O que é ser um cristão?
Texto: Atos 11.25-26
Introdução: Em Antioquia, na Síria, os discípulos foram, pela primeira vez, chamados “cristãos”. Não sabemos em que contexto este termo foi usado pela primeira vez, mas com o tempo se tornou usual.
Durante muito tempo, ser cristão era trazer sobre si um risco de morte. No Império Romano, muitos foram lançados aos leões, queimados como lamparinas vivas, viviam escondidos em cavernas e andavam errantes pelas montanhas. Homens dos quais, segundo o livro de Hebreus, a terra não era digna deles.
Hoje, inúmeras pessoas são identificadas como cristãs, mas o que isso significa?
Muitos se autodenominam cristãos por serem membros de uma denominação, adeptos de uma religião, frequentadores de cultos ou simpatizante do Evangelho.
Mas ser cristão vai além… Ser cristão é ter experiência pessoal com Cristo. Crer, aceitar e batizar é o início do processo. Andar com Cristo, ter compromisso, ser discípulo, obedecer, abrir mão de suas vontades para poder servi-lo são indícios de uma vida cristã. Cristo nos orienta a sermos seus imitadores.
Tornamo-nos semelhantes a alguém, quando andamos sempre com esse alguém. Tornamo-nos semelhantes a Cristo, quando andamos com Cristo, quando ouvimos o que Ele nos tem a dizer, quando conhecemos o que Ele quer pra nós, quando deixamos de fazer nossa vontade para não feri-lo. Cristo é nosso irmão e sempre faz a vontade do nosso Pai e assim, também nós devemos proceder. Nosso caráter e atitudes vão sendo moldados como resultado de nosso caminhar com Cristo.
Essa vida é apenas um laboratório para forjar o caráter dos que merecerão viver com Ele por toda a eternidade.
A trajetória de uma vida cristã é ser um pecador, querer o perdão e a transformação por meio de Jesus, batizar e começar a multiplicar o talento. Cristo dizia: “O Senhor me ungiu para evangelizar os pobres, curar os quebrantados do coração, apregoar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos, por em liberdade os oprimidos” (Lucas 4:18). Estamos trilhando suas pisaduras ou estamos parados em algum momento dessa trajetória?
Irmãos, temos um Deus tão amoroso, tão misericordioso, que ama incondicionalmente os que O amam e que entende as fraquezas humanas. Penso em como trataríamos um homem com o passado de Davi. Deus não chama os perfeitos, mas aperfeiçoa os chamados. Senão, vejamos:
Davi era o caçula de sua casa. Não vemos menção de sua mãe nos episódios em que o profeta Samuel vai ungi-lo. Sabemos que era bisneto de uma grande mulher: Rute, a moabita. Era o menor, o último. Seus irmãos eram fortes e faziam parte do exército, mas ele apenas apascentava o rebanho. Sua profissão já tinha um cunho profético.
Jessé nunca imaginou que seu filho caçula, pastor de ovelhas, pudesse ser o rei de Israel. Samuel também foi influenciado pela aparência e pela força dos irmãos de Davi. O mundo julga as pessoas por sua aparência, seu nível educacional e suas posses materiais. Mas o próprio Deus disse a Samuel: “O homem vê a aparência, mas Deus o coração”.
O próprio nome de Davi significa “amado”. Embora tenha sido desprezado por todos, ele era amado por Deus. Mesmo que o mundo nos despreze, inclusive nossos amigos ou familiares, somos amados por Deus. Ele nos aceita com base no seu amor e não na nossa condição. Ele nos vê segundo o que traçou para nós, baseado em quem você é no íntimo.
Davi recebeu a unção que o conduziria ao trono. Na guerra contra Golias, nenhum de seus irmãos conseguiu enfrentar o gigante. Todos do exército olharam o tamanho do homem, mas apenas Davi, que nem fazia parte dele, não viu o gigante, mas apenas quem era o Deus que o faria cair: “Quem é esse incircunciso para afrontar o exército do Deus vivo?”
Olhos não espirituais como o de Golias, viram apenas um rapazinho que veio para enfrentá-lo e com desprezo, chama-o de “cão morto”, algo insignificante. Mas Davi, confiante, diz: “Hoje mesmo Deus te entregará em minhas mãos e eu cortarei a tua cabeça. Tu vens a mim com espada e lança, mas eu vou a ti em nome do exército do Deus vivo”.
Essas palavras e essa confiança fazem toda a diferença para ser um cristão. Cristão não é um ser perfeito. Sabemos o que Davi fez em momentos de fraqueza, mas seu amor, o reconhecimento dos erros, o arrependimento e o desejo de melhorar iam além de seus atos, chegando até o coração de Deus.
Pedro, pouco antes da morte de Jesus, lhe diz: “Eu dou minha vida por ti!”. Jesus tristemente o olha nos olhos e disse: “Darás sua vida por mim? Pedro, hoje mesmo antes que o galo cante, três vezes me negarás”. Nós sabemos que Pedro o negou e que chorou amargamente por isso.
Após a ressurreição, em uma de suas aparições, Jesus o olha e lhe pergunta: “Pedro, tu me amas?” E Ele responde, agora não mais da mesma forma, com a mesma segurança, mas intimidado por seu erro, decepcionado consigo mesmo, não se achando digno diz: “Tu sabes que o amo”
Jesus repete três vezes a mesma pergunta e apenas na terceira vez Pedro usa um verbo para descrever seu amor de forma intensa e profunda: “Tu sabes que eu te agapo, Senhor”. Ele não confiava mais em si mesmo, mas naquele que tinha dito o que ele faria. Ele se coloca à mercê de Cristo para que Ele decida por ele. E Cristo então lhe responde: “Apascenta as minhas ovelhas”, ou, em outras palavras, “agora você está pronto para apascentar”.
Está escrito que Deus avisou o homem que, após o pecado, a terra produziria espinhos e abrolhos (Gênesis 3:17). Ou seja, Deus se referia às dificuldades e provas que tornam nossa vida uma vida de trabalho e cuidados. Espinhos nos ferem, mas eles foram designados para o nosso bem. Às vezes nos desesperamos, murmuramos e ficamos imaginando porque só conosco acontece isso ou aquilo. De acordo com a pedagogia divina, são parte da educação necessária para nossa regeneração ao homem espiritual. Os abrolhos (cardos) produzem flores e os espinhos estão ocultos protegem as rosas.
Deus é amor, irmãos, e as dificuldades nos tornam melhores, nos transformam, nos educam. Moisés orou: “Rogo-te que me mostres a Tua glória” (Êxodo 33:18-19). Adonai lhe respondeu: “Farei passar toda minha bondade diante de ti”. Parece uma resposta estranha, mas ESSA É A GLÓRIA DE DEUS: SUA BONDADE! Ao passar, ele proclamou: “YHWH, Deus misericordioso e clemente, tardio em irar-se, abundante em benevolência e verdade, que guarda a beneficência para com milhares, perdoando o erro e a transgressão e o pecado” (34:6,7)
Essa é a essência de Deus e é também a essência que devemos buscar para sermos verdadeiros cristãos. A essência de Deus é a bondade, assim como também deve ser a nossa.