As filhas de Zelofeade
Deus, em seu treinamento de lei e ordem para com seu povo liberto da escravidão, cuidadosamente incluiu instruções quanto aos direitos de propriedade que passavam duma geração para outra. No sistema patriarcal israelita, a terra e responsabilidades correlatas foram distribuídas para todas as tribos descendentes dos filhos de Jacó. Mas o que acontecia com a herança quando não havia um filho homem?
Um dos bisnetos de José chamava-se Gileade e era filho de Manassés (veja Gn 48.14-20). Algumas gerações depois, um dos netos de Gileade teve cinco filhas, e a herança da terra já nao se encaixava mais no padrão legal normal. Mediante a liderança de Moisés, Deus revelou o cuidado e a preocupação que tem pela mulher.
Primeiramente, elas tiveram o direito de escolher seus próprios maridos. Mesmo que as famílias dessem (ou negassem) seu consentimento, a palavra final era da noiva. A escolha que tinham era a de permanecer ou não na tribo, o que faria com que pudessem manter sua herança dentro da família em sentido mais amplo. O registro bíblico mostra que as filhas de Zelofeade concordaram em casar se dentro da tribo. Todas as filhas foram citadas: Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza (veja Nm 26.33; 27.1; 36.11), enfatizando que Deus as via como individuos e que as manteve com as responsabilidades e privilégios de cooperar com a comunidade. Mais ainda, as mulheres deram início ao pedido de sua herança através dos meios carretas, com uma revisão de sua história familiar (Nm 27.1-8). Não estavam apenas pedindo a propriedade que já era de seu pai, mas reivindicando o que havia sido prometido. Assim, seu pedido era um aio de fé. Através de Moisés, seu líder divinamente escolhido, foram aprovadas (Nm 27.5-7) e elevadas ao mesmo nível de seus primos homens em termos de bens da família.
As instruções do Senhor com respeito à administrarão sempre se baseiam naquilo que soa mais justo. O espaço dedicado a essas herdeiras demonstra que Deus não coloca as mulheres em posição inferior, mas que também não as eleva acima dos homens. Seu equilíbrio entre forca e poder é perfeito, e suas expectativas têm propósito. As filhas deveriam casar e ter filhos; os proprietárias deveriam cuidar de sua posição como bons mordomos para que todos fossem beneficiados (veja Nm. 36.3-4,8). Em algo que parece ser um assunto legal trivial, o caso das filhas de Zelofeade demonstra as prioridades de Deus para o bem-estar da comunidade e para a segurança pessoal.
Extraído de:
A Bíblia da Mulher: Leitura, Devocional e Estudo, v. Almeida Revista e Atualizada. São Paulo: Ed. Mundo Cristão e Sociedade Bíblica do Brasil, p.221.