Rebeca, uma mulher de fé duvidosa
Rebeca, certamente, figura entre as jovens mais atraentes da Bíblia. É descrita como pura e bela (Gn 24.16), cortês e prestativa (v. 18), trabalhadora v s. i 9-201, hospitaleira (v. 25), bem como responsiva e confiável (v. 58). Foi escolhida como pretendente de Isaque.
Os laços familiares eram bem próximos, pois a primeira reação de Rebeca foi contar todas as mulheres em casa tudo o que havia acontecido em seu encontro no poço (v. 28). Ser escolhida como noiva para um parente rico era, sem dúvida, considerado uma bênção de Deus. Seu pai e irmão sabiam também que isso vinha de Deus (v. 50), mas era ela quem deveria resolver deixar a casa, refletindo a autonomia da qual as mulheres jovens desfrutavas na cultura de seus dias (vs. 57-58).
Rebeca ofereceu-se para fazer um serviço simples (v. 19), que lhe abriu as portas para um destino grandioso preparado por Deus para sua vida por meio de suas responsabilidades diárias. Sua coragem e fé a motivaram a aventurar-se, saindo de um ambiente familiar e de perto dos amigos para algo desconhecido (uma vida nova em terra estranha).
Deus recompensou a fidelidade de Rebeca com um casamento monogâmico, que começo com romantismo e afeição (v. 67; Gn 26.8). Em resposta à oração de Isaque pela fertilidade da esposa, Deus retirou sua esterilidade com o nascimento de gêmeos: Esaú e Jacó (Gn 25.21).
Anos depois, a fraqueza de Rebeca evidenciou-se particularmente em dois aspectos: na falta de reverência e de respeito por seu marido e por sua liderança e na demonstração de favoritismo com relação a seus filhos, o que trouxe rivalidade, engano e brigas para seu lar (Gn 25.28; veja Pv 28, Favoritismo).
A fé corajosa que Rebeca demonstrou quando jovem vacilou, e ela tomou em suas mãos o direcionamento do futuro de seus filhos. Talvez seu discernimento sobre seus filhos a fazia reconhecer Esaú como mundano e aventureiro (Gn 26.34-35) e Jacó como possuidor de maior potencial e sensibilidade espiritual (Gn 25.31) Talvez ainda, por sua própria afinidade com relação a um dos filhos (Gn 25.28) ou por uma forte fé no plano revelado de Deus (Gn 25.23), tenha sido motivada a enganar Isaque.
De qualquer forma, enganar seu marido não tinha desculpa, e o exemplo tão pobre que deu a seus filhos foi, de longe, uma tragédia (Gn 27.12-13). Mesmo que sua motivação tenha sido pura, suas ações foram erradas. Pagou um amargo preço vivendo seus últimos anos longe do filho, cuja presença desejava tanto, separada do filho, que para sempre iria lembrar da decepção que a mãe Ihe causara, e em um relacionamento quebrado com o marido, que a amara com devoção.
Extraído de:
A Bíblia da Mulher: Leitura, Devocional e Estudo, v. Almeida Revista e Atualizada. São Paulo: Ed. Mundo Cristão e Sociedade Bíblica do Brasil, p.41.