Conflitos espirituais e as formas de vencê-los
Romanos 7:15-23
Vemos que Paulo nos mostra que nós, os humanos, mesmo conhecedores da Lei de Deus, lutamos ainda assim contra as algemas do pecado, em um embate espiritual muito grande. Paulo deixa claro e patente que este corpo está propenso ao mal em: Romanos 7:15: “Porque o que faço, não aprovo; pois o que quero isto não faz, mas ao contrário faço aquilo que aborreço”.
O Apóstolo nos dá um alerta da nossa abertura para a carne. Somos corpo carnal e pecador, quando aceitamos a seguir a Jesus, nos propusemos a galgar a busca celestial, ou seja, caminharmos para ser o homem espiritual. Mas esta luta nem sempre continua muito certa em nossas vidas, e sobre isto há que se vigiar a cada instante. Vejamos o que Paulo nos diz aos Romanos 7:19: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço”.
O alerta de Paulo é que a propensão material causada pelo pecado desta carne e pela luta com as potestades malignas tendem a levar o homem ao pecado, diretamente ou indiretamente. O cristão há que ter os freios da consciência, que é o seu termômetro para evitar de cometer o pecado.
No versículo 22-23, ele afirma que: “Porque, segundo o homem interior tenho prazer na lei de Deus. Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado que esta em meus membros”.
Deixa claro que, embora tenhamos prazer em servir a Deus, há uma batalha contra a lei do nosso corpo corrutível. Aprendemos a servir a Deus, compreendemos a sua lei mas há muitas coisas que podem nos prender ao pecado.
São os resquícios de pecados que podem ser não coisas deliberadas, mas aquelas que trazemos do velho homem, que quase sempre é a nossa natureza, quer seja a herdada, aquela que não nos transformamos, quer seja aquela que resolvemos viver. Ou seja, muitas vezes sabemos o que desagrada a Deus, mas continuamos a ditar nossas regras através do nosso eu, que se exterioriza pelo nosso comportamento e nos corrompe, fazendo marcas profundas em nossas vidas.
Portanto, ele ainda conclui no verso 24: “Miserável homem que sou! Quem me livrara do corpo desta morte?” Então, o que faremos com os nossos conflitos espirituais que podem nos levar à morte?
Como vencê-los no dia-a-dia? São várias coisas que devem ser analisadas, não podemos ser simplistas achando que tudo é provação, que tudo é tentação. Enfrentamos muitas lutas advindas de três espécies:
1) A primeira grande luta que travamos é contra a nossa natureza carnal:
Lutamos contra a nossa natureza carnal que devia estar morta para que a espiritual prevaleça, mas nem sempre isto acontece. A luta é árdua para vencer a carne. Os pecados advindos da falta de transformação, da falta de mudança, via de regra, são os mais comuns, pois não houve a santificação necessária.
Aqui se concentra a maior parte dos pecados que cometemos contra Deus e contra o próximo. Fala sempre no ser humano o eu, que se manifesta de muitas maneiras: não mudamos a nossa natureza que adquirimos antes de aceitarmos Cristo, não nos humilhamos nos momentos que devíamos nos humilhar, ou, ainda não nos transformamos em novidade de vida, entrando assim o pecado que é uma chaga espiritual e que pode nos levar a perdição.
Nada adianta a confissão destes pecados todos os anos se não o deixarmos. A Bíblia diz aquele que confessa os seus pecados e os deixa alcançara misericórdia. Mas os pecados reiterados nos levam à morte (Provérbios 28:13; Salmos 32:1-2).
1.1. O que a Bíblia nos diz a respeito deste conflito espiritual e como vencê-lo?
a) Todos que foram batizados em Cristo foram sepultados, matando aquele velho homem, para nascer um novo homem que caminhará para o corpo espiritual (Romanos 6:3-7). O corpo só será transformado em corpo incorruptível para a vida eterna se formos novas criaturas. Devemos andar em novidade de vida. Novidade significa ser novo e para ser novo o velho homem deve desaparecer.
b) Perseverança: Ninguém que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus (Lucas 9:62). Se optamos por servir a Deus, não podemos ficar em cima do muro indecisos. Nada mais triste do que pessoas que fazem tudo de forma vacilante. Não podemos querer servir a Deus e continuamos estáticos, sem mudança nenhuma.
O ponto chave da espiritualidade, além da guarda dos mandamentos, é sermos movidos pela mudança diária, lapidando a nossa natureza terrena. Esta natureza muitas vezes má e tendenciosa ao pecado. Quando há o novo nascimento, acabam-se as dúvidas, medos, inseguranças, e entram a fé, coragem, determinação e segurança, pois a direção de Deus é corretíssima, e quem anda sob essa direção, e é nascido de Deus, não se perde nem se desvia: “Lâmpada para os meus pés e tua palavra, e luz para o meu caminho” (Salmos 119.105).
c) Não participando das coisas do mundo que nos levam a desviar o foco do alvo da nossa salvação
“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimente, qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2).
Os resultados são desastrosos para aqueles que aprendem a prática da justiça, mas e se tornam pecadores contumazes, sem nenhuma direção ou propósito. Neste sentido, em I Coríntios 15:34, o apóstolo Paulo nos convida para voltar-nos para a justiça e sermos sóbrios: “Tornai-vos à sobriedade, como é justo, e não pequeis; porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa”.
Em I Coríntios 15:31, o apóstolo Paulo ensina que nosso batismo não tem valor quando nos mantemos como velhos homens ou mulheres. A verdadeira vida só começa com a morte do “eu”. O apóstolo Paulo explica com clareza sobre ressurreição dos mortos, confessando solenemente que: “Eu vos declaro que cada dia eu morro, gloriando-me em vos irmãos por Cristo Jesus…”.
Toda preferência tem consequências com frutos resultantes das nossas escolhas. Qualquer que seja nossa escolha, por opção, beberá do cálice da ira de Deus ou do cálice da salvação.
2) Segunda luta terrível para o cristão é a tentação
“Sabemos que não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas contra os principados e as potestades malignas, deste mundo tenebroso” (Efésios 6:12).
Tenhamos sempre em mente, o diabo não chega naquele que está firme em Cristo. Ele sempre se aproveita das armas que você mesmo dá, ou seja, deixamos frestas em nossa casa, fazemos pecados muitas vezes pequenos, mas que podem ser muito maiores quando Satanás entra. Nesta luta temos que vencer com oração, nos guardando de praticarmos aquilo que desagrada a Deus, pois Deus sempre estará do nosso lado em algum ataque se estivermos ligados a ela.
Neste sentido, temos que ter consciência de que Deus a ninguém tenta, conforme ensina Tiago 1:14. Temos que saber que ninguém é tentado por Deus. Como já colocamos, a tentação é provocada por nós mesmos, damos as armas ao inimigo de nossas almas: Vejamos: “Ninguém, sendo tentado diga: de Deus sou tentando, porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência, depois havendo a concupiscência concebida, dá a luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”.
Portanto, o cristão, para não ser escravo de si mesmo, para não passar da condição de filhos para bastardos, deve ter sempre em mente: mortificação da carne, ou seja, mudança do homem animal para o homem espiritual.
2.1. O apóstolo Paulo, em II Coríntios 2:11, menciona que não devemos ignorar os ardis satânicos. Há alguns pontos de onde podem advir as tentações que a Bíblia nos aponta
a) Concupiscência (desejo intenso de bens ou gozos materiais e/ou Apetite sexual):
“Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz” (Tiago 1:14).
b) Cobiça (desejo sôfrego, veemente, de possuir bens materiais; avidez, cupidez e/ou Ambição desmedida de riquezas): “Ora os que querem ficar ricos caem em tentação e ciladas, porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males…” ( I Timóteo 6:.9,10; Provérbios 28.20).
c) Más companhias: “Filho meu, se os pecadores querem seduzir-te, não o consintas.” (Provérbios 1.10, 7.6; 16:29). Outra forma esplêndida que é usada pelo diabo para tentar o homem é as amizades que ele faz nascer entre os servos e os filhos das trevas. Estas amizades têm corrompido a vida espiritual dos filhos de Deus, pois, esses, quando induzidos, partem para a prática de atos que não condizem com o procedimento que deve ser observado e vivido. Não há um grupo social que seja mais propício a ser tentado pelo diabo do que os jovens. Vemos na Bíblia que todos estão sujeitos à tentação, mas muitas vezes os jovens menos experientes ficam mais suscetíveis às tentações. Claro que os cristãos são o alvo principal dele, afinal, os que andam nas trevas já lhe pertencem.
d) Em meio à pobreza: “empobrecido, não venha a furtar, e profane o nome de Deus.” (Provérbios 30:9). Fica claro que o pobre, em meio às muitas dificuldades que lhe sobrevém, pode ser alvo das tentações e precisa vigiar constantemente para não cair nas ciladas do diabo. A murmuração, o descontentamento, a inveja, a infelicidade, etc. podem ser instrumentos usados pelo inimigo para tentação.
e) Em meio à riqueza: “estando eu farto, te negue e diga: Quem é o Senhor?” (Provérbios 30.9). A prosperidade, em muitos casos, é a desgraça do homem, pois, levado pela sensação que tudo pode, esquece-se de Deus, negando-lhe no dia-a-dia. Soberba, indiferença, altivez, etc. estão sujeitas a nascerem nos corações mais abastado.
2.2. Vejamos o que a Bíblia nos diz sobre como escaparmos da tentação:
a) O texto de I Coríntios 10:13 diz: “Não veio sobre vós tentação, senão humana, que não vos deixará tentar acima do que podeis resistir, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar”. Devemos compreender que não há tentação da qual não se possa escapar.
b) Vigiar e orar sempre: “Orais para que não entreis em tentação” (Lucas 22:40 e 46). Neste sentido também Mateus 26 ensina que “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.”.
A carne deve sempre ser mantida em sujeição ao espírito, pois é através da nossa carne que somos tentados. “Sede sóbrios. Vigiai. O Vosso adversário o diabo, anda em derredor, rugindo como leão, buscando a quem possa tragar” (I Pedro).
c) Revestir-nos da armadura de Deus: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo”.
O nosso ponto fraco é por onde a nossa casa é penetrada pelas hostes malignas. Mas quando percebemos que estamos sendo tentados, temos que analisar o porquê desta tentação e ficar de prontidão, resistindo com a armadura de Deus para que Ele nos possa livrar da tentação.
d) Livrar-nos de iras e contendas: “Irais e não pequeis. Não se ponha o sol sobre a vossa ira, não deis lugar ao diabo” (Efésios 4:26-27)
c) “Naquilo que ele mesmo (Jesus) foi tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hebreus 2:28). Jesus sofreu a tentação e pode livrar aqueles que são seus, desde que estejamos sempre nos dispostos a sujeitarmos a Deus, não ao mundo ou a nós mesmos.
Entregue a Deus o seu desejo. Satanás não pode forçá-lo, e Deus não o fará. Sendo assim, a coisa normal e segura a fazer é desejar a vontade de Deus. Paulo enfatiza o fato de que não se pode ser santo e pecador, puro e ímpio, e ninguém pode servir a Deus e a Satanás, ou ser escravo do pecado e da justiça ao mesmo tempo (Mateus 6:24).
“Sujeita-vos, pois a Deus, Resisti ao diabo e ele fugirá de vós” (Thiago 4:7).
“Resisti-lhe, firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos estão se cumprindo entre os vossos irmãos no mundo” (I Pedro 5:9).
2.3. Em resumo: Satanás odeia quem serve a Deus por algumas sólidas razões:
(1) porque Deus o ama, e tudo o que Deus ama, o Diabo odeia (I João 4:10; Efésios 6:16);
(2) porque como filho de Deus, o crente procura se assemelhar ao Pai (I Pedro 1:16), o que significa que tudo o que recorda a Deus é objeto do ódio satânico;
(3) porque aquele que caminha para a salvação é um ex-escravo que escapou do seu domínio (Romanos 6.22; Gálatas 5.1), e essa afronta Satanás não perdoa;
(4) e também porque quando o crente ora, torna-se uma ameaça à estabilidade do reino do Maligno (Mateus 26.41; I Tessalonicenses 5.17). Satanás, porém, é atrevido, ousado, afoito, e tem coragem de se aproximar dos servos de Deus para tentá-los e fazê-los rebaixar os ideais. É aí que o honesto é levado a enganar o sócio, o fiel é levado a esconder um segredo, o de moral ilibada levado ao rebaixamento, e o sensato cede lugar à ira.
3) A terceira grande luta do cristão são as provações
Muitas vezes nossa dificuldade vem através das provas de nossa fé. Sofremos provações quando temos que nos abster de atos e ações que para o mundo comumente seria o normal. Isto acontece nas relações pessoais em nosso círculo de família, trabalho e amigos. Mas o que temos que ter cuidado é saber se estamos sendo provados, ou se estamos cometendo pecados que aparentam ser provas.
Todas as provas enviadas na Bíblia aos grandes homens tiveram como finalidade provar a fé. Lutamos contra as provações que muitas vezes são colocadas para que possamos melhorar como seres espirituais. As provas também são para o nosso processo de refinamento espiritual, aperfeiçoamento, pois somente aquele que for provado pelo fogo é que terá direito ao galardão. Deus corrige e prova aquele a quem Ele ama.
“Farei passar a terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata; e a provarei como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo, e ela dirá: O Senhor é meu Deus” (Zacarias 13:9).
“A obra de cada um se manifestará, porque o dia a demonstrará. Pelo fogo será revelada, e o povo provará a obra de cada um” (I Coríntios 3:13).
“Bem-aventurado o homem que suporta a provação, porque depois de ter passado na prova, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que amam” (Tiago: 1:12).
“Estas são as palavras daquele que é santo e verdadeiro, que tem a chave de Davi. O que ele abre ninguém pode fechar, e o que ele fecha ninguém pode abrir. Visto que você guardou a minha palavra de exortação à perseverança, eu também o guardarei da hora da provação que está para vir sobre todo o mundo, para pôr à prova os que habitam na terra” (Apocalipse 3:10).
CONCLUSÃO:
Todos nós temos conflitos espirituais de várias formas, que podem ser resumidas em tentações, atitudes que tomamos e provações.
Portanto, devemos ficar alerta para que os nossos conflitos não sejam consequências dos nossos pecados, das formas de vida que levamos.
Se você tem tido conflitos em função de suas atitudes do seu eu, há que repensar.
Se advém de tentação, há também que saber quais são as brechas da sua casa, para que possa fechá-las, e com isso Satanás não ter poder sobre a sua vida.
Se o seu conflito vem das provações, deve suportá-las com paciência, sabendo sempre que está sendo lapidado para que chegue mais rápido ao homem espiritual, pois é o ser espiritual renovado que terá direito à vida eterna. Suporte a sua provação, dê glória a Deus, pois tempos de refrigério chegarão.
Temos sempre escolhas em face de todas as situações ditas. A liberdade com anulação de si mesmo, a morte da vida (animal) para que nasça o homem espiritual, ou a prevalência do nosso eu; e/ou a guarda dos mandamentos caminhando com santidade, ou andarmos pelos caminhos traçados por este mundo.
O remédio para nossas atitudes erradas é a mudança radical.
Para as tentações, é jejum, oração e vigilância.
Para a provação, é paciência, ânimo e fé.
Enfim, a passagem do cristão por este mundo deve ser feita por uma renovação diária, nunca podemos ser amanha igual à hoje, mas sermos melhor do que hoje para enfim dizer como o apóstolo Paulo: “Combati o bom combate acabei a carreira guardei a fé, desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (II Timóteo 4:7-8).