Uma certa Aracy
Paranaense de Rio Negro, filha de pai brasileiro e mãe alemã, Aracy Moebius de Carvalho mudou-se para a Alemanha em 1934 para morar com uma tia e com o filho Eduardo, então com cinco anos.
Fluente em alemão, francês e inglês, encontrou trabalho no consulado brasileiro em Hamburgo, como chefe do setor de vistos. Chocada com a perseguição aos judeus promovida pelo nazismo, Aracy resolveu ignorar as determinações do Itamaraty para impedir a entrada dos “semitas” no Brasil e ajudou a conceder vistos a dezenas deles, talvez uma centena.
Segundo a Concise Encyclopedia of the Holocaust, editada pela International School for Holocaust Studies, Yad Vashem, Aracy começou a ajudar os judeus depois do incidente ocorrido na noite de 9 de novembro de 1938, que ficaria conhecido como Kristallnacht – Noite dos Cristais. Naquela noite, hordas nazistas na Alemanha e na Áustria atacaram e destruíram sinagogas, residências e estabelecimentos comerciais judaicos, matando cerca de 90 pessoas, marcando o início da repressão aos judeus que terminaria na “solução final”, o extermínio puro e simples.
Testemunhos de judeus que foram salvos por Aracy contam que ela os acompanhava até o camarote do navio para assegurar proteção diplomática e, muitas vezes, levava as jóias, bens e dinheiro dos refugiados em sua bolsa para evitar que fossem confiscados pela polícia nazista.
Em 1938, o diplomata João Guimarães Rosa, que depois se tornaria um dos maiores escritores brasileiros, foi nomeado cônsul-adjunto em Hamburgo. Ele teve pleno conhecimento da “transgressão” de Aracy e lhe deu apoio. Casaram-se em 1940 e ela se tornou Aracy de Carvalho Guimarães Rosa . Viveram em Hamburgo, sob bombardeios da RAF (Royal Air Force), até voltarem ao Brasil, em 1942.
A solidariedade do casal a perseguidos não se limitou à época do nazismo. Em 1964, eles ajudaram o jornalista e crítico literário Franklin de Oliveira a se exilar. Em 1968, quando as trevas do AI-5 desabaram sobre o País, Aracy, já viúva, escondeu em sua casa no Rio de Janeiro o cantor e compositor Geraldo Vandré, perseguido pela repressão política.
Pelo seu trabalho em Hamburgo, em 1983 Aracy de Carvalho Guimarães Rosa foi incluída entre os quase 22 mil nomes que estão no Jardim dos Justos, no Museu do Holocausto, em Jerusalém. Tratase de uma homenagem e um reconhecimento que o Estado de Israel presta aos góim (não-judeus) que ajudaram judeus a escapar do genocídio. Entre os mais famosos estão o empresário alemão Oskar Schindler – que inspirou o filme A lista de Schindler, de Steven Spielberg – e o diplomata sueco Raoul Wallenberg. Apenas outro brasileiro, o embaixador Luiz de Souza Dantas (1876-1954), recebeu a mesma honraria, em 2003.
Extraído de http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/1994/artigo70598-1.htm
As Sagradas Escrituras ensinam que “bem-aventurados são os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mateus 5:3-12).
Além disso, Jesus ordenou, como segundo mandamento, que amássemos nosso próximo como a nós mesmos.
Certamente, Aracy amou o seu próximo, dele tendo caridade e por isso, tornou-se bem-aventurada aos olhos de Deus, como exemplo não apenas às mulheres, mas a homens, crianças, etc.
É como diz o apóstolo Paulo:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse caridade, {ou amor} seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria.
A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece,não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
A caridade nunca falha; mas, havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.
Mas, quando vier o que é perfeito, então, o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade, estas três; mas a maior destas é a caridade. (1 CO.13)
Que Deus abençõe ricamente o caminho daqueles que praticam o amor ao próximo!