Por que Deus permite o sofrimento?
Deuteronômio 30:15: “Vejam que hoje ponho diante de vocês vida e prosperidade, ou morte e destruição”.
Este é um tema complexo, pois não envolve somente uma linha reta de respostas, mas uma variante que se tentará discorrer.
A dor e o sofrimento tem muitas facetas, nem sempre é clara aos olhos daquele que está sofrendo e aos olhos do próximo, porque nem sempre é palpável e compreensível aos olhos humanos.
Mas de onde vem o sofrimento e por que Deus permite que as pessoas sofram? Como e o porquê começou o sofrimento?
O sofrimento começou pelo pecado da desobediência de nossos pais no Éden, quando desobedeceram a ordem de Deus comendo da fruta proibida (Genesis 3:1-6). A partir de então, o pecado passou a fazer parte do mundo, atingindo a todo o ser humano. A sentença de Deus para Adão foi a limitação do seu tempo de vida na terra e a morte.
Desta forma, o sofrimento passou a fazer parte da vida do ser humano. Adão, que vivia no paraíso, passou a ter que prover o seu alimento com o suor do rosto. Ademais, a concepção e o nascimento dos filhos foram determinados por Deus que seria com dor, assim como a terra passou a produzir espinhos e abrolhos, dificultando a sobrevivência do homem. A partir daí, a condição do homem mudou e todos passaram a ser pecadores; logo, o sofrimento foi a consequência do pecado (Romanos 5:12).
O caminho para amenizar o sofrimento causado pela desobediência
A primeira conclusão a que se chega é que o sofrimento veio pelo pecado, através da escolha dos nossos primeiros pais, e foi passado a toda raça humana, mas pode-se escolher praticar ou não o pecado, porque o livre arbítrio continua com o homem. Deus deu-lhe a escolha deixando claro neste versículo de Deuteronômio 30:15 “Vejam que hoje ponho diante de vocês vida e prosperidade, ou morte e destruição”.
Deus deu ao homem um código de vida, qual seja, a Torá. Este código se cumprido visava amenizar o sofrimento nesta terra. Ele delineou ali dois caminhos do bem ou do mal, e concedeu a liberdade de escolha, ou seja, o livre arbítrio. Quando Deus deu o este código de vida a Moisés, ou seja, os mandamentos, ele falou a todo ser humano, pois a lei foi dada ao homem como ser humano e não ao judeu somente.
Por esta determinação de Deus, fica claro que se o homem obedecer a lei de Deus a vida será feliz e próspera; do contrário, se o homem não guardar os mandamentos, que nada mais é do que o código deixado por Deus, gerará o sofrimento, pois tudo o que foi deixado ali é para que a vida do homem nesta terra seja plena.
As consequências do Livre arbítrio.
Deus deu um livre arbítrio ao ser humano para escolher o seu caminho, mostrando dois caminhos o bem ou o mal. Então, o sofrimento é permitido por Deus, mas é o homem quem faz a escolha. De todos os seres do planeta criados por Deus, só ao homem foi concedido o direito de escolha.
Há dois tipos de sofrimento que atingem a pessoa: aquele que é ocasionado por ela, e aquele praticado por ato de terceiro, do qual a pessoa não participa do ato, mas sofre as suas consequências. Neste caso, também se incluem os sofrimentos que vem do proceder individual que atinge o coletivo, que são os praticados por nações déspota, opressoras, idólatras, povos com grande tendência ao pecado, assim como outras situações.
Escolhas que desrespeitam as regras deixadas por Deus: decisões pessoais decorrentes do livre arbítrio que afetam e a saúde e outras áreas da vida
Muitos sofrimentos são provenientes das escolhas erradas que o ser humano faz.
Não é incomum a pessoa ter consciência de que o que está fazendo é errado, que não vai dar certo, mas ainda assim se arriscar a praticar o que escolheu.
Um fato comum é viver de forma desregrada, sem respeito às leis naturais sem respeito ao próprio corpo, praticando a luxúria, o adultério e outros pecados que causam danos ao corpo, que levam muitas vezes a catástrofes física e financeira, algumas vezes com dissolução da família, gerando muitos sofrimentos. É o caso de jovens solteiros que, ao viver uma vida desregrada e impensada, podem gerar filhos sem que haja uma estrutura para criá-los de forma adequada. Isto trará sérias consequências pois, ao não receberem a formação necessária, esses filhos podem se transformar em seres humanos nocivos a si e a sociedade.
Ou ainda o casamento entre pessoas incompatíveis, com ou sem consciência de que dará certo. Quando isto dá errado vem os infortúnios, porque o parceiro ou parceira pode ser violento(a), sem afeição natural, sem bons propósitos, sem amor.
As consequências deste ato acarretarão sofrimento não só para os diretamente envolvidos, mas para os que estão em volta, como irmãos, tios, avós, e em especial, para os filhos que sofrerão das mais diversas formas, como maus tratos, falta de afeto, a delinquências, os vícios, a falta de condições de sobrevivência e muitas vezes ó desfazimento do próprio vínculo familiar.
Outro exemplo de que escolhas individuais que causam sofrimento são os inúmeros problemas de saúde que podem afligir o homem por conta de uma alimentação inadequada, ou consumo de substâncias nocivas à saúde como drogas e bebidas, causando graves doenças com muito sofrimento à própria pessoa. E o mais trágico de tudo isso é que atingem às vezes terceiros, como é o caso dos alcoólatras que podem causar acidentes de trânsito, com grandes tragédias envolvendo a vida de pessoas inocentes que podem morrer ou ficar incapacitadas.
A alimentação de coisas proibidas por Deus consideradas imundas para a alimentação é pecado, causando malefício ao corpo, causam doenças que levam muitas vezes a morte com sofrimento. Deus sabe o que é bom para o homem; a desobediência a suas normas leva a contaminar o templo do Espírito Santo que é o seu corpo.
O tabagismo é outro mal à saúde. O dano que o fumante causa à sua saúde já é conhecido por todos e muito documentado pela medicina. As doenças relacionadas com o fumo encurtam e ceifam muitas vidas. Os viciados morrem muitas vezes de câncer ou de outros problemas pulmonares de forma lenta e sentindo dores extremas.
Alguns problemas físicos e psicológicos são o resultado do abuso não só do álcool, mas também de outras drogas. Pessoas que tem esse tipo de comportamento e hábitos, além de correr o risco de diminuírem sua expectativa de vida também trazem enormes prejuízos às suas famílias e amigos e a sociedade de maneira geral.
Todos os vícios de forma geral são pecados, ocasionando muitos males e sofrimentos. São atos degradantes ao ser humano que os pratica, mas foram escolhas decorrentes do livre arbítrio.
Nesses casos, por que um Deus Amoroso Permite o Sofrimento? Deus é amoroso, Ele não impõe o sofrimento, mas consente, porque a pessoa fez a escolha buscou.
A Bíblia adverte:
Provérbios 1:31: “Portanto, comerão do fruto do seu procedimento e dos seus próprios conselhos se fartarão”.
Oséias 10:13: “Arastes a malícia, colhestes a perversidade“, diz o profeta.
Provérbios 22:8: “O que semeia a injustiça segará males; e a vara da sua indignação falhará”.
Em cada caso, a lei do semear e colher, remonta à justiça de Deus e é tão certa como a vida que Deus deu a cada um. Então, fica claro todo o ato, certo ou errado, tem consequências.
Deus não impede o sofrimento, pois as pessoas optaram por uma forma de vida que, por suas atitudes, geram o próprio sofrimento. Deus permite que o homem exerça o livre arbítrio, e sofra as consequências. A Bíblia deixa isto claro:
Gálatas 6:7: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”.
Provérbios 22:3-8: “O prudente prevê o mal, e esconde-se; mas os simples passam e acabam pagando”.
Deus é categórico sobre dois caminhos a seguir, o bem ou mal, com as consequências de bençãos ou maldições bem expressas no livro de Deuteronômio 28.
As promessas de Deus para quem o serve são muitas, de vida longa e bem-estar em tudo o que fizer, desde que guarde os seus mandamentos. Como já se viu, muitos dissabores e sofrimentos são originados para a pessoa que não o serve e aceita o risco, cometendo coisas que não agradam a Deus.
O Sofrimento coletivo causado pela falta de condições normais de vida
Há muitos sofrimentos coletivos causados por governantes maus, que não governam para o seu povo, mas para si. Muitos sofrem pela miséria que vem por políticas equivocadas de governantes.
Todos sofrem, mas Deus sempre tem um escape para aquele que o serve. Deus destruiu nações e reinos inteiros pela maldade dos povos, e sentenciou a todos os Israelitas de que desobedeceram a Ele. As consequências neste caso são coletivas. O sofrimento é gerado para os bons e aos maus. Tudo isto advém pela conduta humana.
Isaías 24:4-5: “A terra pranteia e se murcha; o mundo enfraquece e se murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra. Na verdade, a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, e quebrado a aliança eterna.”
Muitas causas coletivas do sofrimento são permissão de Deus. Ele é misericórdia, mas é justiça e juízo, e o bom muitas vezes sofre junto. Estamos vivendo uma pandemia que atingiu a todos. Deus está dizendo alguma coisa; o pecado está aí, o mundo está corrompido; por isso, só a misericórdia dele pode salvar. Deus poupa o seu povo, mantendo o alimento em sua mesa, um teto para morar, os empregos, a saúde, mas calamidades são permitidas.
Os sofrimentos causados por Satanás
A extensão da influência e do poder de Satanás é claramente revelada na Bíblia. Apocalipse 12:9 nos diz que ele “engana todo o mundo”. João escreveu: “O mundo todo está debaixo do poder do Maligno” (I João 5:19).
Ele tem enganado as pessoas, levando-as a crer que o seu caminho do egoísmo e do pecado é melhor que o da obediência aos mandamentos de Deus. Infelizmente, a humanidade tornou-se vítima das artimanhas de Satanás e não consegue enxergar o sofrimento causado pelo pecado. (Mateus 4:3).
Ao longo da história, ele tem sido bem-sucedido em influenciar as pessoas a se entregarem à imoralidade, à depravação de seus apetites carnais e a criarem situações de animosidade às mentes humanas receptivas. Satanás é inimigo do homem; ele é “um homicida desde o princípio” (João 8:44). A intenção de Satanás sempre foi a de tornar a vida humana miserável e, finalmente, destruir a todos (I Pedro 5:8).
Alguns aspectos do sofrimento de quem serve a Deus
Situações de sofrimento vem com a perda de um ente querido, condições materiais adversas, doenças, guerras, terremotos e furações entre outros. Os problemas que passam a ser sofrimento vem por muitas razões, nem sempre por usar o livre arbítrio de forma equivocada, mas por circunstâncias várias nas quais o sofrimento se mostra como uma forma de lapidação do ser humano, principalmente do cristão.
Algumas causas hão que ser analisadas:
a) O Sofrimento para a correção
Quando há a correção de Deus há que se sentir feliz, pois o sofrimento pela correção demonstra que Deus ama a quem corrige. A correção visa alertar, visa despertar a pessoa que fez algo errado ou está indo para o lado errado sem perceber. Se sua consciência não se encontra cauterizada irá retroceder do caminho errado.
Hebreus 12:11: “nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados”.
b) O Sofrimento que fortalece
Muitos sofrimentos vêm para pôr a prova para ver até onde se resiste sem desanimar de servir a Deus. Quando o sofrimento passa, a pessoa sai fortalecida. O sofrimento faz o homem repensar suas ações e melhorar como ser humano.
Cristo disse: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo. Eu venci o mundo” (João 16:33).
I Pedro 1:67: “Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo”.
c) Sofrimento como convite ao arrependimento e perdão do pecado
A Bíblia diz o que o homem semear isto ceifará. Deus não manda castigos, mas manda correções. Muitos sofrimentos ou correções vem para que se possa produzir arrependimento em cada um, pois a Bíblia não mente. O que plantar o homem colherá, deve-se dar valor a isto, porque quando se sofre por ter pecado, é Deus dando a chance de pedir perdão. Isto é gratificante, porque Ele está se importando com a pessoa.
“Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido. Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês” (I Pe 5:6)
Os Sofrimentos provenientes de situações não aparentes
O sofrimento mais difícil de compreender talvez seja aquele que parece surgir do nada e sem motivo aparente. Há que se compreender que tragédias individuais podem vir de coisas das quais não se tem controle e que são impossíveis de se prever. Em tais situações, as Escrituras encorajam a orar, pedindo a Deus para resolver ou aliviar o problema ou ajudar a lidar com a dificuldade e aprender com ela. Em Sua sabedoria, nosso Criador nem sempre dá as respostas que se deseja. Raramente, Ele revela a razão específica da decisão que toma.
Contudo, Ele sempre tem uma boa razão. Paulo tinha um espinho na carne, que se infere ser uma enfermidade, que, sem dúvida, era um incômodo, mas Deus decidiu não intervir, apesar das súplicas de Paulo (II Coríntios 12:7-10). A resposta de Deus a Paulo foi: “A minha graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”.
Deus sabe o que vai no íntimo de cada um; Ele age de determinada forma, prevendo o que pode acontecer caso seja feita sempre a sua obra na vida da pessoa. Esse exemplo de Paulo ajuda a compreender que a perspectiva de Deus é diferente do ser humano. Ele põe as lições de caráter que se deve aprender em circunstâncias difíceis, acima de conforto físico e mental.
Em tais ocasiões, pode-se pensar que Deus não ouve as súplicas, mas Ele ouve. A grande verdade é que o ser humano deseja sempre que a sua vontade seja satisfeita, mas a verdade é que nem sempre a sua vontade é a de Deus. O “não” de Deus pode ser o melhor para a pessoa, mas é difícil aceitar o não e compreendê-lo. Mas Deus sempre diz: “Eu tenho em mente algo melhor para ti”.
Deus nunca vai testar além de capacidade de resistir (I Coríntios 10:13). Quando se estiver sobrecarregado com sofrimentos que Deus permitiu e que depende da vontade dele, então, deve-se seguir este conselho bíblico de Pedro: “Portanto, se vocês estiverem sofrendo segundo a vontade divina, continuem a fazer o que é direito e entreguem-se aos cuidados do Deus que criou vocês, pois Ele nunca faltará” (I Pedro 4:19).
Muitas causas do sofrimento possam ser encontradas em escolhas e ações específicas, nesta vida, por vezes, simplesmente não se pode saber porque as tragédias acontecem. Há que se continuar a fazer o que é direito e entregar-se aos cuidados de Deus, pois Ele nunca faltará. Dizer que aquilo que é mau em determinado momento pode ser algo bom no futuro parece inconcebível, mas é assim que Deus age.
Salmos 9:9: “O Senhor é refúgio para os oprimidos, uma torre segura na hora da adversidade”.
Jeremias 29:11 ”Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês’, diz o Senhor, ‘planos de fazê-los prosperar e não de causar dano, planos de dar a vocês esperança e um futuro”.
O que há de positivo no sofrimento?
A fé opera a paciência no sofrimento, que leva à perfeição. O sofrimento lapida o ser humano que aprende lições com os dissabores. Uma doença inesperada, uma perda de um ente querido levam a repensar a sua trajetória e muitas vezes convergir se ela estava errada. Há que se ter como certo que Tiago já alerta: “Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações; sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência. Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma” (Tg 1:2).
Romanos 8:18: “Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora”.
Conclusão:
Deus permite o sofrimento, mas nem sempre interfere nele. Deus deu ao homem dois caminhos: o bem ou o mal. O homem tem o livre arbítrio, pois Deus lhe deu um código de valores para que possa andar nesta terra e tudo possa ir bem.
O homem, por suas escolhas, muitas vezes escolhe o caminho do sofrimento. Deus pode ajudar a pessoa, mas as escolhas são do homem, o livre arbítrio nem sempre é usado bem.
Os sofrimentos coletivos, pobreza, fome e tantos outros, são causados por pecados de nações, governantes depostas, por pessoas individuais que não agradam a Deus, permitindo dessa forma o sofrimento. Não porque Deus é mal, mas porque o fruto do pecado é a morte.
Muitos sofrimentos que vem aos que servem a Deus advém da abertura de brechas na casa espiritual, podendo advir do Tentador que exerce toda a sua força contra o ser humano. Alguns sofrimentos permitidos por Deus aos que lhe servem vem para corrigir, provar a fé e lapidar. Deus sempre protegerá os seus servos, pois mesmo que se permita o sofrimento Deus dará força para que o vença.
Deus permite o sofrimento, mas ele não é o causador, mas sim o homem quando exerce mal o seu livre arbítrio.