Arrependimento e Perdão
Atos 3:19: “Arrependei-vos e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor”.
O que significa arrependimento? É o ato de afastar-se do pecado, da desobediência e da rebeldia, voltando-se para Deus. Arrependimento significa mudança de mentalidade ou um sentimento de remorso ou de pesar por um comportamento passado. O verdadeiro arrependimento envolve um sentimento profundo de remorso, de pesar, pelo pecado cometido, uma mudança de atitude, tomando uma direção totalmente oposta. Esse tipo de arrependimento leva a uma mudança fundamental do relacionamento de uma pessoa com Deus.
Quem concede o arrependimento?
(II Timóteo 2:25-26: “Corrija o pecador com brandura, na expectativa de que Deus lhes conceda o arrependimento, conduzindo-os ao pleno conhecimento da verdade, para que retornem ao bom senso e se livrem das armadilhas de Satanás que os mantém cativos”). (Romanos 2:4: “Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?”)
Temos a tendência de orgulhosamente acharmos que quando erramos é mérito nosso o arrependimento. Não é o que a Bíblia nos diz… A Palavra de Deus nos orienta que quem concede o arrependimento é Deus. Quem já sentiu uma quebra de comunhão e que algo está errado, mas nem sabe ao certo o que é? Tentou fazer oração, mas se sentiu vazio? As palavras parecem ter sumido? Isso é porque pecamos e algo afetou nossa comunhão com Deus. Quando nosso coração está endurecido frente a uma situação – pois nos julgamos certos e achamos que o outro em nosso trabalho, lar, família é quem tem que se curvar a nós -, precisamos refletir sobre nossa comunhão com Deus. Se o coração se endurecer e o remorso não vir, sua vida espiritual está com problema.
A quem é concedido o arrependimento?
Tg 2:13,14 – “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo. Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo?”
O arrependimento é uma misericórdia que Deus tem para conosco. Mas a quem Deus o concede? A quem também é misericordioso com o próximo. Qual a maior misericórdia que podemos conceder a nosso próximo? É pregar a Mensagem da salvação, é mostrar-lhe o caminho que conduz a vida.
Por que Cornélio recebeu misericórdia? Porque usava de misericórdia com o próximo. O mesmo aconteceu a Apolo, e então Deus pôs em seu caminho Priscila e Áquila que o ensinaram o caminho mais corretamente.
A falta de percepção da necessidade do arrependimento
Deveríamos pedir a Deus que nos mostrasse quem somos. Ficaríamos chocados! Às vezes pensamos que somos muito justos, muito bons, mas não conseguimos realmente ver quem somos.
É como uma pessoa que tem mau hálito: todos sabem, mas a pessoa não percebe. Ou a pessoa que tem cheiro nas axilas, todos sentem e sabem, mas a própria pessoa não percebe. Por que? Não percebe porque se acostuma ao cheiro.
Assim somos todos nós com as nossas próprias faltas, com os nossos defeitos, nossos desvios de caráter. Muitas vezes somos rápido em detectar a falta do outro, o que normalmente são falhas ou defeitos que nós mesmos possuímos.
As críticas
Quando recebemos uma crítica, mesmo que mal formulada ou de forma meio rude, ficamos raivosos, porque normalmente ela não vem com mansidão. Deveríamos refletir que as críticas têm o poder de nos melhorar. Com isso não estamos dizendo devemos criticar com indelicadeza. Alguns se autodenominam “sinceros”, mas sinceridade não é sinônimo de indelicadeza. Na verdade, temos que estar cientes de que elogios podem nos estragar.
A Bíblia diz que o coração do homem é provado pelos elogios que recebe. Na verdade, o coração de quem é muito elogiado começa a ficar vaidoso. Lembremo-nos do que aconteceu a Herodes!
Amar e perdoar é uma decisão consciente e não apenas um sentimento
O amor não é apenas um sentimento; o amor é uma decisão consciente que você toma no seu coração para sua vida. Um exemplo disso é que no passado, mesmo sob pressão e dificuldades, os casamentos se mantinham, porque havia o compromisso, a decisão de se manter aquela união. Os casamentos das gerações passadas passavam pelo inverno e depois voltavam para o verão.
Um filho, questionando um pai, disse: “Pai, estou muito triste, porque o senhor ficou casado 50 anos com minha mãe e eu não consegui ficar casado cinco!”. Respondeu o pai: “É que eu sou de um tempo em que quando as coisas se estragavam nos consertávamos, e você é de um tempo que quando se estragam vocês jogam fora e os substituem”.
O que os fazia ficarem juntos era o compromisso assumido no interior de cada um, não era um sentimento regido pela emoção. Muitos dizem hoje: “Ah! Eu ainda não senti de perdoar ou pedir perdão”. Porém o engano é que o PERDOAR E RELEVAR NÃO DEVE SE BASEAR EM SENTIMENTO, E SIM DEVE SER UMA DECISÃO RACIONAL, CONSCIENTE.
É tempo de arrependimento porque todos somos pecadores
Quando partimos do princípio que todos somos pecadores, que de uma forma ou de outra, cheiramos mal e paramos para pensar o quanto Deus nos tem perdoado, atenuamos nossos julgamentos e criticidade sobre o próximo.
Vamos lembrar de que a Bíblia diz que “com o critério com que julgardes, sereis julgados”. Quando julgamos, não temos tempo para amar. Vamos lembrar do profeta que se disfarçou e foi até Davi para que julgasse a questão apresentada por ele, referente ao próprio pecado de Davi, que cheio de ira e indignação, não sabendo tratar-se de seu próprio pecado, julgou impiedosamente. É fácil emitir juízo de valor do outro.
A bondade de Deus leva ao arrependimento
Ou será que você despreza as riquezas da sua bondade, tolerância e paciência, não reconhecendo que a bondade de Deus o leva ao arrependimento? (Romanos 2:4).
Em sua grande bondade, Deus retém o seu juízo, dando tempo às pessoas para que abandonem o pecado. É fácil abusarmos da paciência de Deus e buscarmos aprovação para os caminhos errados em que vivemos. A autocrítica é algo difícil; é ainda mais penoso apresentarmo-nos abertamente a Deus e permitir que Ele nos diga em que áreas de nossa vida precisamos mudar.
Porém, como cristãos, devemos pedir ao Senhor que nos mostre os nossos pecados, para que Ele nos possa perdoar e curar. Infelizmente, temos a tendência de admirar a paciência que o Senhor tem para com outras pessoas, outros pecadores, em vez de nos humilharmos e reconhecermos como Ele tem sido paciente conosco.
Jesus chama ao arrependimento
E Jesus, respondendo, disse-lhes: “Não necessitam de médico os que estão sãos, mas sim os que estão enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores, ao arrependimento”. (Lucas 5:31-32).
Os fariseus encobriam seus pecados com a respeitabilidade social. Passavam-se por bons praticando boas ações em público e apontado os pecados dos outros. Jesus dedicou seu tempo não a esses líderes religiosos orgulhosos e hipócritas, mas às pessoas que reconheciam seus pecados e sabiam que não eram suficientemente boas para Deus. Para irmos a Deus, devemos nos arrepender; mas para renunciarmos a nossos pecados, devemos primeiramente reconhecê-los.
Arrependimento e obras
São nossas obras que demonstram nosso arrependimento. Paulo dizia: “Mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento” (Atos 26:20).
Paulo não pregava como fazem alguns: “CRÊ NO SENHOR JESUS E SERÁS SALVO, TU E TUA CASA”. Os apóstolos declaram que ninguém será salvo em Cristo, a não ser que “se arrependam e se convertam a Deus, fazendo obras dignas de arrependimento”.
O verdadeiro arrependimento se caracteriza pelo completo “abandono” do pecado, associado às práticas de misericórdia e verdade.
O perdão
Yom Kipur é a oportunidade dada por Deus de virar a página de nossa vida e acreditar em nossa capacidade de melhorar.
Há um verso nos Salmos que, aparentemente, não faz sentido… Está escrito que “Deus nos perdoa para que possamos temê-Lo”. Á primeira vista, esse conceito parece ser ilógico: se alguém sabe que será perdoado, deveria ter menos medo de pecar.
O rabino Shneur Zalman, explica o significado desse verso com uma metáfora, ele diz: “Suponhamos que alguém tomou um grande empréstimo no banco para investir em um negócio. Infelizmente, não teve sucesso. Se o gerente do banco for exigir a devolução do empréstimo, além do pagamento de todos os juros, ele fará com que a dívida se torne impagável. Mesmo se o devedor quisesse pagar a dívida, não conseguiria. Então, ele NÃO fará qualquer tentativa para devolver o dinheiro que tomou emprestado. Contudo, se o gerente do banco estiver disposto a negociar – se oferecer um plano viável para o devedor pagar o que deve –, haverá mais chance do banco recuperar o empréstimo.”
Um fenômeno parecido ocorre no relacionamento entre Deus e o homem. Se Deus fosse excessivamente exigente – se cobrasse todo pecado cometido – romperíamos a relação com Ele: passaríamos a fugir Dele, ou a ignorá-Lo. O Eterno, então, propõe um acordo: Ele nos perdoa e facilita o pagamento de nossa dívida com Ele – para que seja possível manter o relacionamento.
Muitas pessoas acreditam que perdoar é um sinal de fraqueza. Na realidade, é exatamente o oposto. A falta de perdão é sinal de fraqueza e insegurança, enquanto perdoar é um ato de coragem e força. Perdoar não significa dar permissão para que a pessoa volte a cometer o mesmo erro. Significa ter fé que a pessoa que errou não voltará a errar no futuro. Perdoar alguém significa acreditar naquele ser. Deus nos perdoa porque Ele acredita em nós: Ele confia que nosso futuro será melhor que nosso passado.
Em muitos casos, não conseguimos compreender por que alguém deveria merecer ser perdoado: por que deveria ter uma segunda ou até uma terceira chance. Daí ocorre que Deus nos faz passar por algo parecido – nós, também, acabamos falhando – e clamamos por perdão – algo que não queríamos dar a outra pessoa. Muitas pessoas não querem perdoar os outros, mas a pergunta que se deve fazer a elas é: se fosse você que tivesse errado, você também gostaria de não ser perdoado?
Com a medida com que medirdes sereis medidos
Nossos Livros Sagrados nos ensinam que Deus se comporta conosco da forma como nos comportamos com as outras pessoas. Se formos tolerantes com outros, Ele será tolerante conosco. Por outro lado, se formos excessivamente rigorosos com as outras pessoas, Ele será excessivamente rigoroso conosco.
(Romanos 2:1-3: “Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?”)
Nossa sentença virá de nós mesmos
O Baal Shem Tov, fundador do Movimento Chassídico, ensinou que depois que a pessoa deixa este mundo, é ela própria que decreta seu próprio veredicto perante a Corte Celestial. Mostram a ela os atos de uma pessoa – sem revelar que se trata dela mesmo – e se lhe pergunta: “Qual deve ser o veredicto?”.
Após a pessoa julgar o caso, é revelado a ela que se trata dela própria. Isso significa que as pessoas que estão acostumadas a julgar os outros favoravelmente acabarão julgando-se favoravelmente perante a Corte Celestial. Por outro lado, aqueles que são demasiadamente rigorosos com os outros, arriscam-se a se autocondenar. Quando alguém é rigoroso demais, esse rigor acaba se voltando contra si próprio.