O Principio da hierarquia nas relações entre Deus e o homem
Ao longo da história bíblica, episódios são permeados e entranhados de acontecimentos fatídicos que, quando analisados à luz da Palavra, tinham sua causa no princípio da hierarquia.
A hierarquia foi instituída por Deus desde a criação, este é um princípio também existente no céu. Podemos, inclusive, com convicção, afirmar, que a ordem da criação estabelece e explicita a ordem de autoridade espiritual. Vejamos:
Deus criou a Cristo e este criou os anjos. Essa ordem da criação também é a mesma da autoridade espiritual e de sujeição existente entre eles: os anjos são sujeitos a Cristo e este ao Pai, que o criou.
Está bem claro nas Escrituras que a autoridade tem uma relação íntima com a fonte criadora.
No caso de Cristo, gerado por Deus (Salmos 2:7; Hebreus 1:5, 5:5), vemos que Ele se submeteu a Deus, estabelecendo assim, pela própria atitude, um padrão para os que seriam criados.
O homem, criado por Deus, através Cristo (Gênesis 1:26,27; Colossenses 1:14-16; Hebreus 1:3,10), tem como cabeça Cristo e a esse deve submissão.
No caso da mulher, formada do homem (Gênesis 2:18-23; I Coríntios 11:8,9; I Timóteo 2:13), tem o homem por cabeça, e a ele deve submissão.
Já os filhos, gerados dos pais (Gênesis 1:28; Efésios 6:1,2; Colossenses 3:20), devem obediência a quem os gerou.
Discorramos acerca dos três mais importantes tipos de sociedade que nos cerca: a familiar (aqueles que mantêm entre si laços consangüíneos), a civil (governantes e relações trabalhista), a eclesiástica (igreja) e suas respectivas hierarquias.
Antes de darmos seguimento a esta exposição, faz-se necessário explicitar melhor o conceito da palavra hierarquia.
1. O Conceito de Hierarquia:
Hierarquia é uma organização fundada sobre uma ordem de prioridades ou sobre relações de subordinação entre os membros de um grupo, organização social em que se estabelecem relações de subordinação e graus sucessivos de poderes, de situação e de responsabilidade.
É importante entendermos não apenas o conceito de hierarquia, mas também o porquê de sua existência. Ela foi estabelecida para o nosso bem, para que haja ordem e respeito nas relações interpessoais entre os participantes de uma organização ou sociedade.
Notemos: Satanás, ao apenas pensar em seu coração que subiria até as alturas e lá faria seu trono e seria semelhante ao Altíssimo, pecou. A Palavra não nos diz que ele pensou em ser maior, mas igual (Isaías 14:14). Sua pretensão era de ter um posto superior ao que lhe fôra confiado; entretanto, este não era o lugar que o Criador lhe designara. Foi privado do acesso a Deus e teve sua sentença de morte decretada para o `fim desse sistema de coisas`.
Assim, percebemos que todos aqueles que distorcem a harmonia do princípio de hierarquia são responsáveis por conturbações, motins, corrupções e conflitos na trajetória dos seus pares.
Isto se aplica a qualquer sociedade, seja ela familiar, civil, eclesiástica, ou mesmo nesse episódio celestial, pois Lúcifer, não satisfeito em trazer a condenação sobre si mesmo, ainda arrastou consigo um terço da corte celestial. Todo insubmisso é rebelde, cria conflitos em sua trajetória, conturba e corrompe. Insubmissão é `rebeldia`, que é como o pecado de FEITIÇARIA.
2. A hierarquia na sociedade familiar:
Deus criou, como vemos em Gênesis 1:20-24, os animais e os subjugou à autoridade do homem (Gênesis 1:27,28). O princípio da submissão não tem relação com força ou poder; caso contrário, o homem não dominaria um elefante ou um leão, como sabemos que acontece.
Deus criou o homem, a mulher e a eles deu como herança os filhos, repetindo: `o princípio da criação explicita o princípio da autoridade`. Portanto, teríamos: filhos sujeitos aos pais (Efésios 6:1-3; I Pedro 3:20; Colossenses 3:20 , I Timóteo 5:4), esposas sujeitas aos maridos (Gênesis 3:16; Colossensses 3:18; I Pedro 3:4-6; Efésios 5:22-24), e estes sujeitos a Cristo, que por sua vez, é sujeito àquele que o criou, Jeová.
A subversão do principio da hierarquia no lar conduz a conseqüências catastróficas. O adjetivo, bíblico, usado para aquela que é insubmissa é `tola`, responsável por destruir seu lar.
A primeira mulher insubmissa, Eva, acarretou a perdição de toda a humanidade. No entanto, não podemos desconsiderar o fato de que o próprio Deus oportunizou salvação à mulher desde que se submetesse à autoridade do homem, e fosse mãe (I Timóteo 2:15; Gênesis 3:16).
A sentença de Deus para o filho insubmisso é a morte; porém, os que se submetem às autoridades paternas e maternas têm sua vida abençoada e prolongada na terra (Êxodo 20:12).
A mesma ordem se aplica aos homens: se não estiverem submissos a Cristo, devem calar-se. Na igreja, só deve falar quem é autorizado pelo Espírito Santo, e só é autorizado por Ele quem anda em submissão àquele que, por Deus, foi constituído como sua autoridade (Mulher, homem, Cristo, Deus).
Deus, ao escolher o homem que seria patriarca dos israelitas, não escolheu um qualquer, mas um homem que sabia governar a sua casa (I Pedro 3:6).
3. A hierarquia na sociedade civil instituída por Deus:
De forma geral, a sociedade familiar faz parte de um contexto mais amplo; é como uma célula dentro de um organismo maior denominado sociedade civil.
A sociedade familiar fundada em Deus, ou seja, verdadeiramente alicerçada no principio da hierarquia, vive inserida num contexto social, denominado sociedade civil instituída por Deus. Não se trata de mero jogo de palavras, pois assim como a sociedade familiar, a civil, se constituída segundo a vontade e ordenança de Deus, é regida por princípios e hierarquias para sua boa ordem.
No âmbito dessa sociedade civil, Deus ordena que os membros da sociedade familiar se sujeitem às autoridades governamentais, uma vez que estas foram instituídas e estabelecidas por Ele, para exercerem justiça e juízo. Não haveria, portanto, nessa sociedade, autoridade que não tenha sido por Ele constituída (Romanos 13:1; 3:1; I Pedro 2:13,14,17). Na verdade, o Senhor vai mais além, instruindo-nos a orar por nossas dirigentes e a dar a cada um o que lhe é devido.
Dentro da sociedade civil instituída segundo o modelo de Jeová, é necessário que trabalhemos para sobreviver, que existam leis que protejam nossos direitos, e, ao mesmo tempo, juízes e autoridades que as façam executar.
Deus, então, nos instrui que há autoridades na sociedade secular, e que elas foram criadas para o seu bom andamento. Ele nos ensina o respeito àqueles que estão numa esfera mais elevada de poder, que são as autoridades governamentais (Romanos 13:2,4,6), e, nos ensina a submissão e o respeito em nossas relações trabalhistas (Tito 2:9,10, 3:1; I Timóteo 6:1,2; I Pedro 2:18,19; Efésios 6:5-8).
É importante entendermos que submissão não é sinônimo de inferioridade e sim, de proteção. Ao obedecermos àqueles que o Eterno constituiu sobre nós, quer na sociedade familiar ou civil, estamos não apenas obedecendo-O, como também sendo protegidos, e teremos, por certo, nossos direitos amparados pela soberania de Deus, que nos olha como filhos obedientes, fazendo com que os que estão sobre nós sejam iluminados para tomar decisões justas e conscientes, que nos tragam alegria, paz, prosperidade.
Em resumo, tudo isso em razão de nossa sujeição à ordem divina.
4. A hierarquia na sociedade eclesiástica:
Ao longo de toda trajetória bíblica, vemos histórias de pessoas amaldiçoadas, banidas, rejeitadas e mortas em razão da desobediência às autoridades constituídas por Deus.
Sal. 65:4 nos diz: `Bem-aventurado a quem tu escolhes`. E mais: em Romanos 8:28, a Palavra nos diz que `Deus tem escolhidos para seus propósitos`. Essas palavras são verdadeiras e fiéis, e seu poder se estende até os dias de hoje.
A pergunta que não quer calar é: Se Deus exige nossa submissão às autoridades terrenas da sociedade civil, homens ainda mais suscetíveis às falhas carnais, qual sua posição em relação aos que se voltam contra aqueles que foram constituídos como autoridades espirituais?
A resposta encontra-se escrita em linhas bastante claras na Palavra de Deus.
Deus sempre teve Seu escolhido para os Seus propósitos, ainda que estes se diferissem uns dos outros; fosse para o bem ou para mostrar através desses homens a Sua glória, Deus, de antemão, os escolhia.
Vejamos desde os primórdios:
A terra estava entregue à sua própria vontade, vivendo sem lei. Foi escolhido, então, um homem, Noé, que pregou a verdade por 120 anos (tempo de duração da construção da arca). Todavia, os homens de seu tempo não lhe deram ouvido, tendo-o por louco. Sabemos o trágico fim desse episódio histórico…
Após o dilúvio, os filhos de Noé, Sem, Cã e Jafé, multiplicaram-se e povoaram a terra. Esses homens tiveram seu destino traçado pela bênção advinda da boca de seu próprio pai, Noé, que: Amaldiçoou a Cã e fê-lo servo dos servos seus irmãos, sujeitou Jafé a Sem, e amou a este último, abençoando sua descendência e colocando-o por cabeça de seus irmãos (Gênesis 9:25-27).
Deus é o primeiro a respeitar o que Ele mesmo instituiu; prova disso é que Ele respeitou o princípio de autoridade de Noé sobre os filhos. Essa bênção, que obviamente era um desígnio de Deus, se cumpriu…
No desenrolar do tempo, Deus, novamente, levantou um homem, Abraão, descendente de Set, descendente de Sem (Gênesis 11:10-26), para dele se fazer uma grande nação. Contemporaneamente, vemos que, Deus também amava outros homens por serem retos e justos perante Sua face, como Ló, sobrinho de Abraão, Deus o amava, tanto que enviou anjos para salvá-lo da catástrofe que se abateu sobre Sodoma e Gomorra.
É preciso aclarar o seguinte ponto: Deus ama os homens, apesar de suas incorreções, mas, dentre os homens, há aqueles que lhe são justos e agradáveis. Em prol desses, encontramos na Palavra de Deus abundantes bênçãos, favores e livramentos, da mesma forma que lhes sobrevêem provações para o seu aperfeiçoamento espiritual. Em meio àqueles que são amados de Deus, há Homens Escolhidos para propósitos específicos, geralmente, grandes projetos preparados por Deus para provação e/ou favorecimento do seu Povo.
É o que percebemos em relação a Ló e Abraão. Ló era amado de Deus, conforme podemos observar em sua trajetória de vida, mas ele não era o Escolhido para dele se fazer um grande povo. Tal papel foi destinado a Abraão, dando-lhe a chance até mesmo, de intervir pela região de seu sobrinho Ló, em razão da decisão divina de destrui-la, caso lá houvesse 10 justos, o que não havia!
De igual forma, ao longo da história de seu povo, segundo a liberdade soberana do proceder divino, que vem de Sua livre escolha, e não do nosso querer, dentre os doze filhos de Jacó, apenas um foi o escolhido para salvá-los, José. Ele fora escolhido não apenas para salvar a vida de seus familiares, mas também a toda população do Egito e seu entorno, na época em que uma grande fome abateu-se sobre ela.
Desses mesmos filhos de Jacó, originou-se a nação Israelita, que se multiplicou no Egito, tornando-se uma grande multidão. Essa nação passou a ser escravizada pelos egípcios, vivendo em servidão por 430 anos, tempo previamente designado pelo Eterno.
Ao fim desse período, Ele, mais uma vez, escolheu um homem, Moisés, para libertá-los da escravidão, e o instituiu como Líder espiritual, único intermediário entre Ele e seu povo.
Neste ponto, é importante observarmos também que os israelitas, compostos por 12 tribos, descendentes dos filhos de Jacó, tiveram uma única tribo escolhida por Deus para servi-lo na tenda da congregação, e fazer a expiação dos pecados cometidos pelo povo e por si mesma. Desta tribo, a tribo de Levi (Números 1:47-53, 3:12,41), Deus escolheu um homem, Arão (Números 17, 18:1-3,7) e a seus descendentes do sexo masculino, como sacerdotes, para interceder junto a Deus pelos pecados do povo.
Na trajetória do povo de Israel, durante os quarenta anos em que viveram como nômades no deserto, vemos que Coré, Datã e Abirão, juntamente com mais 250 príncipes, homens de renome, questionaram essa escolha do Eterno (Números 16:1-5).
Os insurrectos, naquele momento, encontrando-se cheios de dificuldades, no meio do deserto, sob instáveis circunstâncias; calor, sede, frio, fome, sempre traziam à tona as lembranças das delícias culinárias deixadas para trás (Números 11:1-6)…, acharam-se, portanto, no pleno direito de questionar a autoridade de Moisés e puseram em xeque os motivos que o levaram a libertá-los do Egito. Provavelmente, não o fizeram conscientemente, mas como nos cita Ezequiel 33:13 (`Se o justo se desviar do bom caminho, fiado em sua própria justiça, ainda que eu tenha dito que ele viverá, ele morrerá!`). O desfecho de sua história foi trágico: TODOS FORAM MORTOS! (Números 16:1-32).
Desta forma, tais homens nos legaram, através do ocorrido, que é inadmissível na presença do Eterno, questionar a autoridade daqueles que foram por Ele constituídos. Murmurar e se opôr aos escolhidos de Deus é desrespeito para com Deus (Números 12:8, 16:30*-33; 12:1,2,6-9, Romanos 13:2,4,6, II Tim. 3:8,9*).
* versículos importantes.
Após tais fatos, outros eventos ocorreram evidenciando a triste verdade supracitada. Depois da era dos Juízes, Deus estabeleceu reis para conduzir Israel. No entanto, nunca deixou de escolher sacerdotes para guiar espiritualmente seu povo (II Crôn. 13:9). Por isso, mesmo sagrado como rei de Israel, Saul foi punido por ter pretendido exercer uma função que não era sua, mas do sacerdote Samuel (I Samuel 13:8-14; I Samuel 15:2, 3, 7-9; 14, 15, 18-19, 22-23). Foi rejeitado por Deus!
A história também nos fala dos irmãos Macabeus; a eles foi dado salvar Israel. Alguns, entretanto, cobiçosos de sua fama, quiseram se fazer célebres assim como os Macabeus… Morreram! (I Macabeus 5:55-62*).
Sacerdotes de Deus que quiseram mostrar sua valentia, também pereceram, essa não era a função que lhes fôra designada (I Macabeus 5:67).
Por fim, como maior e mais claro exemplo do que aqui queremos analisar, podemos ressaltar o que aconteceu a Satanás e aos anjos que não mantiveram o seu principado (Judas 1:6). Foram banidos e lançados sobre a terra!
De todo o exposto, observemos que Deus suscita homens para diferentes fins, e ninguém pode ir além do que lhe foi concedido, ou tentar exercer uma função que não lhe pertença.
Aquele que não é escolhido por Deus para determinado fim, mas embrenha-se por assim fazê-lo, tem sua queda como certa!
4.1. OS SUCESSORES NÃO ASSUMEM ANTES DA MORTE DO PREDECESSOR:
Demonstrada a aplicação do princípio da hierarquia em sede da sociedade eclesiástica, é mister demonstrar a dinâmica desse aspecto na condução dos trabalhos de Deus. Mais uma vez serviremo-nos dos exemplos bíblicos, mui ilustrativos a este respeito.
Após quase quarenta anos da libertação do povo do Egito, estando Moisés já no fim de seus dias, Deus fez a escolha de seu sucessor, Josué (Deuteronômio 31:7-8), mas notemos que este só assumiu o comando do povo após sua morte (Deuteronômio 31:14; Josué 1:1,2; Deuteronômio 34:9).
Mais tarde, estando os israelitas sofrendo, em razão de seus pecados, sob o jugo dos filisteus por 40 anos, Deus levantou um libertador, Sansão (Juízes 13:2-7,24).
Anos depois, sendo Eli o sacerdote em exercício, por não fazer uso de sua autoridade paterna na correção de seus filhos (I Samuel 2:12, 22-35), Deus escolheu um outro sacerdote em seu lugar, Samuel, mas notemos que este só assumiu após a morte do primeiro.
O povo pediu a Samuel por um rei, assim como todas as nações ao redor possuíam. Deus, atendendo sua solicitação, embora contrafeito (I Samuel 8:5-7), escolhe Saul (I Samuel 9:7), mais tarde, vemos que Deus se arrependeu de sua escolha (I Samuel 15:10)….
Por isso, Deus, em razão das desobediências de Saul, o rejeitou, e, estando ele ainda vivo, ordenou que Samuel ungisse um novo rei, Davi (I Samuel 16:1-12). Porém, notemos que, embora ungido e já ciente de que seria o sucessor de Saul, Davi jamais ousou difamá-lo, ou levantar sua mão contra o ungido do Senhor. O rei, por inveja, tentava matá-lo, mas nunca Davi ousou tocá-lo, embora sendo um grande guerreiro, por temor ao Eterno, mesmo tendo Este colocado-o em suas mãos a fim de prová-lo (I Samuel 24:6,7,11).
Davi, pois, deixou que Deus executasse o juízo, pois ele tinha a consciência de que se Deus constituíra Saul como rei e estava descontente com o seu proceder, Ele mesmo o haveria de tirar (I Samuel 24:13,14, 26:8-11).
Vemos também que quando Davi recebeu a notícia da morte de Saul, ele não apenas rasgou suas vestes e chorou, como também ordenou que fosse morto o mensageiro e praticante de tal ato, pela falta de temor que apresentara ao levantar a mão contra o ungido de Deus (II Samuel 1:11-16).
De todos os exemplos trazidos à baila, o que percebemos é que Deus é justo e reconhecedor do trabalho realizado pelo homem. Ele tem um modo todo especial de valorizar o ministério de seus Enviados, não os substituindo simplesmente ao minguarem suas forcas e os vigores da juventude; primeiro Ele os leva, e só então, seu sucessor assume seu posto.
É importante entendermos que um Enviado de Deus é um ungido do Senhor, e aprendermos pelas palavras de Davi que:`Ele é consagrado ao Senhor` (I Samuel 24:7).
5. Conclusão:
Parafraseando a mensagem dita por alguém certa feita, temos o seguinte: `Hoje, se tirássemos um Raio X das igrejas, o resultado seria: desrespeito às autoridades constituídas…`
Num determinado episódio, Paulo fôra esbofeteado por ordem do sacerdote e o chama de `hipócrita`, dizendo que este estava lá para julgá-lo segundo a lei, mas que contra a lei mandava que fosse ferido. Entretanto, no momento em que soube de que se tratava do sumo-sacerdote, embora certo, desculpou-se, pedindo perdão, citando Êxodo 22:28, onde ordena que não falemos mal do príncipe de nosso povo (Atos 23:5). Os sacerdotes são considerados `príncipes`!
Esse mesmo apóstolo, nos ensina, em I Tessalonicenses 5:11-12, que reconheçamos aqueles que arduamente trabalham por nós, e que tenhamos por eles singular amor. Em outra passagem, diz sermos devedores de nós mesmos àquele(s) que nos evangelizou (Filemôm 1:19).
Ora, os sacerdotes são mensageiros de Jeová; seus lábios guardam o conhecimento, e, de sua boca, o povo deve procurar a verdade (Malaquias 2:7; Deuteronômio 33:8,10).
Isto porque Deus revela a verdade a Cristo, que, através de seu Anjo, a revela ao seu Enviado. Basta observarmos como o Apocalipse foi revelado a João (Apocalipse 1:1,2*)!
O verdadeiro apóstolo e enviado tem sua graça reconhecida pelos demais enviados, já dantes por Deus escolhidos, e com eles tem comunhão (Gálatas 2:9). Veja que Paulo não se fez apóstolo por suas próprias mãos, mas foi um vaso escolhido pelo próprio Deus para levar o Evangelho (Atos 9:15, 13:2).
Em contraposição a essa postura, a Bíblia reprova a conduta daqueles que se recomendam a si mesmos, pois estes não são aprovados (II Coríntios 10:18). A Palavra os reputa como falsos apóstolos, operários enganosos, camuflados em apóstolos de Cristo (II Coríntios 11:12-15). Como irracionais, falam do que desconhecem e ferem com a língua os Enviados de Deus (Jeremias 18:18).
O verdadeiro discípulo de Cristo é humilde e jamais fala contra aquele(s) que Deus constituiu, pois reconhece que Deus tem o domínio no reino dos homens, e que é Ele quem estabelece a quem quer e que somente Ele tem autonomia para estabelecer e remover a quem Ele mesmo constituiu (Daniel 2:21; 4:17, 32,35; 5:2; Efésios 4:11).
Ora, a própria Palavra nos ordena que nos sujeitemos a toda instituição humana por causa do Senhor (I Pedro 2:13). Há hierarquia até mesmo entre os dons, quanto mais nas demais coisas (I Coríntios 12:28)!
Mas não apenas devemos nos acautelar desses `lobos devoradores`, em meio à comunidade, enviados com o intento de arrebatar almas inocentes (Atos 20:30; Romanos 16:17; II Pedro 2:1-3; II João 1:8-11). É preciso nos atentar para a classe de cristãos altamente influenciáveis que esquecendo-se dessa advertência e de que `um pouco de fermento leveda toda massa` (I Coríntios 5:6), ao invés de repreender os revoltosos (Gálatas 6:1; Mat. 18:15; I Timóteo 5:20; Judas 1:22,23), e de cooperarem para coibição de suas práticas e até eliminação do meio dos demais, nos casos extremos, (I Coríntios 5:12); aliam-se a eles, desprezando aqueles que foram por Deus constituídos, para seguir aos que se arvoram em mestres, cegados por seu próprio orgulho, cumprindo-se o que fôra predito, de que, no final, muitos dariam ouvidos a espíritos embusteiros e doutrinas diabólicas (Atos 4:1).
Sim, há orgulho nessa atitude!, pois, uma vez que deixam de dar ouvidos àquele(s) que Deus escolheu, estão, mesmo sem perceber, dizendo que são maiores que os ungidos de Deus, que sabem mais! Suas ações exteriorizam o que pensam, embora não se apercebam disso.
Há uma frase de Ralph Emerson muito interessante e apropriada a essa situação: `O que você é fala tão alto, que não posso ouvir o que está dizendo`; na verdade, seus sentidos os retêm na `vaidade`.
Em II Timóteo 4:34, o Apóstolo Paulo nos exorta de que haverá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação; levados pelas próprias paixões e, pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; se recusarão a dar ouvido à verdade, entregando-se às fábulas.
Assim, por todo o exposto, a única conclusão sensata que se pode extrair das Escrituras é de que nossa postura, frente aos que se consagram para o serviço dos santos, deve ser de sujeição (I Cor. 15,16), porque quem justifica o escolhido de Deus é o próprio Deus (Romanos 8:33; Jó 1:8).
Eles são considerados `santos` (Levítico 21:8) e, portanto, aqueles que desprezam e contendem com o sacerdote, certamente, de dia, tropeçarão (Oséias 4:4).
Em suma, devemos não apenas nos sujeitar às autoridades eclesiásticas, como também cooperar para que façam o seu trabalho com alegria e não com pesar, pois isso nos seria prejudicial.
O povo de Deus deve fazer parte de uma congregação para servir a Jesus, através do líder do rebanho (Hebreus 13:17).
“SER SERVO DE DEUS É SER SERVO DOS SERVOS DE DEUS”.