver em meio ao deserto de uma terra esquecida? Reconstruir a vida em sua terra natal, para muitos naqueles dias, era uma tarefa impossível. Grande parte dos judeus preferiu continuar na Babilônia a ter que apostar no sonho de ver uma Jerusalém novamente erguida.
Ester, judia e seu nome verdadeiro era Hadassa, que significa “mirtilo”, nome de uma planta que é usada metaforicamente para simbolizar o perdão e aceitação do Senhor por seu povo. Uma judia, da tribo de Benjamim e que fôra criada por seu primo, Mordecai, desde a morte de seus pais. (Ester 2:5-12)
Observemos as qualidades de Ester:
1. Obediência e respeito por quem a criou. Ester, por obediência a ordem de Mordecai, manteve em segredo seu povo e sua linhagem mesmo depois de já ter se tornado rainha (Ester 2:10,20).
2. A graça, bondade e simpatia dela fizeram com que ganhasse a confiança, respeito, admiração e proteção de pessoas que teriam um papel de fundamental importância em seu futuro.
Ester, através de atributos que todo verdadeiro cristão deveria ser dotado, ganhou a proteção de Hegai, o eunuco (eunucos eram homens castrados que guardavam o harém. Por que eram castrados? Para se manter a legitimidade dos filhos do rei). Essa proteção trouxe benefícios preciosos à Ester:
a) Hegai colocou à sua disposição servas e a colocou nas melhores acomodações da casa das mulheres (Et. 2:9). Cumprindo-se a palavra de que o cristão não é cauda e sim cabeça;
b) Todas as mulheres, ao dormirem com o rei, tinham direito de lhe pedirem o que quisessem (Et. 2:13). Ester nada lhe pediu além do indicado por seu protetor: Hegai (atenção – observamos aqui a ausência de ganância); e
c) Por todos os seus atributos, conquistou o posto de rainha.
Houve uma determinada ocasião em que Ester também desrespeitou um decreto real, mas vejamos como foi que isso aconteceu…
Ester foi informada por fontes enviadas por Mordecai que estava determinado um dia para que seu povo fosse extinto pelo malévolo Hamã (agogeu = amalequita), que por seu marketing pessoal elevara-se à posição de vice-regente. E sabemos que sempre houve problemas entre os judeus e os amalequitas.
Agora, analisemos a situação de Ester, o conflito interno que devia estar: escolhida por sua beleza e pela atração que exerceu sobre o rei, sem nenhuma influência política, não era uma princesa, filha de um rei influente. Não havia sido chamada à presença do rei já há 30 dias. Devia estar em conflito, pois sabia que o rei tinha direito a quantas mulheres desejasse e não sabia se encontrara alguém do seu agrado. Órfã, judia (um povo que estava sujeito ao domínio persa), sem lar… que situação!
Ela então, pára e reflete nas sábias palavras de seu pai adotivo, Mordecai, que por ser um homem espiritual, teve discernimento de toda situação, e alertou a Ester mandando lhe dizer: (Et.4:14) “Quem sabe se não foi para um tempo como este que foste levada à realeza?”
Pela fé, nossa irmã Ester tomou uma decisão: Corajosamente formulou um plano, mesmo que significasse morrer tentando. Sabia que comparecer na presença do rei sem ser convocada significava morte (Et. 4:16).
Vejamos como foi seu preparo para falar ao rei… Notemos que ela em nenhum minuto se ensoberbeceu pondo sua confiança em sua beleza ou por ser rainha; ela, embora fosse dotada de ambos, pôs sua confiança em Deus e também em nenhum momento agiu com precipitação.
Na corte, ela aprendeu a preparar-se fisicamente, mas também havia sido ensinada a se preparar espiritualmente: (Et. 4:16). E a isso deu prioridade.
1) Mandou que reunisse os irmãos judeus e jejuassem por ela por três dias. Detalhe: noite e dia sem comer nem beber;
2) Ela e suas servas fizeram o mesmo;
3) Compareceu no jardim do rei, recebeu seu favor e falou-lhe com humildade e sem precipitação. Solicitando um novo encontro com o rei no dia seguinte… (Et. 5:1-4);
4) Preparou o espírito do rei, deixando-o alegre no banquete (vers.6-8; 7:1-10) e, obteve o favor do rei (Et. 8:1-10); e
5) E, a morte do inimigo dos judeus; Hamã.
Hoje, também estamos sendo convocado à presença do Grande Rei e Senhor, qual a resposta que estamos lhe dando?
Ele tem nos chamado para o ministério, tem poder de vida e morte sobre nós. Temos, prontamente, comparecido a presença de seus convidados?
Ele quer mostrar a beleza de “sua noiva” àqueles que tem chamado. Estamos prontos? Ou estamos agindo como Vasti? Temos, assim como Ester, respeitado não apenas quem nos criou, mas principalmente quem nos adotou por filhos?
Lembremo-nos de que:
Somos filhos de Deus por adoção, assim como Jesus era filho de José, esse processo dá àquele que é adotado plena posição e direitos dentro da família (Rm. 8:15-17).
No Novo Testamento, a adoção descreve o relacionamento do crente com o Senhor. Como filhas e filhos adotivos de Deus, iremos herdar um lar perfeito com Ele, enquanto isso, temos acesso imediato a Ele para buscar consolo, provisão e orientação.
Nenhuma posição privilegiada jamais pode isentar uma pessoa da responsabilidade de responder ao chamado de Deus.
Apesar da situação parecer perdida Deus nunca se encontra de mãos atadas.
Uma oportunidade dada por Deus é um privilégio concedido a um indivíduo. Quem sabe, se assim como Ester, não é por uma situação que está por vir que estamos na situação que nos encontramos hoje? Qual será o teu preparo????
Afinal, quem é você, Vasti ou Ester ?