O Evangelho eterno e a apostasia nas fases da Igreja
A igreja é comparada à lua, e o sol com luz da Palavra de Deus que resplandece na Igreja; os membros são comparados à multidão das estrelas (Gênesis 15:5, 37:9-11; Cantares 6:10; I Coríntios 15:41-42).
Na primeira Aliança, o povo de Deus foi muitas vezes disperso e oprimido em razão de seus próprios pecados. Uma vez disperso, a palavra não era anunciada, com isso, voltava à idolatria (Deuteronômio 28:64-65) e não havia justo (Salmos 14:1-3, 74:4-23, 106:19-45; Isaías 26:16-18, 59:13-18). Na Nova Aliança, o Evangelho começou a ser pregado por João Batista em 27 d.C. (Marcos 1:1-6) E o povo que antes vivia em trevas viu raiar a luz de Cristo (Mateus 4:15-17; João 1:5-8).
As sete Igrejas da Ásia e os sete selos representam as sete fases da Igreja Apostólica (Apocalipse 2:1-9, 3:1-22, 6:1-17, 7:1-17).
A primeira fase da Igreja foi a Apostólica, Igreja edificada por Cristo. Nela há o ensino do Espírito Santo que guia o homem na verdade, e o liberta da mentira de Satanás (Mateus 16:17-20; Lucas 10:16; João 8:31-32, 16:12-13; Hebreus 12:21-22). Estava vestida do sol pela obediência à Lei de Deus (Salmos 119:105; Apocalipse 6:1-2, 12:1-2, 14:1-5,12).
Nesta primeira fase da Igreja, Cristo aparece em sua regência, representado pelo cavalo branco (Apocalipse 6:1-2), mostrando a justiça e a paz unindo a Igreja no Reino de Deus. Já nesta fase, a apostasia começou a entrar na igreja (Mateus 7:15-20; Atos 20:23-32; II Pedro 2:1-3). Temos a exortação de Cristo para que ela volte ao seu primeiro amor (comunidade apostólica), ensinado por Ele (Atos 2:42-46; Apocalipse 2:1-7, 6:1-2, 19:11).
A apostasia inserida na Igreja do primeiro selo foi a seita dos nicolaítas (*), homens que se diziam apóstolos, mas que foram julgados mentirosos por negar a salvação nas duas pessoas da divindade ensinada por Cristo (João 17:2-3,21, 16:28; I João 2:18-26). Os nicolaítas disseminaram a doutrina de que Cristo e o Pai são a mesma pessoa. João disse que os salvos têm escrito em suas testas o nome do Pai e do Filho. Os apóstolos, em suas Epístolas, já alertavam para os falsos profetas da época e para os que haveriam de vir (Atos 20:29-30; II Pedro 2:1-22; Judas 1:3-13,16-19.)
Na segunda fase, a Igreja sofreu tribulação e morte, representada agora pelo cavalo vermelho, simbolizando a guerra aberta contra a igreja. Cristo a exorta a ser fiel para receber a coroa da vida, e não sofrer o dano da segunda morte (Apocalipse 2:8-11, 6:3-4) no lago de fogo (Mateus 24:50-51, Lucas 13:25-30).
No terceiro selo, terceira fase da Igreja, aparece uma espada afiada de dois gumes, que é a Palavra de Deus (Efésios 6:17). Aquele que a segura diz saber onde ela habita, onde está o trono de Satanás, contudo, afirma que ela persiste em se apegar ao seu nome e não negou sua fé. Mas, adverte ter algumas coisas contra ela, pois, em seu meio, há alguns que seguem a doutrina de Balaão, que ensinava Balaque a colocar tropeços diante de Israel, para que comessem das coisas sacrificadas a ídolos. Diz ainda haver nela também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, inserida no primeiro selo (Apocalipse 2:12-15).
Nesta fase, sob a regência do cavalo preto, que indicava as trevas e o pecado que invadia a Igreja, diz-se que quando passada na balança, só havia uma medida de trigo no celeiro de Cristo (cristãos fiéis) que restaram na época (Mateus 3:12; Apocalipse 6:5-6), para três partes de cevada, cristãos infiéis, seguidores da doutrina de Balaão, Jesabel e dos nicolaítas (Igreja da Apostasia). Esta doutrina é o joio que sufoca o trigo e que existirá até o dia do juízo (Mateus 13:24-30; Apocalipse 2:12-20, 6:5).
Ainda no terceiro selo, Satanás levou seu trono a Roma, e, no ano 325, estabeleceu oficialmente a doutrina da trindade de Tertuliano, no Concílio de Niceia, negando a salvação pela fé nas duas pessoas da divindade. Esta doutrina é do Anticristo, que se sentou no trono da primeira besta em Roma, e negou a primazia do nome de Jesus, dado por Deus sobre todas as coisas, como sinal dos salvos (João 2:18-25, 14:1-6,28, 17:1-3, 20:17; Atos 4:11-12; Colossenses 1:15-19, 3:16-17; II Tessalonicenses 2:1-12; I João 1:3-4, 2:23-24; Apocalipse 14:1-5).
Da terceira à quinta fase da Igreja, muitos tinham aparência que viviam, mas estavam mortos diante de Deus, pois suas obras não foram achadas (Apocalipse 3:1-3). Poucos, naquele tempo, seguiam a verdade para continuarem brancos. Passada na balança, sob a regência do cavalo preto e amarelo, a Igreja estava em trevas e no pecado que a invadia (Apocalipse 2:12-29, 3:1-6, 6:5-8). Sua obra não foi completa diante de Deus porque seguia o erro.
Na quarta fase, a Igreja entra em decadência por tolerar Jesabel (Igreja Prostituta), que se dizia profetiza, mas, com os seus ensinamentos enganava o povo de Deus, levando-os a comer das coisas sacrificadas a ídolos. Deus lhes deu um tempo para se arrependerem, mas não estavam dispostos. Os que ficaram na obediência serão salvos (Apocalipse 2:18-29).
Na fase de Tiatira, quarto selo, surgiu o cavalo amarelo, como já dito, indicando a decadência da Igreja pela morte que viria sobre a terra, causada pela espada, fome e feras da terra (Apocalipse 6:7-8).
Na quinta fase da Igreja, tinham nome de que estavam vivos, mas estavam mortos. Cristo confirma o que está prestes a morrer: “a tua obediência não está completa diante do meu Deus, lembra como recebeste e como ouviste, guarda e arrepende-te; em Sardes tem alguns que não contaminaram suas vestes, estes andarão comigo de vestes brancas e não apagarei o seu nome do livro da vida, e confessarei seu nome diante de meu pai e diante de seus anjos” (Apocalipse 3:1-6).
No quinto selo, milhares de cristãos foram mortos por não aceitar a apostasia do Anticristo que invadiu a Igreja, que se opunha às duas pessoas da divindade ensinadas por Cristo (João 14:1-2, 16:3, 17:3-6; I Coríntios 8:6; Apocalipse 6:9-11, 14:1-2). Cristo exaltará o que vencer, seu nome não será apagado do livro da vida, e confessará o seu nome diante de seu pai e de seus anjos.
A sexta fase da Igreja é a de Filadélfia. A Igreja tinha pouca força, mas era a porta aberta que permanecia na verdade, e encerrava o ministério do reino de Deus às nações, mostrando a verdade de Cristo (Mateus 13:11; Colossenses 1:5-6; Apocalipse 3:7-13, 10:4-7).
No abrir do sexto selo, houve um grande terremoto na Igreja. o sol se escureceu (a palavra de Deus), a lua se tornou em sangue (Igreja), e as estrelas (membros) caíram de sua realeza (Apocalipse 6:12-14), agitadas por um forte vento, deixando cair seus figos verdes.
A Igreja, do sexto selo, tem o testemunho dado por Cristo que guardou a palavra de Deus (Apocalipse 3:8-12, 12:17-18). Do primeiro ao sexto selo, milhares de cristãos morreram pela guerra do Império Romano, mas o maior derramamento de sangue se deu durante o império papal, com o estabelecimento do domínio temporal dos papas.
Neste período, foi-lhes arrogado o poder de vigário de Cristo, de Deus e soberano do mundo, foi proibida a leitura da Bíblia e os considerados hereges foram mortos pelo fogo (queimados em fogueiras) e de fome, por não poderem comprar ou vender, sob a condição de aceitarem o sinal da cruz na mão direita e na testa, indicando a Trindade (Apocalipse 13:11-18).
No abrir do sexto selo, temos uma previsão dos acontecimentos que teriam início nessa fase, e se estenderiam, encontrando força e estabelecimento efetivo na sétima e última fase da Igreja (Apocalipse 6:12-17), através do grande terremoto sobre a luz da palavra de Deus, do escurecimento do sol, a lua como sangue e a queda das estrelas agitadas pelo vento forte. Esta profecia, que começou no sexto selo, tem não apenas continuidade, como também se agrava no sétimo selo, sétima fase da igreja, fase de Laodicéia (Apocalipse 3:14-21).
Na fase de Laodiceia, que durará 1260 dias de anos, foi o início do silêncio da meia hora (Ezequiel 4:5-6; Apocalipse 8:1-2, 11:2-12, 12:6,14), pois não tem o Evangelho eterno pregado pelos apóstolos. A Igreja diz que tem tudo, mas Cristo lhe diz: “não sabes que és miserável, desgraçada, pobre, cega, nua e sem fé” (Lucas 18:8; Apocalipse 3:14-18).
Cristo aconselha ainda que compre ouro refinado no fogo, que é a sabedoria, o temor de Deus, a palavra sem acréscimo que Laodiceia não tem (Deuteronômio 4:1-2; Salmos 19:9,10; Provérbios 30:8-6; Isaías 13:12; I Pedro 4:7). A sabedoria é o temor de Deus, guardar seus mandamentos pela fé em Jesus é vida e paz (Salmos 111:10, 119:165-166; Provérbios 1:2-10, 4:5-8, 7:1-3; Eclesiástico 1:16,20-21,25,26; João 12:49-50).
Durante esta fase, a Palavra de Deus, comparada às duas testemunhas (velho e novo testamento), foi coberta de saco de silício e escondida, profetizando no deserto por 1260 (mil, duzentos e sessenta dias) dias proféticos, enquanto o anticristo reina. Por isso é que suas obras não aparecem. Aqui começou o silêncio no céu de meia hora (Apocalipse 3:14-22, 8:1-5, 11:1-14, 12:6-14).
A igreja se torna como a lua na minguante, desaparece no horizonte o seu talento; seu estado é lastimável diante de Deus, porque ficou também sem a verdade pura (Daniel 7:25; Mateus 25:1-3,24-30; Apocalipse 3:15-22).
Notas explicativas:
(*) Os nicolaítas* surgiram nos anos 40 à 60 d.C, eram discípulos de Nicolau, um dos sete diáconos da Igreja Apostólica (Atos 6:5), que começou a disseminar a doutrina nicolaíta na Igreja Primitiva. Em sua doutrina, a qual foi fundada baseada no dualismo grego, ele e seus seguidores declararam que eram pecadores salvos pela graça, significando que eles podiam se parecer com o mundo, e viver como o mundo em todos os tipos de pecados e continuarem salvos. Seu ensinamento formou a base para o desenvolvimento da doutrina da segurança eterna a qual acreditava que uma vez salvo, para sempre salvo, enquanto a pessoa permanecia no pecado, já que seu ensinamento não exigia mudanças internas ou externas para ser salvo e que não era necessário o arrependimento.
A sua mensagem para a Igreja Apostólica era: porque viver no legalismo e nos ensinamentos de santidade e santificação dos apóstolos se podemos ser livres em Jesus Cristo e seus ensinamentos?
Nota Especial: A grande queda iniciou-se com a mudança nos ensinos apostólicos sobre arrependimento, santidade e pecado, depois batismo com água, batismo com o Espírito Santo, a aplicação do sangue e então a divindade. Todo Evangelho sobre a doutrina da salvação foi alterado entre 50 e 325 d.C., pelos nicolaítas e os pais da Igreja.
Mais tarde, quando os reformadores entraram na história da igreja eles simplesmente acrescentaram mais mentiras (O batismo em nome da trindade foi sacramentado pela Igreja Romana no Concílio de Niceia, bem como outros dogmas) e afastaram-se mais dos ensinos apostólicos (A Escritura Sagrada foi adulterada com acréscimo inclusive de Mateus 28:19, entre outras alterações).
Neste sistema que resultou na criação do mundo trinitário cristão, com uma completa distorção do evangelho dos Apóstolos, e o plano de salvação dado a eles pelo Senhor Jesus Cristo. Com o desenvolvimento deste ensinamento, o Evangelho dos Apóstolos foi taxado de heresia.
Nas Escrituras, Pedro, Paulo e Judas alertam sobre os nicolaítas, pais da Igreja**, reformadores e outros grupos não apostólicos e suas falsas doutrinas.
Fontes:
O Período de 50 anos d.C. até o presente. As tradições dos pais da Igreja primitiva e suas modificações. Capturado em: 06/07/2007 em: http://br.geocities.com/unicidadedivina/tradições.html.
Novo Testamento Interpretado. Champlin Norman Russel. Sociedade Religiosa Voz Bíblica Brasileira, São Paulo, s/ano, pg. 391-392
(*) Aparentemente essa doutrina eleva Jesus, mas trata-se de uma armadilha satânica, pois deturpa a palavra de Deus, eliminado a Lei pela qual seremos julgados no juízo. Basta fazermos a seguinte pergunta: O que é o pecado? É a transgressão da Lei Espiritual (Romanos 3:30-31, 6:1-2; I João 3:4).
A salvação é composta de dois pilares: “fé associada a obras”,ou seja, a guarda da Lei de Deus pela fé em Jesus Cristo. A luta de Satanás é para eliminar um desses pilares, uma vez conseguido, ele invalida a ambos, pois a fé sem a obra é morta, e a obra sem a fé é morta.
(**) Pais da Igreja herege que mudaram o batismo em nome de Jesus Cristo para o batismo trinitário.