Gravidez na adolescência
SOBRE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA – PARTE I: “Namoro avançado” e Gravidez na adolescência.
I. Estatísticas:
Confira os dados sobre Namoro, Namorar ou ficar, precocidade das relações sexuais no arquivo para download.
Dados extraídos de: http://redacaonaca.blogspot.com/
II. Debate:
a) Consequências sociais que uma gravidez na adolescência pode trazer.
Dados levantados pelo IBGE revelam que um em cada cinco partos no Brasil é de mãe adolescente, o que representa 20,5% dos nascimentos em 2006.
O índice de partos em mães adolescentes no Brasil representou 20,5% do total de nascimentos no país em 2006. O número teve uma ligeira queda em relação ao ano anterior (20,7%). A realidade entre as regiões brasileiras é desigual, e o percentual de partos em mulheres com menos de 20 anos chega a quase dobrar entre as diferentes unidades federativas.
Enquanto no Maranhão o índice de partos em adolescentes foi de 27,6%, no Distrito Federal foi de 15,3%. Os dados fazem parte das Estatísticas do Registro Civil divulgadas nesta quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com informações levantadas nos cartórios do país em 2006.
Nos últimos dez anos, segundo o levantamento, o índice de partos em adolescentes caiu em três regiões, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, e aumentou em duas –Norte e Nordeste. No país, o número permanece praticamente estável desde 2002, quando o índice foi de 19,9%. Em 2006, os percentuais dos Estados do Sul e do Sudeste ficaram abaixo da média brasileira e dos demais, acima. No geral, a pesquisa mostra declínio de registros de nascimento. Em 2006, foram registrados 2.799.128 milhões de nascimentos em todo o país em 2006, cerca de 75 mil a menos do que no ano anterior (2.874.753 milhões), ou seja, uma queda de 2,6%.
Só na região Norte, houve aumento do número de registros (254,5 mil), 417 a mais do que em 2005 (254,1 mil), sendo que se concentraram no estados do Amapá (11,4%), Roraima (8,2%), Pará (1,4%) e Tocantins (0,3%).
Em termos absolutos, o ano com a maior quantidade de nascimentos registrados foi 1999, quando uma campanha nacional de registro civil foi o grande propulsor da elevação dos registros.
De acordo com o IBGE, quanto ao local de nascimento, 96,7% dos registros ocorreram em hospitais, à exceção do Acre, Amazonas, Pará e Maranhão, com percentuais de nascimentos em hospitais inferiores a 90%.
Em relação aos registros tardios, houve crescimento significativo dos nascimentos ocorridos em domicílios, passando de 1,7% nos ocorridos e registrados em 2006 para 20,0% entre os postergados.
No Acre, 42,1% dos registros tardios foram de nascimentos em domicílios, seguido do Amazonas (41,2%). Em relação aos ocorridos em local ignorado (não identificado), São Paulo se destacou dos demais, com 13,9%, entre os registros tardios.
b) Consequências de saúde:
“Adolescência é um período de mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais que separam a criança do adulto, prolongando-se dos 10 aos 20 anos incompletos, segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), ou dos 12 aos 18 anos de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente do Brasil.
As piores complicações do parto tendem a acometer meninas com menos de 15 anos e, serão piores ainda em menores de 13 anos. A mãe adolescente tem maior morbidade e mortalidade por complicações da gravidez, do parto e do puerpério. A taxa de mortalidade é 2 vezes maior que entre gestantes adultas.
A incidência de recém-nascidos de mães adolescentes com baixo peso é duas vezes maior que em recém nascidos de mães adultas, e a taxa de morte neonatal é 3 vezes maior. Entre adolescentes com 17 anos ou menos, 14% dos nascidos são prematuros, enquanto entre as mulheres de 25 a 29 anos é de 6%.A mãe adolescente também apresenta com maior freqüência sintomas depressivos no pós-parto.
Em 2000, segundo Raquel Foresti, foram realizados 689 mil partos de adolescentes no Brasil, o equivalente a 30% do total dos partos do país. Hoje são mais de 700 mil partos de adolescentes por ano. O número é um golpe contra as várias iniciativas voltadas para a prevenção da gravidez na adolescência.
O que tem preocupado obstetras, em geral, é a possibilidade da gravidez na adolescência ser considerada “de risco”, com consequentes complicações por ocasião do parto. Segundo Marco Aurélio Galletta e Marcelo Zugaib, a gravidez será considerada de risco quando a gestante ou o feto estão sujeitos a lesões ou mesmo morte, em decorrência da gravidez ou puerpério (após o parto).
Segundo esses autores, a mortalidade materna e perinatal é maior na gravidez na adolescência. No Brasil, grande parte das mortes na adolescência estão relacionadas a complicações da gravidez, parto e puerpério. As complicações mais freqüentes da gravidez e parto na adolescência são:
1. toxemia gravídica, que é uma doença hipertensiva da gravidez com fortes possibilidades de convulsões;
2. maior índice de cesarianas;
3. desproporção céfalo-pélvica, que é uma desproporção entre o tamanho da cabeça do feto e a pelve da mãe;
4. síndromes hemorrágicas, chamada de coagulação vascular disseminada;
5. lacerações perineais, envolvendo vagina e, às vezes, do ânus;
6. amniorrexe prematura, que é ruptura precoce da bolsa; e
7. prematuridade fetal.
Outros ainda adicionam: anemia materna, trabalho de parto prolongado, infecções urogenitais, abortamento, apresentações anômalas, baixo peso da criança ao nascer, malformações fetais, asfixia perinatal e icterícia neonatal.
Ballone GJ – Gravidez na Adolescência – in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://gballone.sites.uol.com.br/infantil/adolesc3b.html
c-) Aspectos psicossociais:
Inegavelmente, a gravidez precoce e/ou indesejada leva a algum prejuízo no projeto de vida e, por vezes, na própria vida. Há, concomitantemente, possíveis outros riscos relacionados ao aborto e às doenças sexualmente transmissíveis, entre as quais AIDS.
As taxas de gravidez e infecções sexualmente transmissíveis na adolescência são indicativos da freqüência com que a atividade sexual (desprotegida) ocorre nessa faixa etária.
Talvez possam ser considerados aspectos sociais (talvez, biopsicossociais) alguns fatores de risco para gravidez na adolescência:
• antecipação da menarca;
• educação sexual ausente ou inadequada;
• atividade sexual precoce;
• desejo de gravidez;
• dificuldade para práticas anticoncepcionais;
• problemas psicológicos e emocionais;
• mudanças dos valores sociais;
• migração mal sucedida;
• pobreza (?);
• baixa escolaridade; e
• ausência de projeto de vida
As complicações psicossociais relacionadas à gravidez na adolescência são, em geral, mais importantes que as complicações físicas. Fatos que devem ser levado em consideração, inclusive pela equipe que faz o pré-natal seriam, por exemplo, o abandono do lar dos pais, o abandono pelo pai da criança, a opressão e discriminação social, a interrupção dos estudos e suas conseqüências futuras, tais como os empregos menos remunerados, a dependência financeira dos pais por mais tempo.
Os casamentos ou coabitações precoces, motivados exclusivamente pela gravidez, tem levado a uma maior taxa de separações. Alguns autores afirmam que as uniões contraídas antes dos 20 anos terminam em separação 3 a 4 vezes mais que nas uniões contraídas após os 20 anos 2.
Os filhos de mães adolescentes, segundo Verena Castellani V. Santos, tendem a sofrer mais a negligência materna, têm maior risco de serem adotados, são internados em hospitais mais vezes, e sofrem mais acidentes que filhos de mães adultas. Revela ainda que eles têm um risco aumentado para ter atraso de desenvolvimento, dificuldades acadêmicas, desordens de comportamento, abuso de drogas, e se tornarem também pais adolescentes”
Ballone GJ – Gravidez na Adolescência – in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://gballone.sites.uol.com.br/infantil/adolesc3b.html
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